A Kawasaki apresentou, durante o Festival Interlagos - Motos, duas novidades muito interessantes: a esportiva-turismo Versys 1.100 e uma nova versão da Ninja ZX-4R, agora com mais um "R" (é ZX-4RR).
Aproveitamos o evento para rodar com as duas na pista e contar como foi a experiência. Mas, aqui, vamos falar apenas da Ninja ZX-4 RR. O ride com a Versys 1.100 o caro leitor pode conferir aqui.
A RR é a versão mais sofisticada e equipada da já bem-fornida ZX-4R. Em relação ao modelo que já vem sendo vendido no Brasil - e que não sairá de linha -, tem a mais a embreagem assistida e deslizante, o quickshifter bidirecional e a suspensão traseira Showa BFRC lite com ajustes de pré-carga da mola, compressão e retorno - o mesmo conjunto usado na superbike Ninja ZX-10R.
A suspensão dianteira também é "premium", com garfo invertido SFF-BP (mola de um lado, óleo do outro) de 37 mm de diâmetro e ajuste de pré-carga da mola
O motor tem capacidade cúbica média, mas entrega performance de gente grande. Com seus quatro cilindros em linha, 399 cm³, 16 válvulas e duplo comando, rende 77 cv de potência a 14.500 rpm e pode chegar a 80 cv com o ram air - sistema que pressuriza mais ar à mistura quando a moto está em alta velocidade. Aí chega a girar em rotações acima das 15.000 rpm. O torque é de 4 kgfm a 13.000 rpm.
Outras especificações importantes da moto são a iluminação full-LED, os freios com dois discos dianteiros e um traseiro - claro que com ABS -, as rodas de liga leve de cinco raios e o câmbio de seis marchas.
O pacote eletrônico inclui controle de tração com três níveis de intervenção, quatro modos de pilotagem integrados (Sport, Road, Rain e Rider manual), dois modos de potência (Full e Low) e painel de TFT com 4,3 polegadas e conectividade via Bluetooth com o aplicativo Rideology da Kawasaki. Com tudo isso, a Ninja ZX-4RR não poderia ser uma moto barata: custa R$ 60.390, já com frete. Vale a pena? Descubra aí em baixo...
Eu já tinha experimentado a Ninja ZX-4R. Foi justamente no Festival Interlagos - Motos do ano passado. E lembro bem que a moto me impressionou muito com o desempenho proporcionado pelo motor quatro-em-linha de módicos 399 cm³.
Agora a experiência foi com uma outra versão desta mesma moto. Os principais upgrades são a embreagem mais leve (assistida e deslizante), o quickshifter bidirecional e as suspensões mais refinadas.
Quem comprar essa moto para usar nas ruas, ou mesmo em rolés de final de semana, já notará alguma diferença. Os esforços físicos na condução são naturalmente menores, e trocar as marchas sem precisar acionar a embreagem é sempre prático e divertido.
Mas legal, mesmo, é sentir esses aprimoramentos em uma pista, ou pelo menos em uma boa estrada. Isso porque ampliam a já ótima experiência de pilotar o modelo.
A posição de pilotagem na ZX-4RR é coerente com a proposta esportiva da moto: o piloto vai bem inclinado à frente, debruçado sobre o tanque e abrigado pela bolha dianteira. No entanto, não é tão desconfortável quanto algumas superbikes maiores.
As respostas do motor são muito vigorosas, mas só começam a aparecer nas médias rotações. Nas baixas, essa Kawasaki é bem comedida. Mas, de repente, já na segunda marcha, o motor "enche" e a Ninjinha sai em disparada.
Daí para a frente é manter a aceleração aberta para ter uma condução absolutamente divertida. Perdeu velocidade? Desça uma marcha, "encha" o motor e acelere. Nas curvas, a ZX-4RR permite inclinações fortes sem qualquer perda de aderência.
As suspensões "especiais" realmente proporcionam uma estabilidade excepcional, tanto nas retas quanto nas curvas. A motk parece estar sempre rodando sobre trilhos. E as frenagens foram bastante seguras - embora não tenham me impressionado. Em resumo: diversão garantida.
O caro leitor pode perguntar se vale a pena pagar R$ 60 mil em uma Ninjinha de 400 cm³. Pois bem, depende. O preço é alto, sim, mas em boa parte justificado pelas tecnologias embarcadas e pelo desempenho proporcionado pelo motorzinho de cilindrada média, mas que gira alto e tem quatro cilindros.
A construção de um motor assim é mais complexa, cara e refinada que a de um com dois cilindros, por exemplo. Ainda mais por ser um "quatro-em-linha" de alta performance, porém extremamente compacto, com peças pequenas, mas que deve ser muito resistente. A isso chamamos de tecnologia.
Além disso, temos aqui uma outra questão importante: nesta Ninja ZX-4RR você vivencia uma condução esportiva forte e segura, mas sem o nível extremo de riscos inerente às superesportivas de maior cilindrada. Aqui você não chegará a 250 km/h, mas sentirá adrenalina e emoção - sempre dentro de uma dimensão administrável.
Para quem não pretende ser um novo Valentino Rossi ou Marc Marquez, é uma ótima opção. A outra alternativa é gastar o mesmo valor em uma esportiva maior, usada, e correr riscos desnecessários.



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