Agora, pouco mais de um ano depois e enfrentando acusações que poderiam condená-lo a 10 anos de prisão, Ghosn se envolveu em outra grande polêmica. O brasileiro deixou o Japão, onde estava em prisão domiciliar, sem o consentimento das autoridades. O paradeiro era desconhecido até ele mesmo confirmar a fuga para o Líbano.
"Estou agora no Líbano e não serei mais refém do manipulado sistema de justiça japonês, onde a culpa é presumida, a discriminação é desenfreada e os direitos humanos são negados, em flagrante desrespeito às obrigações legais do Japão sob o direito internacional e os tratados que deve obedecer. Eu não fugi da justiça, eu escapei da injustiça e da perseguição política. Eu posso agora finalmente me comunicar livremente com a imprensa e pretendo fazê-lo a partir da semana que vem", disse Ghosn, por meio de comunicado divulgado hoje (31).
É golpe?
Desde quando foi preso, o brasileiro disse ser vítima de um complô da Nissan para tirá-lo do poder. Ele ainda reclamou do tratamento recebido pelos japoneses e viu, recentemente, o vazamento de informações do seu caso pararem na imprensa. Há pouco mais de um mês, os seus quatro filhos também reclamaram do sistema e definiram como "cruel e injusto", especialmente com os imigrantes."Cada um de nós tenta entender como um país tão desenvolvido quanto o Japão pode permitir que os direitos humanos - que deveriam beneficiar nosso pai - sejam desprezados", diz um trecho da carta.
Por que o Líbano?
Um dos motivos para escolher o Líbano diz respeito à proibição de extradição de qualquer cidadão. Apesar de nascido no Brasil, Ghosn se mudou para o Líbano cedo, onde passou a infância e adolescência. Por esse motivo, conseguiu a cidadania local. Além disso, familiares e amigos moram por lá. O executivo também possui negócios no país.Por fim, o governo libanês sempre foi um apoiador e entusiasta de Ghosn durante sua carreira. O executivo foi até tema de uma coleção de selos em 2017. O apoio diminui após a prisão, mas as chances dele ser obrigado a voltar ao Japão são mínimas.
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