O caro leitor viu aqui, há cerca de uma semana, todos os detalhes sobre os dois novos lançamentos da Kawasaki - as naked Z900 e Z H2. Não viu? Então confira aqui! Agora é hora de contarmos como é acelerar essas duas super máquinas. Vamos começar pela Z900.
A moto impressiona já à primeira vista. O novo design deu um aspecto mais moderno e quase futurista à moto: continuam lá os dois faróis dianteiros, porém agora menores e coadjuvados por um projetor na parte inferior. O conjunto é abraçado por uma moldura menor que a da versão anterior e confere à moto uma cara de robô pouco amistoso.
Logo acima, um pequeno para-brisa protege o painel de instrumentos. E, nas laterais, há novas abas com desenho bem arredondado e bastante diferente das linhas angulosas de antes.
O painel de instrumentos, aliás, também é novo: agora tem tela de TFT de cinco polegadas e dois modos de exibição - um deles inspirado na aviação, que exibe o nível de inclinação da moto em tempo real.
Os botões para selecionar as funções do painel continuam no punho esquerdo, mas agora com novo layout. A moto tem quatro modos de pilotagem e controle de velocidade de cruzeiro (piloto automático). Mas selecionar as funções e ajustá-las não é muito simples: o piloto precisa se habituar à ordem dos comandos. Depois de um tempo, isso se torna intuitivo.
Ainda na parte de eletrônica, a Z900 passou a ter unidade de medição inercial (IMU) de seis eixos, que lê até a torção do chassi e fornece parâmetros para os freios ABS com atuação em curvas, para o controle de tração e para o controle anti-empinamento.
Lá atrás a rabeta também mudou um pouco. Principalmente a lanterna, que agora se "espalha" pela parte traseira e não exibe mais o layout em forma de "Z" iluminado. A iluminação é full-LED.
O banco em dois níveis também é novo, mas o nível de conforto - razoável para o piloto e sofrível para o garupa - não mudou.
Ao contrário da irmã maior ZH2, a Z900 não chega a dar medo. O motor é o mesmo de antes: o quatro cilindros em linha de 948 cm³, com refrigeração líquida. Entrega 124 cv de potência a 9.500 rpm e 9,9 kgf.m de torque a 7.700 rpm - pouca coisa a menos que os 125 cv e os 10,1 kgfm de antes, nas mesmas rotações. Resultado das limitações impostas pela nova fase do Promot: a nova Z900 emite 11,3% menos CO2.
Acelerei a Z900 no autódromo Raceville, em Brotas, no interior de São Paulo. É uma ótima pista, com retas razoáveis e muitas curvas - todas bem planejadas. E descobri uma moto nervosa, porém até dócil e fácil de pilotar. Optei pelo modo de condução "Road", que fornece respostas de maneira um pouco mais suave que o modo "Sport".
A primeira volta foi relativamente lenta, para conhecer o circuito. A partir da segunda, já me senti mais à vontade para acelerar com mais entusiasmo. A Z900 surpreendeu desde o começo: acelera forte, mas não dá sustos. É o tipo de moto que você "veste" bem de imediato - basta achar uma posição adequada de pilotagem, o que não é difícil.
As relações das seis marchas são até um pouco longas, o que permite esticar bem cada uma delas e torna o motor bem elástico. As trocas de marchas, aliás, são tranquilíssimas: o câmbio tem engates precisos e a alavanca da embreagem - que é assistida e deslizante - é incrivelmente macia. Não exige qualquer esforço em seu acionamento.
Que, aliás, nem precisa ser feito: a moto passou a ter quickshifter de série. É aquele dispositivo que permite trocar as marchas sem usar a embreagem e sem aliviar o acelerador.
Isso traz mais segurança e conforto para o piloto, que não precisa ficar "brigando" com a embreagem nem se cansar com os sucessivos acionamentos. A "briga", na prática, é contra o vento: a Z900 responde sempre com vigor, rapidamente supera os 100 km/h e quando você menos espera já está na faixa dos 150 km/h. Como não há qualquer carenagem ou proteção aerodinâmica, segure-se ali em cima!
O tempo todo a moto parece estar "sobre trilhos", já que os níveis de ruídos e de vibrações são mínimos e não há oscilações ou torções de chassi. Um claro exemplo de projeto bem resolvido, com ótima centralização de pesos e massas - e um equilíbrio raro de se ver.
Nas curvas a Z900 parece um chiclete, de tão agarrada na pista. Você pode inclinar sem medo de ser feliz, que a moto se mantém no prumo. As mudanças de trajetória são fáceis, com respostas imediatas - mas aqui senti que um entre-eixos mais curto tornaria a experiência ainda melhor.
Já as frenagens são impressionantes: a moto estanca em distâncias curtas mesmo com os freios sob exigência severa e esquentando mais que o Brasil neste verão. Em momento algum perderam eficiência, mesmo sendo sucessivamente exigidos.
Ali em cima o conforto é limitado: o banco é mais anatômico e bonito do que macio e, depois de uma horinha de pilotagem, certamente será preciso parar para descansar. E as suspensões cumprem muito bem seu papel de manter a moto estável nas retas e sem reboladas nas curvas. Para isso, têm calibragem relativamente rígida e, mesmo com os possíveis ajustes, continuam assim.
Mas isso é coerente com a proposta da Z900 - que é uma naked feita para passeios curtos com boa dose de adrenalina, sem levar bagagens e de preferência também sem levar garupa. Se alguém for ali atrás, avise: vai sofrer...
Em resumo, a Z900 ficou mais completa e bonita, e continua coerente com sua proposta. E, nesta linha 2025, com um atrativo a mais: também ficou mais barata na versão de entrada. A nova Z900 tem preço público sugerido de R$ 62.690 na versão standard e de R$ 70.790 na versão R Edition.
Ou seja, a standard, que era R$ 63.140, ficou R$ 450 mais barata. Já R Edition ficou apenas R$ 40 (isso mesmo, quarenta reais) mais cara que antes, quando custava R$ 70.750. Preços excelentes diante do que a moto recebeu de novidades e do que oferece, como um todo. As vendas começam no segundo trimestre deste ano.



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