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Reino Unido vai proibir carros a gasolina e diesel

Medida começa a valer a partir de 2030 e faz parte de plano que promete zerar emissões e gerar 250 mil empregos

por Marcus Celestino

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou que o Reino Unido antecipou em cinco anos a proibição da venda de carros movidos a gasolina e diesel. A medida, que passa a valer a partir de 2030, faz parte de um plano chamado de "revolução industrial verde", composto de 10 propostas que visam zerar emissões de carbono até 2050 e criar até 250 mil empregos no país.
O governo conservador acatou pedido do Partido Trabalhista, sigla de centro-esquerda que faz parte da oposição. Pressionado pela crise decorrente da pandemia do novo coronavírus e por causa das negociações comerciais do Brexit, Johnson decidiu levar a proposta adiante.
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O setor automobilístico e outras áreas da indústria e da economia britânica receberão incentivo de 12 bilhões de libras (R$ 84,6 bi em conversão direta) em recursos públicos a fim de desenvolver o projeto. Segundo o premiê, a expectativa é de que o triplo desse montante seja aplicado pelo setor privado até 2030.

O governo do Reino Unido diz que irá investir 1,3 bi de libras (R$ 9,1 bi) em pontos de carregamento para veículos elétricos. Também fará concessões que poderão chegar a casa de 582 milhões de libras (R$ 4,1 bi). O valor servirá para subsidiar a compra de carros eletrificados por parte dos cidadãos. A ideia é que, com isso, a transição dos automóveis movidos a gasolina e a diesel para os 100% elétricos fique muito mais fácil.
Os conservadores também anunciaram que cerca de 500 milhões de libras (R$ 3,5 bi) serão destinados à produção de baterias em fábricas nas regiões de Midlands e no nordeste da Inglaterra. Mais detalhes sobre o projeto serão divulgados em um artigo, que deverá ser publicado até o fim deste mês.

Investimento insuficiente

Ed Miliband, que foi secretário de energia e mudanças climáticas do Reino Unido entre 2008 e 2010, disse à BBC que o Partido Trabalhista queria que o governo investisse 30 bilhões de libras nos próximos 18 meses em setores de baixo carbono. Segundo ele, isso ajudaria a manter (e a gerar) 400 mil empregos. "O financiamento não atende nem de perto a escala do que é necessário", disse Miliband.
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Caroline Lucas, parlamentar do Partido Verde britânico, fez coro e foi além, ao salientar que o plano não é ousado o suficiente. Além disso, ela comentou que o governo não transmitiu a mensagem de maneira clara e deixou de pontuar em quais tecnologias irá investir.
Uma das demandas dos verdes é o fim do programa de construção de estradas, que custa hoje aos cofres britânicos cerca de 30 bilhões de libras. Para a sigla, novas rodovias serviriam apenas para aumentar as emissões de poluentes.

Setor apreensivo

O anúncio deixou o setor automobilístico um tanto apreensivo. Fabricantes alertam sobre o desafio de mudar toda a linha em uma década. No entanto, o governo diz que a evolução tecnológica poderá dar às empresas que produzem veículos no Reino Unido uma "vantagem competitiva".

Muitos fabricantes alertaram que suas operações poderão se tornar insustentáveis no país caso as negociações comerciais do Brexit não corram da melhor forma. A Nissan, por exemplo, que produz o Leaf desde 2013 em planta localizada em Sunderland, explicitou em mais de uma oportunidade que poderá fechar a unidade.
A discussão ainda dará, claro, muito pano para a manga. O Reino Unido sedia em 2021 a COP-26, a conferência da ONU sobre o clima, em Glasgow. O debate certamente continuará no evento. Vale lembrar que, com a antecipação para 2030, os britânicos só perdem para a Noruega a disputa para "limpar" o setor automobilístico. O país nórdico deve abolir veículos movidos a combustível fóssil em 2025.
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Brasil

No Brasil, tramita no Senado Federal projeto de lei que pretende proibir a venda de automóveis movidos a gasolina, diesel e gás natural veicular (GNV) a partir de 2030. Em fevereiro deste ano, o PLS 304/2017 foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois disso, o texto seguiu para a Comissão de Meio Ambiente (CMA). A proposta agora aguarda inclusão em Ordem do Dia de Requerimento.
O projeto é de autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI), investigado no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a proposta, será permitida a comercialização de veículos 100% elétricos e também os movidos a biocombustíveis, como etanol e biodiesel.
Após nova rodada de discussões, o projeto de lei segue para o Congresso. Caso aprovado, o texto irá para a Presidência da República, onde poderá ser sancionado integralmente, parcialmente ou ser vetado.

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