O BYD Dolphin Mini é um fenômeno. Muita gente ainda acha que carro elétrico é um bicho de sete cabeças. E, mesmo assim, a marca chinesa conseguiu emplacar o subcompacto entre os 30 automóveis mais vendidos do mercado brasileiro em 2025.
Confira as ofertas do BYD Dolphin Mini na Webmotors!Foram quase 23 mil licenciamentos de janeiro a setembro. Número impressionante e que bota o elétrico urbano da BYD como o automóvel elétrico mais emplacado do Brasil. E eu vou aproveitar o teste com um exemplar da linha 2026 do modelo para responder à seguinte pergunta: afinal, por que o Dolphin Mini vende tão bem?
Teste: BYD Dolphin Mini 2026
O que mudou no Dolphin Mini 2026?
Visualmente, quase nada. A única novidade - oficial - do BYD Dolphin Mini 2026 (R$ 119.990) foi a opção de cor Azul. Oficialmente chamada de Glacier Blue, é, junto das tonalidades Apricity White (branco), Polar Night Black (preto) e Sprout Green (verde "marca-texto") uma das quatro opções de cores do Dolphin Mini aqui no Brasil.Mas eu que testei o carro lá no lançamento do modelo - no início de 2024 - também notei outra diferença que a BYD não fez questão de divulgar: a suspensão traseira recalibrada. Enfim, o Dolphin Mini tem um conjunto mais firme e adequado às condições brasileiras. Acabou aquela história de traseira saltitante e com a sensação de amortecedores cansados.
Pequeno por fora e grande por dentro
Já que a lista de novidades da linha 2026 foi bem enxuta, então bora partir para os finalmentes. E o primeiro forte argumento de vendas do modelo é o espaço interno.O BYD Dolphin Mini é um típico subcompacto. Mede 3,78 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,58 m de altura e tem entre-eixos de 2,50 m. É maior que um Fiat Mobi e ocupa praticamente o mesmo espaço no estacionamento que um Renault Kwid.
Mesmo assim, é impressionante o trabalho que a BYD fez de aproveitamento de espaço. A cabine do Dolphin Mini é surpreendentemente ampla para um automóvel tão compacto. Com o piso plano e um console vazado, a área disponível para as pernas no banco traseiro é melhor que a de alguns carros maiores.
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Em resumo: é possível levar quatro adultos com relativo conforto no Dolphin Mini. Principalmente se essas pessoas tiverem menos de 1,70 m de altura. Aliás, diferentemente do carro lá do lançamento, o banco traseiro agora tem cintos de segurança para levar três pessoas. No aperto, por conta da carroceria estreita. Mas caber, cabem.
Mas é a tal da história do cobertor curto. Se o espaço para os passageiros é bem amplo, o porta-malas tinha que ser pequeno. No Dolphin Mini, o bagageiro tem capacidade de apenas 230 litros. Maior que o de um Mobi. Mas ainda menor que o dos hatches compactos.
Mais por menos
Além do espaço interno, outro ponto que em que o BYD Dolphin Mini impressiona é no clima da cabine, que está bem longe da monotonia e simplicidade esperados em um subcompacto.As linhas ousadas, os bancos dianteiros com desenho esportivo e os apliques de material macio ao toque no painel, nas laterais das portas e até no console central fazem com que o subcompacto da marca chinesa pareça mais caro do que realmente é, e fique um nível acima de boa parte dos modelos na faixa até R$ 120 mil.
Além disso, o Dolphin Mini é silencioso e tem um sistema de ar-condicionado extremamente eficiente. Tão potente que você acha que um pinguim vai brotar do porta-luvas e acenar com as nadadeiras, já que consegue ser gelado em boa parte da escala de temperaturas.
A lista de equipamentos também é bem completa. De série, além do ar-condicionado, o Dolphin Mini tem seis airbags, chave presencial, bancos de couro com ajustes elétricos para o motorista, faróis de LED com acionamento automático, painel digital configurável, multimídia com tela de 10,1 polegadas, câmera 360°, sensor de estacionamento traseiro e seletor de modos de condução.
Só senti falta de um pacote ADAS com frenagem autônoma e controlador de velocidade adaptativo. Mas essa é uma ausência até que perdoável. Pelo menos o controlador automático de velocidade de cruzeiro está presente.
Um urbanóide por natureza
Equipado com um motor de 75 cv de potência e 13,8 kgfm de torque, o BYD Dolphin Mini acelera de zero a 100 km/h em 14,9 segundos e chega a 130 km/h de velocidade máxima. Não é um foguete, mas consegue enfrentar uma viagem rodoviária com certa tranquilidade.O problema é que o Dolphin Mini se sente um estranho no ninho em altas velocidades. A combinação da carroceria alta e estreita com os pneus relativamente finos - na medida 175/55 R16 - fazem com que o carro balance de um lado para o outro naquelas típicas manobras rápidas para desviar de um objeto na pista.
Esse comportamento ficou menos evidente com a suspensão recalibrada na traseira e está longe de oferecer perigo aos ocupantes. Mas não e algo que se vê em outros compactos mais baixinhos.
E outro ponto é o consumo de energia. Com uma bateria de 38 kWh, a autonomia divulgada pelo Inmetro para o Dolphin Mini é de 280 quilômetros. O problema é que - diferentemente dos carros a combustão -, é na estrada que um elétrico consome mais. E aí, você percebe que a carga está acabando mais rápido que deveria.
A coisa muda de figura na cidade. O Dolphin Mini agrada pela boa agilidade nas saídas de semáforo - principalmente com o modo de condução Sport acionado - e é surpreendente como o raio de giro do subcompacto da BYD é pequeno. O que facilita bastante as manobras em espaços mais apertados.
Apesar da suspensão traseira recalibrada ter deixado o Dolphin Mini bem mais firme, o carrinho da BYD ainda é confortável mesmo naquelas ruas com pavimento no padrão Brasil. Você sabe muito bem do que eu estou falando.
E como os freios regenerativos atuam frequentemente no anda e para das cidades, o consumo de eletricidade cai e você consegue tranquilamente rodar mais de 300 quilômetros sem parar para recarregar.
Quanto custa recarregar o BYD Dolphin Mini?
Aproveitei que precisava fazer uma parada para recarregar o BYD Dolphin Mini e resolvi fazer um teste na prática: quanto custa e quanto tempo leva para recarregar a bateria de 20% a 100% em um eletroposto.Estacionei o carro numa estação de recarga da Tupi em Santo André, no ABC paulista, com 21% de carga e autonomia restante de 81 quilômetros no painel.
Para quem não sabe, os carregadores rápidos nos eletropostos são a forma mais rápida de carregar a bateria de uma automóvel elétrico. Mas também a mais cara.
A carga completa da bateria levou uma hora. Achou muito? Pois eu não. Ainda mais considerando que o carregador reduz a potência de carga a partir dos 80% justamente para reduzir as chances de danos na bateria.
Com a bateria "cheia", o indicador de autonomia passou a acusar 380 quilômetros. Valor bem maior que o alcance oficial. Mas que é explicado justamente pelo fato de o padrão de medição do Inmetro ser bem conservador. Na prática, é possível rodar tudo isso, sim. Desde que você não bote o carro na estrada.
Divagações sobre a autonomia à parte, o mais bacana foi o valor que eu paguei por esses 300 quilômetros de alcance: mesmo estando plugado em um eletroposto, gastei exatos R$ 77,52. E você? Quanto precisa desembolsar para rodar tudo isso com o seu automóvel a combustão?
Antes que o leitor me responda, resolvi fazer uma conta de padaria aqui. Um dos carros flex mais econômicos do Brasil, o Chevrolet Onix Plus 1.0 aspirado, registra média de consumo urbano de 13,9 km/l e é equipado com um tanque de 44 litros.
Considerando que o preço médio da gasolina comum - medido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) - na cidade de São Paulo é de R$ 6,16, eu teria que desembolsar R$ 132,94 para rodar os mesmos 300 quilômetros.
Barato de rodar
E isso nos leva a outro ponto que explica o sucesso do Dolphin Mini no Brasil. O fato de ser um carro barato para rodar. Além de cobrar pouco na recarga mesmo em um caro eletroposto, o subcompacto da BYD também tem um baixo custo de manutenção.A BYD prevê revisões a cada 20 mil quilômetros ou 12 meses. Para fazer as manutenções obrigatórias até os 60 mil quilômetros - ou três anos de uso -, o proprietário terá que desembolsar R$ 1.760.
Só para comparar: o custo das três primeiras revisões em um Mobi Like - um dos carros mais baratos do Brasil - é de R$ 2.077. Mas aqui vale um adendo: o plano de manutenção do subcompacto da Fiat prevê checagens obrigatórias a cada 10.000 quilômetros. Logo...
E o seguro? Fiz a cotação no Auto Compara e o valor da cobertura completa oscilou entre R$ 2.243,30 e R$ 5.979,11. Mais uma vez, valores compatíveis com o preço de mercado desse carro aqui. Lembrando que a cotação foi feita no perfil de um homem, de 38 anos, casado e morador da cidade de São Paulo. E sem descontos ou bônus que ajudariam a baixar o preço.
A garantia do Dolphin Mini é de 6 anos sem limite de quilometragem (uso particular) ou 2 anos ou 100.000 quilômetros (uso comercial). Já a cobertura para a bateria motriz é de oito anos.
Quando vale a pena comprar um Dolphin Mini?
Respondendo à pergunta do título deste texto, o bom espaço interno, a cabine confortável, a boa lista de equipamentos e, principalmente, o baixo custo de rodagem, ajudam a explicar como o BYD Dolphin Mini está se saindo tão bem no mercado brasileiro.Mas esse é um carro que serve para qualquer um? Obviamente que não. Diria que essa é uma compra interessante para quem está em busca de um segundo carro ou que não se importa de levar um automóvel que entrega o seu melhor apenas na cidade.
Ah, e o mais importante de tudo: você precisa ter um carregador do tipo Wallbox em casa. Fundamental para não ficar 100% dependente dos eletropostos. Afinal, a meta e rodar gastando quase nada, não é mesmo?
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