O canal de notícias da Webmotors

Fiat Strada Ranch: escolhas e renúncias

Com preço de R$ 141.990, a versão rancheira da caminhonete custa o mesmo que um bom SUV compacto. Vale a troca?

por Evandro Enoshita

Já falamos várias vezes sobre os motivos que levam a Fiat Strada a ser um dos carros mais vendidos do mercado brasileiro. Mas não custa nada repetir: é uma picape leve reconhecida pela sua robustez e pelo baixo custo de manutenção. Além disso, tem uma linha completa, com configurações para todos os gostos e bolsos.
Que essa caminhonete leve é competentíssima no batente, todo mundo já sabe. Basta vez os exemplares da Strada circulando abarrotadas de botijões de gás e nos mais variados estados de (má) conservação. Como um bom brasileiro, suportando as pancadas da vida sem perder a alegria.
Mas tem muita gente de olho na picapinha como um carro de passeio e isso fica claro na decisão da Fiat de oferecer várias versões com motor turbo e câmbio automático. Será que é possível trocar um carro de passeio "comum" pela Strada? Passei uma semana com a picapinha na versão Ranch e conto para vocês como foi a experiência.
Anuncie o seu carro na Webmotors!

Fiat Strada Ranch

Rancheira no visual

A Ranch é uma das duas versões topo de linha da Strada. Custa os mesmos R$ 141.990 que a Ultra, mas se diferencia pelo visual externo mais... rancheiro e menos esportivo. Inclusive com direito aos desnecessários estribos laterais - que mais atrapalham do que ajudam na tarefa de acessar a cabine - e rodas de 16 polegadas com pneus de uso misto.
E já que estamos falando em preço, a Strada Ranch não é exatamente barata. Tanto que briga pelo cliente de SUVs compactos turbo como o Peugeot 2008 Active (R$ 139.990), Hyundai Creta Comfort (R$ 141.890) e Chevrolet Tracker LT (R$ 144.490).
Mas, voltando para a Strada, esse apelo rural está mais no visual do que na capacidade da Strada Ranch de trafegar por estradinhas intransponíveis. Apesar do bloqueio eletrônico do diferencial E-Locker - acionado na tecla TC+ no painel -, os 19 cm de vão livre para o solo e a ausência da tração nas quatro rodas aproximam a picape mais dos SUVs compactos que de um 4x4 raiz.
Falando em tamanho, a Strada Ranch ainda é um modelo de dimensões compactas: mede 4,45 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,58 m de altura e tem 2,74 m de entre-eixos. É bastante versátil no uso diário. Como qualquer compacto. Mas com a vantagem de ter uma área de carga para 844 litros e capaz de levar até 650 quilos.

É aqui que o calo aperta

A caçamba pode ser uma boa para quem costuma levar cargas volumosas e/ou pesadas de maneira mais ou menos constante. Mas não é tão prática assim para quem está acostumado com um porta-malas.
Mesmo com uma capota marítima, o espaço de carga de uma picape não é tão isolado quanto um porta-malas. Logo, a certeza é de que a bagagem vai sujar. E será preciso arranjar uma caixa para levar as compras do mercado.
Dependendo do que for transportado, uma opção é usar a cabine. E isso nos leva ao segundo problema: a Strada não é exatamente espaçosa. Mesmo para o padrão dos compactos.

Eu tenho 1,65 m de altura e me senti apertado na caminhonete. Essa limitação de espaço ficou ainda mais clara quando coloquei a cadeirinha do meu filho João, de 2 anos e 10 meses, no assento traseiro. O espaço restante no banco do passageiro dianteiro não permitia o transporte de um passageiro de mais de 1,70 m.
Também não contribuem para o conforto na cabine o volante ser regulável só em altura e o banco traseiro ter um encosto bem vertical. Outro ponto em que a picape perde pontos é no quadro de instrumentos ultracompacto, que lembra muito o do subcompacto Mobi. Distante do que se espera de um carro de R$ 140 mil.
Mas a minha convivência com a Strada não foi feita só de decepções. O volante multifuncional da picape é aquele mesmo usado em outros produtos da Fiat/Jeep e me agrada pelo bom posicionamento dos comandos.
E a multimídia de sete polegadas, apesar de básica, é bem fácil de usar. O acabamento interno é simples, como é padrão nos compactos brasileiros. Mas a variação de cores e texturas deixa o ambiente um bocado mais refinado.

Equipamentos

Na lista de equipamentos, a Fiat Strada Ranch não impressiona, mas também não decepciona.
A picape tem direção elétrica, vidros, travas e retrovisores elétricos, ar-condicionado digital e automático, bancos de couro, carregador de celular por indução, faróis de LED, airbags laterais, alarme, central multimídia, controle de tração avançado TC+.
Mas bem que a picape poderia sair de fábrica com itens como chave presencial, airbags de cortina e algum tipo de auxílio tecnológico de condução, como frenagem autônoma ou controlador automático de velocidade. Equipamentos já bem comuns nessa faixa de preço da Strada Ranch.

Mecânica

A Strada Ranch é equipada com um motor 1.0 turbo de 130 cv de potência e um câmbio automático CVT com sete marchas simuladas.
É o mesmo conjunto mecânico usado em outros modelos da Stellantis, como os Citroën C3, Basalt e C3 Aircross, os Peugeot 208 e 2008 e os Fiat Pulse e Fastback.
Com essa motorização turbo, a picape acelera de zero a 100 km/h em 9,5 segundos e atinge 180 km/h de velocidade máxima.
Já as médias de consumo rodoviário são de 13,2 km/l (gasolina) e 9,4 km/l (etanol), enquanto no ciclo urbano o consumo é de 12,1 km/l (gasolina) e 8,3 km/l (etanol).
Bora financiar? Veja nossas condições!

Ao volante da Fiat Strada Ranch

Ouso dizer que esse conjunto mecânico composto pelo motor "mil" sobrealimentado e o câmbio CVT é o melhor oferecido nos carros compactos produzidos no Brasil.
O 1.0 turbo tem fôlego de sobra mesmo abaixo de 2 mil rpm e o câmbio automático responde quase sempre com uma agilidade surpreendente para uma caixa do tipo CVT. Há apenas um leve atraso de resposta na saída. Mas nada que incomode.
É tanta agilidade que nem é preciso acionar o modo Sport, selecionado por um botão no volante e que deixa as trocas ainda mais ágeis, o acelerador mais sensível e a direção mais pesada. Usei a função só por dever de ofício e realmente a Strada fica mais divertida de andar. Mas sem botar um caminhão de diferença para o modo "coxinha".

Mesmo com esse desempenho todo, a Strada ainda é bastante econômica. Rodei mais de 350 quilômetros com a picape abastecida com etanol. 90% foram em perímetro urbano e enfrentando trânsito lento. No fim do teste, o computador de bordo exibia uma média de 10 km/l.
Por outro lado, esse motor 1.0 turbo tem um funcionamento mais áspero na Strada do que em outros modelos da Stellantis equipados com o mesmo propulsor. O carro vibra mais - principalmente em marcha lenta e baixas velocidades - e também é mais ruidoso quando exigido.
Na comparação com a Strada 1.3 aspirada, essa Strada 1.0 turbo tem por padrão uma direção mais pesada e uma suspensão recalibrada com acerto mais firme, além de freios melhorados para lidar com a potência e o torque extras.
Mesmo assim, não é exatamente um carro voltado para a satisfação do motorista ao volante. Apesar do desempenho empolgante, ainda fica aquela sensação de que  sobra motor para o restante do conjunto. Não chega a ser inseguro ou desconfortável. Mas falta refinamento.
Confira as ofertas da Fiat Strada na Webmotors!

Vale a pena comprar uma Fiat Strada Ranch?

Antes de fechar esse teste, vamos às contas: para fazer as revisões até os 50 mil quilômetros, o dono de uma Strada Ranch terá que desembolsar R$ 3.864 apenas nas manutenções obrigatórias.
Valor relativamente baixo: só para comparar, o proprietário de um Pulse Impetus teria que desembolsar R$ 3.984 pelos mesmos serviços.
A conta se inverte bastante no seguro: fiz uma cotação no Auto Compara e a melhor oferta de cobertura completa para a Strada ficou em R$ 13.179,20, ante os R$ 7.112,54 de um Pulse Impetus.
Como deixei bem claro no título, levar a Strada é uma escolha e algumas renúncias. Uma escolha por um carro com caçamba, mas que obriga você a abrir mão de mais conforto e equipamentos presentes nos SUVs compactos da mesma faixa de preço.
Ou seja: se você realmente vai usar a caçamba e não precisa ou não quer um carro espaçoso, a Strada é uma opção para você.
Ah! E se o custo-benefício também é um fator importante, vale a pena optar pela picape com o motor 1.3 aspirado, que custa menos e já atende muito bem.
Afinal, nem sempre potência extra e visual incrementado fazem de um carro a melhor opção para o seu bolso.

Veja também

Veja qual é a melhor Fiat Strada para você
Fiat Strada: dois milhões de unidades vendidas
5 SUVs usados pelo preço da Fiat Strada mais cara
Oferta Relacionada: Marca:FIAT Modelo:STRADA

Comentários

Carregar mais