7 carros da Ford que marcaram época no Brasil
Marca passou de importante montadora a simples importadora no país; veja alguns de seus clássicos de tempos melhores
Incrível como uma frase pode se tornar chavão em tão pouco tempo. Essas coisas no meio jornalístico, porém, acontecem - especialmente quando nos vemos ante uma bomba como a que foi jogada aos pés de todos no início desta semana. Então, estimada leitora, caro leitor, me permitam abusar do clichê mais uma vez: com o encerramento da produção de carros no Brasil, a Ford passa a mera importadora no país.
A decisão fez com que modelos emblemáticos da marca em nosso mercado subissem no telhado precocemente. São veículos que ajudaram a construir a história da empresa no país. Automóveis, em sua maioria, produzidos por mãos de brasileiros - muitos deles sem emprego por causa da pá de cal jogada sobre as fábricas da empresa em nosso território.
Acometidos pelo saudosismo, e honrando a nossa força de trabalho, resolvemos falar rapidamente sobre sete carros da Ford que marcaram época no Brasil. Ah! Deixamos de mencionar aquele veículo que não saiu até hoje da sua cabeça? Fala pra gente sobre ele nos comentários.
Carros da Ford que fizeram história
1- Galaxie
O Galaxie chegou em 1967 cheio de pompa e circunstância. Considerado luxuoso para a época, o modelo tinha nada menos que 5,33 m de comprimento e pesava 1,8 tonelada. Para dar conta desse "corpinho", a Ford teve de instalar nele um motor 4.5 V8.
O grandão foi vendido até 1983 e passou por algumas mudanças durante esses anos. Uma delas, inclusive, fez com que seus faróis duplos verticais ganhassem posicionamento horizontal. A alteração deu mais, digamos, pedigree ao modelo, mas fez com que perdesse sua agressividade.
2- Corcel
O "Corcelzão" começou a ser vendido em 1968 e logo se tornou um sucesso da Ford no Brasil. O modelo tinha linhas inspiradas no Mustang e seu nome também fazia referência ao pony car. O compacto vinha equipado com motor 1.3 ou 1.4, cedidos pela Renault. Sua transmissão era manual de quatro velocidades.
A primeira geração do Corcel foi vendida até 1977. Depois disso, a Ford começou a vender o Corcel II, modelo de maior porte, que rivalizava à época com Dodge Polara e Volkswagen Passat.
3- Maverick
O Maverick faz parte do imaginário de 10 entre 10 amantes de carros. O modelo foi o grande esportivo com fabricação nacional da Ford e chegou ao mercado em 1973 para disputar espaço com Dodge Charger e Chevrolet Opala.
A versão de maior sucesso do modelo foi a GT, que vinha com motor 5.0 V8 de 199 cv na bancada. Quando montado, o número caía para 135 cv. Mesmo assim, a cavalaria era mais do que suficiente para propiciar bons momentos ao condutor.
Embora um clássico, o Maverick não chegou a ser uma unanimidade. Por quê? Explico: a configuração seis cilindros não tinha bom desempenho e, ainda por cima, bebia mais que o Jack Sparrow. Não à toa, mesmo com a versão GT, o modelo teve vida curta e foi descontinuado em 1979.
4- Pampa
Desculpe, leitora ou leitor, por esse naco de imparcialidade. O irmão deste repórter teve uma Pampa. Morávamos em Macaé, no interior do estado do Rio de Janeiro, e ela nos levava para cima e para baixo. A picape, inclusive, "metia os pés" na areia da praia e tinha desempenho muito bom.
Eram outros tempos, claro. No entanto, isso só demonstra a valentia do modelo. Já vi, vale frisar, muita Fiat Toro atolada em lugares pelos quais a gloriosa picapinha passava sem nenhum tipo de problema.
Sinônimo de robustez, a Pampa começou a ser vendida em 1982. Uma derivação do Corcel, a picape vinha equipada com o mesmo motor 1.6 do sedã. No entanto, seu grande trunfo era a suspensão com feixe de molas, que permitia com que 620 kg de carga fossem despejados na caçamba com facilidade.
A Pampa foi mantida no portfólio da Ford até 1997. Naquele ano, a montadora a substituiu pela Courier, que foi incapaz de repetir o sucesso da antecessora.
5- Escort
Sem o glorioso Corcel, a Ford deixava de ter representante na seara dos compactos. Para o fabricante isso não era nada bom, já os concorrentes já tinham na praça Gol, Chevette hatch e Uno. Em retaliação, a marca começou a vender o Escort em 1983.
O modelo fez parte da gama da Ford por um bom tempo, e subiu no telhado apenas em 2004. Foram três encarnações - sendo a mais famosa delas a XR-3, que batia de frente com Gol GTS, Uno 1.5R e Kadett GS.
6- Ka
O Ka foi lançado em 1997 e trazia conceito de design distinto. Muito consumidor torceu o nariz à época para o hatchback, mas muita gente abraçou o carrinho. Embora suas linhas tenham sido pensadas para as cidades europeias e suas pequenas ruas, caíram como uma luva no Brasil.
Com motor 1.0 debaixo do capô, o modelo tinha desempenho razoável e, ainda por cima, era econômico. Isso sem contar sua praticidade. Com 3,62 m de comprimento, cabia praticamente em qualquer vaga.
O primeiro Ka foi substituído em 2008, quando veio encarnação que parecia mais um Frankenstein do Fiesta de terceira geração. Já em 2014, a Ford lançaria a terceira geração do modelo. Recheado de predicados e com o declínio do nosso próximo carro na lista, o compacto se tornou o principal produto da Ford no Brasil.
7- EcoSport
Segundo produto originário do projeto Amazon, o EcoSport, sem dúvidas, foi o veículo mais importante da Ford no Brasil. Lançado em 2003, o SUV caiu nas graças do público e foi líder do segmento durante praticamente uma década.
A segunda geração do Eco chegou anos depois, em 2012. O projeto, global, fez com que o jipinho também invadisse os mercados europeu e norte-americano.
Com a chegada de concorrentes de peso como Jeep Renegade e Honda HR-V, o EcoSport perdeu espaço. Em 2021, assim como o Ka, teve seu fim decretado após o anúncio da Ford de que fecharia suas fábricas no Brasil. Fim melancólico para um modelo que reinou absoluto durante anos.