Renault Sandero R.S. entrega muito mais que uma

Com motor de 150 cv e conjunto mecânico bem acertado, hot hatch não decepciona entusiastas
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Karina Simões
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Pra quem gosta de acelerar, um dia feliz pode ser traduzido resumidamente em: pista, combustível à vontade, pneus e pinças de freio de sobra (para prevenir, caso acabem) e um carro esportivo. A Renault juntou isso tudo para apresentar à imprensa o Sandero R.S., desenvolvido pela divisão esportiva da marca.

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A montadora “largou” o carro na nossa mão para acelerarmos como e quanto quiséssemos, sem instrutores dando ordens e sem limite de voltas, em uma das pistas mais legais do País, o Autódromo Vello Città, no interior de São Paulo. Comprovamos que o modelo que chega às lojas neste mês por R$ 58.880 vai muito além de uma roupagem bonitinha e entrega no pacote diversão garantida.

Sobrenome de peso

Pela primeira vez na história um carro com a chancela R.S. (Renault Sport) é produzido fora da França – agora, ele também é feito no Paraná –, e para que o Sandero pudesse carregar este sobrenome ele passou por um retrabalho pesado de engenharia em motor, suspensão e freios. Portanto, não o compare à versões “pseudo-esportivas” cheias de apetrechos visuais como o Fox Pepper, HB20 Spicy ou Onix Effect, para citar alguns exemplos. Lógico que o hot hatch da Renault possui tais perfumarias. Adesivos, saias laterais, novos para-choques com visual agressivo, luzes diurnas em LED, além de listrinhas vermelhas no interior estão presentes, mas ele é muito mais do que aquele Sandero que você está acostumado.

A começar pelo nome, se você não está familiarizado com a carroceria do hatch, não há como identificar que trata-se de um Sandero, já que o nome não está exposto em lugar algum no carro. A Renault tirou a identificação até da tampa traseira e em contrapartida espalhou a inscrição “Renault Sport” e a sigla R.S. por toda a parte.

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Pra não passar vergonha no Track Day

Na pista, só visual ajeitadinho não convence ninguém, por isso o que interessa mesmo neste carro não conseguimos enxergar de primeira. O motor vem da França, é o 2.0 16V que equipa o Duster mas com um novo mapeamento, que entrega 150 cv de potência e 20,9 kgf.m de torque (no etanol).

O torque deste Sandero impressiona, especialmente quando engato a terceira marcha na subida da curva 3 do Autódromo Velo Città. Se o carro não tiver torque suficiente, amigo, é ali que ele decepciona. Já o Sandero R.S. fez bonito. São muitas as alterações mecânicas, entre elas o coletor de admissão está com diâmetro 20% maior, o duto de admissão foi reposicionado pra coletar ar frio e o sistema de escape tem cano de escapamento de diâmetro 0,5 mm mais largo, um novo silencioso traseiro, além de saída dupla, o que deixou a traseira bem mais encorpada.

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O câmbio de seis velocidades vem do Chile e já é conhecido, mas recebeu mudanças no escalonamento das marchas. A relação, com a terceira e quarta marchas mais curtas, agradou, mas o câmbio poderia ter engates mais precisos. Especialmente na pista, a imprecisão atrapalha bastante a tocada.

Esta versão traz controle de estabilidade (ESP) e de tração (ASR), que também foram retrabalhados para reduzir o efeito castrador desses equipamentos, especialmente em se tratando de um modelo esportivo. O “piloto” pode optar por três modos de condução por um botão no console: Standard, Sport e Sport+, esse último desliga os controles de tração e estabilidade e permite mais diversão (para quem sabe, claro).

Outro ponto alto deste carro é o acerto da suspensão. As molas estão 92% mais rígidas atrás e 10% na frente combinadas a amortecedores hidráulicos com batentes em poliuretano. Segundo a marca, as barras estabilizadoras frontais estão 17% mais rígidas e o eixo traseiro 65% mais rígido em comparação com o Sandero Dynamique, o que se traduz em um comportamento realmente empolgante nas curvas.

A olho nu dá pra notar que esta é uma versão mais rebaixada, são exatos 2,6 cm mais próximo do solo. Para que ele fique ainda mais colado no chão, o aerofólio está 50 mm maior. Parece pouco, mas isso representa 25 kg de força extra na traseira quando o hatch ultrapassa os 150 km/h. A direção é eletro-hidráulica e, mais que ela, o que agrada é o novo volante 10 mm menor que o convencional, emprestado do Clio R.S. vendido na Europa.

Além de acelerar, ele freia muito também, é o primeiro modelo da família Sandero a ser equipado com freios a disco nas quatro rodas, medindo 280 mm na frente (22 mm adicionais em comparação com o Sandero Dynamique) e 240 mm na traseira. Os engenheiros mexeram até no diâmetro do cilindro mestre dos freios para que o curso do pedal do ficasse mais curto.

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De série, o R.S. vem com rodas pretas 16 polegadas e pneus 195/55, mas vale desembolsar R$ 1.000 pelas rodas aro 17 com pneus 205/45 oferecidas como opcional.

Segundo a marca, ele atinge velocidade máxima de 202 km/h e vai de 0 a 100 km/h em apenas 8,0 segundos, chegando a 1.000 m em 29,4 segundos com o veículo parado. Dados de consumo não foram divulgados, mas não espere a economia do Volkswagen Up! turbinado.

O peso de apenas 1.161 kg faz com que ele tenha uma relação peso/potência de 7,74 kg/cv - inferior ao do concorrente Fiat Punto T-Jet, de 8,31 kg/cv. Em suma, o empenho dos 75 engenheiros envolvidos no projeto de transformar o Sandero em um esportivo de verdade, valeu. Não tem como não se divertir a bordo do novo hot hatch da Renault.

Tem bônus, mas é segredo!

Realizamos um primeiro trecho de test-drive em vias públicas, onde aceleramos o R.S. nas curvas da serrinha de Morungaba e ali ele já havia mostrado sua vocação esportiva. Todavia, o barulho do motor não me chamou atenção. Já na pista, na primeira volta, os que tem ouvidos mais apurados identificaram uma alteração.

Ao abrir o capô, uma tampa de borracha na caixa de ar com a inscrição “For Track Only” (somente para pista) pode ser removida para que o barulho do motor fique um pouco mais empolgante. A tampa pode ser retirada e colocada facilmente, mas isso não é divulgado pela marca pois a peça não é homologada no Brasil. Eles não podem divulgar, mas a gente pode!

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Cabine de carro de rua

Enquanto no comportamento e no exterior do carro ele descola do Sandero que conhecemos, no interior o acabamento empobrecido e com muitos plásticos o aproxima do conhecido hatch da Renault. Isso não quer dizer que ele seja feio, pelo contrário. O novo volante e os bancos exclusivos com faixas vermelhas merecem destaque. Na essência ele é um carro de rua como os outros e, por isso, traz diversos itens de confortos para os ocupantes. Sistema de ar-condicionado automático e central multimídia integrada ao painel com tela de 7 polegadas touchscreen, que oferece GPS, Bluetooth, rádio, entre outras funções, vêm de série.

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É só o começo

Mais que uma divisão esportiva, a Renault quer fazer da chancela R.S. uma marca por aqui. Neste início, a montadora pretente emplacar de 150 a 200 unidades por mês. No entanto, brasileiros não serão os únicos a acelerar o hot hatch da Renault,  uma vez que a montadora já confirmou que o esportivo será vendido em mais países da América Latina.

Pode-se escolher entre as cores branco, prata, vermelho e preto, na minha opinião, esse último é o mais invocado de todos. Para quem não quer um Sandero tão “mexido”, no final do mês chega às lojas a versão GT Line, que traz apenas acessórios, mas mantém o conjunto mecânico do Sandero 1.6. A versão “enfeitada” chegará por R$ 48.990.

Depois de acelerar o R.S. o dia todo, não queremos saber de enfeites, queremos é saber quando teremos outros carros da linha R.S. no Brasil. A Renault já confirmou: eles vêm!

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