A Kawasaki apresentou, durante o Festival Interlagos - Motos, duas novidades muito interessantes: a esportiva-turismo Versys 1100 e uma nova versão da Ninja ZX-4R, agora com mais um "R" (ZX-4RR).
Aproveitamos o evento para rodar com as duas na pista e contar como foi a experiência. Mas, aqui, vamos falar apenas da Versys 1100. O ride com a Ninja ZX-4 RR o caro leitor pode conferir aqui.
A maior das Versys é velha conhecida do mercado brasileiro. Chegou aqui em 2012, duas gerações atrás, e ao longo do tempo mudou um bocado - de "quase big trail" virou uma legítima esportiva-turismo.
Mas duas características sempre continuaram lá: muito conforto e desempenho forte, por usar o mesmo motor de modelos naked e esportivos da marca. Agora, a moto cresceu e, de Versys 1000, virou Versys 1100. A mudança acompanhou o que já havia acontecido lá fora.
Assim como a Versys 1000, a Versys 1100 chega em duas versões, a standard e a SE Grand Tourer - esta, com mais recursos e equipamentos. E, naturalmente, mais cara: R$ 78.890 e R$ 100.990, respectivamente. Sim, são motos para o "andar de cima". Sorte deles.
A principal novidade é mesmo o motor crescido. Antes com 1.043 cm³, agora tem 1.099 cm³. Com isso, a potência passou de 120 cv para 135 cv a 9.000 rpm e o torque foi de 10,4 kgfm para 11,2 kgfm a 7.600 rpm. Ou seja, 14% a mais de potência e 11,4% a mais de torque.
Mas não ficou por aí. O motor também recebeu melhorias no cabeçote, no corpo de borboleta, na injeção e no arrefecimento. Segundo a Kawasaki, com ECU atualizada e novos perfis de comando, as respostas ao acelerador estão mais imediatas e fortes - sobretudo nas medias rotações, que são as mais usadas. O câmbio tem seis marchas e a secundária é por corrente.
A parte eletrônica continua completíssima e inclui controle de tração, gerenciamento em curvas, ABS inteligente, modos de potência, quickshifter bidirecional, modos de pilotagem integrados e controle de cruzeiro eletrônico. Alguns destes itens estão apenas na versão mais completa.
Só faltou, mesmo, atualizar painel de instrumentos. Na versão standard, continua o defasado conjunto com conta-giros analógico e telinha de LCD azul. Na Grand Tourer, a tela de LCD é substituída por outra, de TFT com conexão Bluetooth e conectividade.
Mas mesmo essa tela de TFT não impressiona. Tem tamanho enxuto (4 polegadas) e o conta-giros analógico continua lá. Uma moto como essa deveria ter, nas duas versões, o painelzão de TFT que já vemos em várias outras motos da Kawasaki.
De resto, é a Versys que conhecemos. A suspensão dianteira tem tubos invertidos de 43 mm de diâmetro, e a traseira é horizontal back-link com curso de 15 cm. O tanque para 21 litros de combustível promete boa autonomia.
Na Grand Tourer, a suspensão é eletrônica KECS com tecnologia Skyhook da Showa, que ajusta o amortecimento em tempo real com base em sensores de curso, nas informações fornecidas pela Unidade de Medição Inercial (IMU) e na velocidade.
As duas rodas são de liga leve e têm aros de 17 polegadas. Calçam pneus 120/70 R17 na frente e 180/60 R17 atrás. Os freios são a disco duplo na frente, com pinças radiais, e a disco simples atrás, com pinça fixa.
A iluminação é full-LED, com faróis duplos e lanterna em "H", e a versão Grand Tourer tem luzes de curva com acionamento por ângulo de inclinação. Vão instaladas nas carenagens frontais, perto dos amortecedores.
A Grand Tourer também vem de fábrica com sistema de malas laterais Clean-Mount, que levam 28 litros cada, e top case traseiro, que tem capacidade para 47 litros. E, ainda, cavalete central, tomada USB-C, pintura de alta durabilidade com tecnologia de autorreparo e protetores para as mãos.
Dei três voltas no Autódromo de Interlagos com a Versys 1100 standard. Ou seja, nada de malas laterais ou top case. É a Versys 1100 em estado puro, sem acessórios. E a moto, que já era um canhão, agora é um canhão e meio.
A maior de todas as Versys (lembre-se que existem a Versys 300-X e a Versys 650) sempre teve dois atributos principais: o conforto e o desempenho. Aqui não é diferente. A posição de pilotagem continua perfeita, com guidão em boa altura e ótimas pedaleiras - que deixam as pernas naturalmente dobradas e bem encaixadas no tanque.
O banco infelizmente não é mais tão macio quanto o da primeira geração, mas ainda assim é muito acima da média tanto em anatomia quanto em maciez. Os comandos nos punhos são bem acessíveis e os espelhos têm hastes de tamanho adequado, e por isso permitem ver mais que os próprios cotovelos. O ponto negativo é o painel desta versão standard, com conta-giros analógico e telinha de LCD: pra lá de defasado.
E o desempenho da moto continua excepcional. O motorzão de quatro cilindros em linha trabalha forte e cheio de vontade, porém "liso" e com baixíssimos níveis de vibração e de ruídos. As respostas são vigorosas em quaisquer faixas de giros, mas de fato senti mais disposição nas médias rotações.
O ganho de velocidade aqui é rápido. E a moto, apesar de grande e pesada, é muito maneável. Como é alta, nas curvas parece um veleiro adernando - e é preciso de acostumar a isso. Mas pode deitar que ela segura a onda e transmite muita confiança. As frenagens, por sua vez, são fortes e convincentes, e as trocas das marchas não exigem qualquer esforço do piloto.
Em resumo: a Versys "grandona" continua sendo uma excelente opção de esportiva-turismo. Coerente com sua proposta, oferece o conforto necessário para quem quer pegar a estrada por horas, mas com a pitada adequada de esportividade para quem também quer, ao mesmo tempo, uma boa dose de adrenalina.



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