Chefão confirma plano para 'utilitário' da Ferrari

Sergio Marchionne, o chefão da Ferrari e da FCA, grupo que controla a marca italiana de superesportivos, declarou em fevereiro do ano passado que a montadora nunca iria produzir um SUV e que teria de “ser baleado primeiro” antes que essa hipótese se tornasse realidade. Pelo visto, o executivo e a própria Ferrari se renderam à demanda do mercado e vão também surfar essa onda.

Durante conferência com investidores, com o balanço semestral dos resultados financeiros da companhia, Marchionne não chegou a citar o termo SUV, mas disse que “vai provavelmente acontecer, mas com o estilo da Ferrari”, e que "muitos dos nossos clientes vão mais que desejar dirigir um veículo da marca que tem esse tipo de característica utilitária".

Especula-se que o utilitário esportivo da marca do cavalinho empinado seja construído sobre a mesma base da sucessora da “shooting brake” GTC4 Lusso, hoje o modelo mais espaçoso da montadora e que conta, como o futuro modelo, com tração integral.

O que parece uma heresia para os clientes mais tradicionais da montadora italiana na verdade faz sentido ao observer a estratégia da própria FCA com outras marcas do grupo automotivo. A Maserati, outra marca italiana de esportivos, recentemente lançou o Levante, um SUV de alta performance, enquanto a Alfa Romeo está colocando no mercado o Stelvio, outro utilitário com forte pegada esportiva.

Outras marcas tradicionais europeias, algumas não necessariamente esportivas, mas que há alguns anos nunca considerariam um SUV no seu portfólio, estão seguindo o mesmo caminho. A britânica Bentley criou o Bentayga, a Lamborghini, tradicional concorrente, vai apresentar em 2018 o Urus e a Rolls-Royce está preparando o Cullinan. Tudo na esteira do sucesso do pioneiro Porsche Cayenne, lançado em 2003.

A confirmação da produção do primeiro SUV da Ferrari deve acontecer no começo de 2018, quando a empresa anuncia os planos de investimentos para os cinco anos seguintes, e o lançamento é estimado para por volta de 2022. Com o utilitário esportivo, a Ferrari deverá ultrapassar o limite auto-imposto de 10 mil unidades produzidas por ano e dobrar sua margem de lucros.

Ainda de acordo com Marchionne, o SUV da marca “não será capaz de escalar pedras" e terá o DNA dos esportivos da Ferrari, com ênfase na dirigibilidade e no alto desempenho, provavelmente com quarto portas, certamente com tração integral e com muita possibilidade de contar com propulsão híbrida.