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O que salvou a vida de Romain Grosjean?

Alguns itens foram cruciais para que o piloto sobrevivesse a um gravíssimo acidente no GP do Barein; veja quais são

por Marcus Celestino

Evidente que você responda à pergunta do título com um "muita sorte", ou com "um milagre". Suas respostas não são equivocadas. Romain Grosjean talvez tenha sofrido o acidente mais assustador da última década do esporte a motor. Durante a primeira volta do GP do Barein, a roda traseira direita do seu Haas VF-20 tocou a dianteira esquerda do AlphaTauri AT01 de Daniil Kvyat. Em seguida, o carro do francês, a 221 km/h, atingiu o guard rail. A proteção sucumbiu ao impacto.
O bólido guiado por Grosjean também não resistiu. O VF-20 se partiu em dois e virou uma bola de fogo logo após a batida. O francês ficou por 28 segundos meio às chamas, mas, incrivelmente, conseguiu sair do carro antes do pior. O campeão da Fórmula 3 Euro Series de 2007 e da GP2 de 2011 sofreu apenas queimaduras de segundo grau nas mãos. Se você ainda não viu o incidente, deixamos o vídeo abaixo. As imagens, vale destacar, são assustadoras.

Muito justo atribuir a sobrevivência de Grosjean a um acidente de tamanha magnitude à providência divina. No entanto, o piloto francês também deve sua vida a um milagre verdadeiramente tecnológico. Não fossem alguns itens de segurança, a história poderia ter tido contornos muito mais sombrios.

Veja 5 dos itens de segurança que salvaram Romain Grosjean:

Halo

O Halo é o item mais resistente do carro. Feito de titânio Grau 5, consegue resistir a impactos de 125 kilonewtons por 5s. O equivalente a cerca de 12 toneladas. O Halo é composto por cinco partes distintas. O processo de soldagem tem de ser realizado em câmara fechada, com o objetivo de evitar quaisquer tipos de contaminação da peça.
A proteção começou a ser usada na categoria em 2018 e foi alvo de muitas críticas. Romain Grosjean, inclusive, fazia parte do grupo que não era fã da peça. Sua opinião, porém, mudou depois do acidente no Barein. Ele afirmou que só sobreviveu graças ao Halo. De fato, sem a peça, o capacete do piloto de 34 anos teria ido de encontro ao guard rail. O impacto teria sido fatal.

Nomex

Graças ao Nomex, Romain Grosjean foi capaz de resistir ao fogo por quase 30 segundos sem sofrer ferimentos de maior gravidade. O macacão dos pilotos é feito com essa fibra sintética, desenvolvida pela DuPont, que é capaz de resistir a chamas de até 800 graus Celsius.
O Nomex também faz com que a temperatura dentro do macacão não passe dos 41 graus Celsius por até 11 segundos e resiste à ignição por pelo menos 10 segundos. A fibra também está presente nas outras vestimentas dos pilotos, como meias e blusas. As únicas exceções são as luvas. Ainda que sejam à prova de fogo, são feitas de outro material a fim de facilitar a operação do volante. Justamente por isso, Grosjean sofreu queimaduras de segundo grau nas mãos.

Célula de sobrevivência


A célula de sobrevivência (monocoque) é a parte do carro onde fica o piloto. É um dos itens do carro que deve, obrigatoriamente, ser construído por cada uma das equipes. Feito de fibra de carbono e alumínio, tem sua camada interna revestida de Kevlar. Assim como o Nomex, o polímero também é um produto da DuPont. Ele é altamente resistente ao calor e, segundo a empresa química, com cinco vezes a resistência do aço baseado em um peso idêntico.
A célula é submetida a inúmeros testes de segurança antes de ir à pista. Ela resiste a um impacto que equivale ao peso de um ônibus de dois andares e também evita que objetos perfurantes invadam o espaço do piloto.
Embora a célula de sobrevivência tenha protegido Romain Grosjean com sucesso, o tanque de combustível, acoplado na sua parte traseira, deve ser revisto pela FIA.
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HANS

O HANS (Head and Neck Support) tem como principal função impedir que cabeça e pescoço do piloto sofram com o impacto causado por um acidente. Com formato em U, o dispositivo fica preso apenas ao capacete por meio de âncoras posicionadas dos lados.
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O HANS foi adotado pela Fórmula 1 em definitivo na temporada 2003. Pilotos da Indy e da NASCAR também fazem uso do dispositivo criado pelo engenheiro Robert Hubbard. Assim como o Halo, a adoção do HANS na F1 foi alvo de muita polêmica. Todavia, os pilotos hoje reconhecem a importância do item.

Cinto de segurança

Por mais que a Fórmula 1 tenha completado 70 anos de história em 2020, o cinto de segurança de seis pontos só se tornou item obrigatório na categoria em 1972. Evidente que o item foi fundamental para que Romain Grosjean não tivesse lesões fatais decorrentes do impacto no guard rail.
Além disso, vale ressaltar que o piloto foi extremamente feliz na extração do cinto de segurança e dos outros itens presentes no cockpit - como conexões de rádio e encosto de cabeça. A FIA estipula que os pilotos têm que ter a capacidade de, mesmo em condições adversas, sair do carro em pelo menos sete segundos. Mesmo que Grosjean tenha levado 29 segundos para deixar a célula de sobrevivência, é importante dizer que o processo de extração foi bem sucedido.

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