Já falamos aqui, muitas vezes, como a moto pode ser uma ótima alternativa para escapar da demora e dos apertos que predominam nos transportes coletivos. Em tempos de recrudescimento da pandemia de covid-19, a moto torna-se uma opção ainda melhor, pois é o veículo que mais permite o distanciamento social - sem falar que, até involuntariamente, atende aos outros requisitos na prevenção da doença.
E muita gente nesse período tratou de comprar a sua primeira moto como alternativa ao transporte público lotado. As vendas de motos seminovas e usadas em fevereiro último somaram 64.881 unidades, crescimento de 16,2% em comparação às 55.812 unidades vendidas em fevereiro de 2020, de acordo com dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Já no acumulado do ano - janeiro e fevereiro - foram vendidas 132.644 motos usadas ou seminovas, um aumento de 8,4% em relação às 122.405 unidades entregues no mesmo período do ano passado
É algo muito parecido com a situação que já vimos aqui no WM1 de pessoas que optaram pela compra de um carro para deixar de usar os carros de aplicativos. Esse movimento, já destacamos, é um dos responsáveis por fazer do mês de fevereiro ter registrado um crescimento de 15,1% nas vendas de carros usados, segundo números da Fenabrave.
Nas motos, o distanciamento social está garantido pelo fato de ser um veículo habitualmente "ocupado" por apenas uma pessoa - quando muito, duas. Precisa usar máscara? Está lá o capacete cumprindo essa função. Luvas? São itens de segurança básicos na pilotagem. Lavar as mãos com frequência? Quem pilota moto constantemente já tem esse hábito arraigado. Ambiente arejado? Ao pilotar uma moto, o condutor tem renovação de ar constante. Além disso tudo, a moto costuma ser pilotada apenas pelo proprietário, então seus comandos não são tocados por diferentes pessoas.
A farmacêutica Ana Claudia Praxedes, de 35 anos, encontrou na moto a solução para dois problemas. Moradora de Duque de Caxias, no começo da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, ela precisa se deslocar todo dia para trabalhar em horário comercial em uma drogaria em Copacabana e, em dias alternados, seguir de lá direto para plantões noturnos em um hospital em Vila Valqueire, na Zona Oeste da cidade (este, obviamente, um local que pede mais cuidados em tempos de pandemia).
Cada um desses lugares está a pelo menos 35 quilômetros do outro. Nos dias mais complexos, ela precisava usar seis ônibus e um trem, entre idas e vindas. E cada trecho perdia no mínimo duas horas de paciência.
Em abril do ano passado, em plena pandemia, ela decidiu comprar uma moto. Fez a moto-escola, em junho já estava com uma Suzuki Intruder 125 2015 na garagem e passou a fazer toda a rotina de deslocamentos com a nova companheira. O resultado é que Ana Claudia passou a sair mais tarde do ponto de origem, a chegar mais cedo nos destinos e a demorar menos entre um local e outro.
"Além dos compromissos profissionais, ainda faço pós-graduação. Muitas vezes chegava em casa tão tarde e tão exausta que não tinha tempo nem disposição para estudar. Depois que comecei a usar a moto, isso mudou totalmente", compara Ana Cláudia.
Ana Claudia também passou a economizar dinheiro. Antes gastava em torno de R$ 400 por semana em passagens e agora, roda em torno de 420 quilômetros por semana, gasta menos de R$ 100 em combustível no mesmo período - com as contas arredondadas bem para cima. Além do dinamismo e da praticidade em sua mobilidade urbana, com a moto a farmacêutica também se distanciou dos ônibus e trens lotados, onde o potencial de contaminação nesse período de pandemia é grande.
"Eu já trabalho em um ambiente de risco, então é claro que se eu posso reduzir a possibilidade de contaminação, minha e dos outros, quando não estou no hospital, é melhor. A moto ajudou nisso, sem dúvida", observa ela.
Obviamente não entram na parte financeira os gastos complementares com a moto, como revisões, pneus, óleo, pastilhas de freio e afins. Mas como em uma moto de baixa cilindrada, são valores muito acessíveis. A farmacêutica Ana Claudia está satisfeitíssima: "Mesmo em dias de chuva eu vou de moto. É mais rápido, prático e barato, e mantenho o distanciamento social tão necessário nos dias de hoje."



Email enviado com sucesso!