A Webmotors listou alguns destes veículos e o preço de suas peças e componentes. E comparou com modelos de passeio das mesmas marcas ou grupos. Parece desproporcional, mas o intuito é mostrar que, muitas vezes, um hatch ou um sedã, que pode atender às necessidades do motorista ou mesmo da família, tem custos de manutenção, revisões e até de seguro bem mais em conta.
Para quem não gosta de coçar a carteira, tal economia pode fazer a diferença. Veja o Jeep Compass, SUV mais vendido do país. Torça para não ficar no meio de um engavetamento. O conjunto do farol do modelo custa R$ 5.116, enquanto a lanterna sai por R$ 4.397. Se for comparar com o compacto premium Fiat Cronos, para ficar no mesmo grupo FCA, essas mesmas peças saem por R$ 1.001 e R$ 824, respectivamente.
Tabela: Compare o custo: Faróis
“Se traçar um paralelo, é como um casamento. Você casa e não espera qual vai ser a despesa com filho, IPTU, porque é algo totalmente novo. Os compradores de SUVs vão descobrindo isso aos poucos e se adequando à realidade. Mesmo assim, tem certos aspectos que ele deve levar em consideração, como lugar para estacionar e seguro”, ressalta o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.
Compass e Cronos são modelos bem distantes em preço e categoria, é verdade. Contudo, vamos comparar universos mais próximos. O Nissan Kicks SV 1.6 e o Versa SL 1.6 usam a mesma plataforma da marca japonesa e são feitos na mesma fábrica em Resende (RJ). Mas o preço da capa do para-choque dianteiro do utilitário esportivo compacto custa R$ 1.083,80, 33% a mais que a do sedã (R$ 723,04). Já o retrovisor tem preço de R$ 553,48 no Kicks, contra R$ 359.
Tabela: Compare o custo: Para-choque dianteiro
Os componentes mecânicos, como bomba de combustível e amortecedores, têm preços similares entre os dois modelos, justamente por terem a mesma base. Só que a plataforma igual não é garantia de preços muito próximos. O Ford EcoSport, na versão Freestyle com motor 1.5 e câmbio automático, cobra R$ 887 pelo par de amortecedores e R$ 530 pelo jogo com quatro pastilhas. Quase o dobro que as mesmas peças do Ka SE Plus, com mesmo motor e câmbio (R$ 464 e R$ 297, respectivamente).
Quando se vai para o universo das picapes o abismo é maior. Até pelas dimensões desse tipo de veículo. O retrovisor da Volkswagen Amarok 2.0 TDI custa quase quatro vezes mais que o do Polo Highline 200 TSI. Itens como correia dentada e bomba de combustível também são bem mais salgados na picape.
Mas não chega a ser uma regra. Em nossa pesquisa nos deparamos com peças do Toyota Corolla XEi mais caras do que as da Hilux SRV flex 4x2 AT. Enquanto a maior parte das peças da carroceria tem preço acima, em especial para-choques e faróis, alguns componentes “internos” são mais baratos na picape. A bomba de combustível do Corolla, por exemplo, custa 57% a mais que a da Hilux: R$ 1.718 contra R$ 733.
Tabela: Compare o custo: jogo de amortecedores
Ainda tem outros aspectos, como custo de seguro. Aquele Kicks do qual falamos no início, tem a menor cotação da apólice de cobertura total em R$ 4.047, com perfil de homem de 40 anos, casado com filhos e morador da zona oeste da cidade de São Paulo. Com o Versa, é possível obter um custo de R$ 2.957, com o mesmo perfil.
Nas manutenções com preço fixo nas concessionárias, a conta também fica mais salgada. A Toyota cobra por R$ 1.322 nas três primeiras visitas obrigatórias (até 30.000 km), ante R$ 1.721 da Hilux flex. Mesmo picapes compactas podem custar mais. Na Fiat, a Strada Adventure com motor 1.8 tem as três primeiras revisões por R$ 1.612, enquanto o Cronos com o mesmo motor e câmbio automático soma R$ 1.328.
E também não há como fugir à regra quando trata-se de rodas e pneus. Aí, não tem jeito. Com aros maiores e pneus com especificações diferentes - e aplicações de uso misto, geralmente -, esses itens em SUVs e picapes podem ser até cinco vezes mais caros que em um automóvel de passeio.
Tabela: Compare o custo: correia dentada/corrente
“Fica muito difícil dizer para o consumidor levar isso ou aquilo. Muita gente se empolga pela compra de um SUV, independentemente de uso urbano ou não. Mas é preciso lembrar do nível de endividamento que o cliente está apto a assumir, que não é só o financiamento do banco. Então, ele está começando a considerar mais as despesas que vêm pela frente”, lembra o coordenador dos MBA de Cadeia Automotiva da FGV-SP, Antonio Jorge Martins.
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