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Embora estejam no mesmo segmento, são motos bem diferentes. E até as legiões de fãs de cada uma também diferem bastante: os adoradores de Shadow 750 costumam desprezar a Sportster, e os admiradores da moto americana esculhambam a moto da marca japonesa sempre que podem. Chega a ser engraçado!
Indo ao que interessa: fora paixões, qual das duas é a melhor no mundo real? Quais as vantagens e desvantagens de cada uma? Já antecipo que, racionalmente, as duas são interessantes e bons negócios. Só é preciso ver para qual delas é mais adequada ao perfil do "candidato". Vamos lá.
Honda Shadow 750
A Honda Shadow 750 chegou ao mercado brasileiro em 2006 na versão Aero. Tinha design pesadão e motor carburado.Em 2009 ganhou injeção eletrônica e em 2011 mudou de visual - veio a versão Spirit, com o mesmo conjunto chassi/motor, mas com uma "roupa nova" mais afilada, visual mais leve e roda dianteira de 21 polegadas com pneu 90/90 - a Aero usava roda de 17 polegadas e pneu gorducho 120/90.
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A moto ainda ganhou ABS nos freios na linha 2011/2012, mas saiu de linha em 2014. Para nossa inveja, continua sendo vendida normalmente até hoje nos Estados Unidos.
E por que a Shadow 750 saiu de linha no Brasil? Por dois motivos básicos: primeiro, e mais importante, emissões. A Shadow 750 não passaria no Promot do ano seguinte e a Honda considerou que não valia a pena investir para adequá-la, visto que já não vendia tanto quanto em anos anteriores.
O segundo está na concorrência: naquela época, a Harley-Davidson Sportster tinha praticamente o mesmo preço da Shadow 750 - ambas na faixa dos R$ 35 mil.
Foi a época mais barata da moto americana no Brasil, e por isso vendia bem. Mas a inadequação ao Promot e concorrência, então, determinaram seu fim. Afinal, apesar da adoração pela Shadow 750, muitos do mundo customs sempre almejaram uma Harley, fosse ela melhor ou não.
Apesar disso, a Shadow 750 continuou em forte evidência no mercado de usadas e até hoje é muito valorizada. É possível comprar uma realmente boa na faixa dos R$ 32 mil a R$ 38 mil, dependendo do ano, da quilometragem e do estado.
Para quem busca uma custom média confiável, com manutenção relativamente fácil e barata, e que ainda tem peças de reposição disponíveis - nem sempre baratas -, a Shadow 750 é ótima opção.
Mas é preciso saber algumas coisas. Primeiro, o desempenho da Shadow 750 é apenas ok. A moto não anda forte e não impressiona nas curvas ou frenagens. Isso embora seja melhor na estrada do que na cidade, onde seu comprimento de 2,43/2,50 metros, dependendo do ano, tira um pouco a agilidade.
O motor V2 com refrigeração líquida, e já injetado, produz 45,5 cv de potência a 5.500 rpm com torque de 6,5 kgfm a 3.500 rpm. Números razoáveis para uma moto com 240 quilos.
O câmbio de cinco marchas tem relações longas - e, por isso, a moto é relativamente econômica: em um rodar mais manso, chega a fazer em torno de 30 km/l.
Aí você terá uma ótima autonomia, já que o tanque pega 14 litros de combustível. A boa, mesmo, é viajar na faixa dos 100 km/h a 140 km/h, no máximo. Acima disso, a moto grita e o consumo aumenta bem.
Além disso, vale dizer que as Aero (2006-2010) têm um guidão baixo e largo que nem um berimbau, que pode não agradar a todos - ainda mais em viagens. Nas manobras, é bem ruim. Coisa fácil de resolver: bote um seca-suvaco de 12 ou 14 polegadas e você será feliz para sempre.
As Spirit passaram a vir com guidão estreito e pouca coisa mais alto, que lembra o da antecessora Shadow 600. Não é o supra-sumo do conforto, mas permite mudanças de trajetória ágeis e tem altura ok.
Por outro lado, o banco da Aero é muito confortável, enquanto o da Spirit é sofrível - principalmente para um garupa. Então, principalmente se for levar alguém com frequência, é necessário trocá-lo.
E tanto na Aero quanto na Spirit recomenda-se, também, instalar um sissy-bar (encosto para garupa), que não é de linha.
Por fim, é importante destacar que a transmissão secundária da Shadow 750, em todos os anos, é por eixo cardã. Tem a vantagem de não exigir manutenção constante - apenas troca de óleo em intervalos bem longos -, mas se o pneu traseiro furar, trocá-lo será um drama.
E as rodas da Shadow são raiadas e usam pneus com câmara.
Harley-Davidson Sportster 883
A história das Sportster no Brasil é longa. As primeiras das quais se tem notícias "oficiais" - segundo a tabela FIPE - foram as XL 883 Hugger, entre 1994 e 1996. Daí em diante vieram várias outras versões - XL 883 Standard, XL 883 Low, XL 883R, XL 883 Custom, XL 883 Iron.Todas tinham o mesmo conjunto de chassi e motor, mas naturalmente com as devidas evoluções ao longo do tempo - carburador para injeção, ABS, suspensões aprimoradas etc.
A última versão foi a Iron, vendida até 2020. Também existiram modelos Sportster com motor 1200, mas aqui focaremos apenas nas 883.
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A Sportster 883 saiu de linha no Brasil seguindo a então nova estratégia global comercial da marca: encerrar operações em alguns países, enxugar o line-up, tirar de linha os modelos mais baratos (como justamente as Sportster) e extinguir a linha Dyna (que ficava logo acima da linha Sportster).
Com isso, a Harley passou focar em modelos maiores, mais completos, mais sofisticado e mais caros, tudo para que a marca fosse vista como "super premium". O cavalo-de-pau foi tão grande que inclui até o inusitado lançamento da primeira big trail da história da marca, a Panamerica 1250.
Bem, a estratégia não deu lá muito certo. Harleyros no mundo inteiro reclamaram, a Panamerica não foi exatamente um sucesso (embora seja ótima moto), as vendas caíram, os lucros idem - embora o line-up só tivesse motos de alto valor agregado.
E agora a marca americana está bolando um novo plano comercial global.
Na esteira disso, o CEO Jochen Zeitz, alemão, comunicou sua saída e, recentemente, o americano Arthur Starrs foi anunciado para o cargo. Vem aí uma nova estratégia comercial global...
Em meio a esse salseiro todo, a Sportster 883 sobreviveu muito bem no mercado de motos usadas. É valorizada, cobiçada e cultuada - mais por simbolizar muitíssimo bem o "lifestyle" da marca do que propriamente por atributos dinâmicos.
Mas vale dizer que seu motor, o famoso Evolution com bloco e caixa de cinco marchas juntos, é endeusado pelos harleyros - que o consideram confiável, forte e com manutenção relativamente simples.
Vamos aos aspectos positivos da Sporster 883: a moto é bonita, muito customizável, tem história e se sai muito bem no trânsito urbano, onde seu comprimento enxuto de 2,28 metros e a frente pouco lançada à frente favorecem a agilidade. Além disso, é uma moto estreita, então vai bem na maioria dos corredores.
Isso tudo é ajudado por um desempenho realmente forte. Peguemos a versão XL 883R, que foi bem vendida: o motor V2 refrigerado a ar entrega cerca de 55 cv de potência a 5.750 rpm com 7 kgfm de torque a 3.750 rpm. Bons números para os cerca de 260 quilos da moto, em média.
Outra característica legal é a transmissão secundária por correia dentada. É um sistema bem mais leve que o eixo cardã, e que não pede tanta manutenção quanto a tradicional corrente. Tem enorme durabilidade - vai até os 100 mil quilômetros -, mas sua substituição é relativamente cara.
Mas pelo menos não é muito complicada. E aqui também vale lembrar que a Sportster 883 tem versões com rodas de liga leve e pneus sem câmara.
Por fim, vale destacar que, apesar do que diz o imaginário coletivo, encontrar peças de reposição - principalmente de desgaste comum - e boas oficinas para fazer manutenção em uma Sportster 883 não é difícil. Já foi, mas não é mais: existem muitas.
Agora vamos aos pontos negativos: a Sportster não é exatamente uma moto confortável. Nenhuma delas, seja qual for a versão. De fato, alguns dizem que a moto, na configuração original, é um "erro de projeto".
É que, originalmente, as Sportster têm bancos duros, guidões baixos, pedaleiras do piloto recuadas demais e suspensões excessivamente rígidas (que melhoraram a partir de 2016). Então é uma moto que, para ficar realmente confortável, exige mudanças - e gastos.
Então, se puder, bote um guidão mais alto, um banco conforto, amortecedores traseiros decentes e comandos avançados. E aí você terá uma moto bacana, forte e muito gostosa de pilotar.
Outra característica ruim da Sportster é o tanque pequeno. Na XL 883R, por exemplo, só leva 12,5 litros. E como é uma moto que bebe bem - em torno dos 22 km/l, sofrendo -, sua autonomia dificilmente passará dos 200 quilômetros na estrada, acelerando com suavidade.
É possível comprar uma Harley-Davidson Sportster 883 na mesma faixa de preços que mencionamos lá em cima para a Honda Shadow 750 - de R$ 32 mil a R$ 38 mil, em média. Mas, claro, você encontra tanto de uma quanto de outra modelos com preços abaixo e acima desse intervalo.
Então qual das duas é a melhor para você?
Basicamente ficamos assim: a Shadow 750 é para quem busca conforto, a confiabilidade japonesa e a segurança de uma enorme rede de concessionários, e que por outro lado não faz questão de desempenho forte - até porque se trata de uma custom - e nem de que a moto seja, necessariamente, uma Harley-Davidson.Já a Sportster 883 é para quem acha que moto custom tem que ser Harley-Davidson e/ou quer customizar e/ou sente necessidade de acelerar forte - e, no caminho inverso, não faz muita questão de conforto ou bom consumo ou está disposto a investir em aprimoramentos nesse aspecto.
Feitas as comparações, cabe ao caro leitor fazer sua escolha e pegar a estrada!
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