Ford Mustang Mach-E

Ford Mustang Mach-E: adeus, monotonia!

O Mach-E é elétrico e SUV, mas mostra que é possível unir essas duas características e ainda criar uma máquina divertida


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Seja um belo prato vegano ou aquela costela gaúcha, sou uma pessoa bem eclética em termos alimentares e tenho uma relação bem parecida com os carros. Pouco me importa se consomem gasolina ou eletricidade. O importante é que sejam divertidos. É com esse espírito que eu encarei a tarefa de avaliar por uma semana o Ford Mustang Mach-E, o SUV que é o elétrico da marca do oval no mercado brasileiro.

O Mach-E surgiu em 2019 com uma enorme responsabilidade, já que o SUV elétrico carrega o nome do icônico Ford lançado em 1964 e que se tornou sinônimo de cupê e conversível com desempenho esportivo em suas versões V8.

Ao menos nessa versão GT Performance, que é a única oferecida pela Ford aqui no Brasil, o Mach-E realmente chama a atenção pelo bom desempenho. Mas consegue ser também um carro competente em outros campos, como você pode conferir nas próximas linhas.

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Teste: Ford Mustang Mach-E

Ford Mustang Match E 2105
O Mach-E tem visual externo claramente inspirado no do cupê com motor V8
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Cara de Mustang

Com 4,74 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,61 m de altura, o Mustang Mach-E tem porte de um típico SUV médio. Só destoa de outros carros da categoria pelo longo entre-eixos de 2,98 m, que contribui para que o elétrico da Ford tenha um visual esguio e... esportivo.

Ao desenhar o Mach-E, a Ford quis deixar claro que o modelo é parte da linhagem esportiva do Mustang - mesmo que o SUV pareça meio deslocado. Como aquele primo bonitão que se destaca numa família de gente desprovida de beleza. Ou vice-versa.

Duvida? Basta ver detalhes como a grade frontal, os desenhos das janelas laterais e das lanternas traseiras, além das enormes rodas de 20 polegadas. Até quem não entende muito de carro saca esse parentesco.

Ford Mustang Match E 1999
O painel é minimalista, quase sem botões físicos e com uma enorme central multimídia de 15,5 polegadas
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Alma de SUV

Apesar do visual exterior com várias referências ao Mustang cupê, por dentro do Mach-E é um bicho bem diferente e troca as referências retrô pelas linhas típicas de um carro elétrico.

Ou seja: o Mach-E é um automóvel de cabine minimalista, quase sem botões físicos. Tem um pequeno (mas completo) quadro de instrumentos digital e uma tela flutuante de 15,5 polegadas espetada no centro do painel.

Da temperatura do ar-condicionado ao seletor de modos de condução, passando pelo computador de bordo, é nesse enorme tablet que praticamente todos os comandos do Mach-E ficam concentrados.

Apesar disso, o layout da multimídia é bem simples e nem é preciso treinamento de aviador para achar o que você precisa. Dá até para ligar ou desligar o "one pedal drive" (que permite dirigir quase sem pisar no pedal de freio) com apenas um clique.

Na cabine, o longo entre-eixos do Mach-E permite que o modelo se destaque pelo ótimo espaço para as pernas no banco traseiro mesmo com os (excelentes) assentos dianteiros esportivos bem recuados. Em resumo: quatro adultos têm espaço de sobra.

A área para bagagens também é um ponto positivo desse Mustang elétrico: são satisfatórios 402 litros no porta-malas traseiro (que tem tampa motorizada e com acionamento por sensor) e mais 139 litros sob o capô, em um compartimento vedado, mas com revestimento plástico e drenos para lavagem. Perfeito para levar a tralha depois de um passeio na praia.

Já no acabamento interno o revestimento de tecido no painel e os painéis das portas com material macio ao toque são os pontos positivos. Porém, os plásticos rígidos no topo do painel, porta-objetos e porta-luvas ficam abaixo daquilo que se espera de um modelo que, aqui no Brasil, briga com rivais de marcas premium.

Ford Mustang Mach-E
O teclado que permite o acesso sem chave ao interior do veículo é um dos itens de série do Mach-E
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Lista de equipamentos

Bem equipado, o Mustang Mach-E tem ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, teto panorâmico, sistema de som Bang & Olufsen com nove alto-falantes e um subwoofer, carregador de celular por indução, volante aquecido, bancos dianteiros com aquecimento, ajustes elétricos e memória, portas com abertura eletrônica e tampa do porta-malas com abertura por sensor.

Já o pacote tecnológico inclui faróis e lanternas de LED, câmera 360°, suspensão adaptativa, seletor de modos de condução com três opções de ajuste, assistente de estacionamento, monitor de pontos cegos, assistente de manutenção em faixas, controlador adaptativo de velocidade e painel digital de 10,2 polegadas.

Com dois motores, o Mach-E tem 487 cv de potência e 87,7 kgf.m de torque
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Mecânica

Nesta versão GT Performance, o Ford Mustang Mach-E tem dois motores elétricos, com potência combinada de 487 cv e torque de 87,7 kgf.m. Com tração integral, o SUV acelera de zero a 100 km/h em 3,7 segundos - marca melhor que de muitos esportivos "puros".

A bateria tem 91 kWh de capacidade e permite que o Mach-E tenha uma autonomia de até 379 quilômetros no padrão Inmetro. Compatível com carregadores rápidos DC de até 150 kW, permite obter até 99 quilômetros de autonomia em 10 minutos na tomada.

Divertido de guiar, o Mustang Mach-E também é um carro confortável para levar a família
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Cavalo eletrizado

A autonomia de 379 quilômetros pode parecer muita coisa. Mas essa marca faz com que o Mach-E seja uma escolha mais interessante para quem vai usar o carro a maior parte do tempo na cidade ou em curtos passeios.

É que, em baixas velocidades, o sistema de freios regenerativo completa a bateria e ajuda a reduzir bastante o consumo de energia. Já no uso rodoviário, sem a energia gerada pelas frenagens frequentes, a autonomia do veículo cai bastante. Característica, aliás, que é comum a todos os carros elétricos.

Falando em desempenho, desta vez números não enganam: o Ford Mustang Mach-E realmente é um carro divertidíssimo para guiar e que não faz feio frente ao cupê V8.

Os 87,7 kgf.m de torque disponíveis desde o momento em que se aperta o botão de partida garantem ao SUV arrancadas de colar o corpo no banco (com visual que lembra os assentos ejetáveis dos aviões de caça), mesmo sem pisar muito fundo no acelerador.

Para quem gosta de andar forte, o modo de condução Unbridle (o mais extremo dos três disponíveis no modelo) é o mais recomendado. A direção fica mais pesada e a suspensão, mais firme, enquanto a resposta ao acelerador fica ainda mais ligeira.

O sistema de som, inclusive, passa a emular o ronco de um motor a combustão quando o acelerador é acionado. Não é muito empolgante, mas é melhor do que nada. E na hora de parar, os freios Brembo são impecáveis.

Mesmo com esse comportamento nervoso, o Mach-E é um carro muito na mão e  surpreendentemente confortável mesmo em pisos irregulares. Ainda mais se você optar por rodar nos modos de condução Whisper e Engage, que ativam um acerto mais manso e deixam a suspensão mais macia.

Mérito do sistema de suspensão adaptativo com amortecedores MagnaRide, que têm um fluído eletromagnético e comando computadorizado para priorizar o conforto ou a dinâmica de acordo com o apetite do motorista. Equipamento que, vale destacar, também está presente no cupê V8.

Conclusão

Esse Mustang Mach-E tem valor de tabela de R$ 486 mil. Nessa faixa de preço, o SUV da Ford concorre com modelos médios de marcas premium, como o híbrido Volvo XC60 e o elétrico BMW iX3.

Esportivo e, ao mesmo tempo, familiar, o Mach-E é o carro ideal para quem já tem o Mustang V8 e quer um utilitário esportivo para levar a família em passeios bem divertidos.

Mas quem sou eu para te repreender se você decidir pular o V8 e partir de uma vez para o SUV elétrico da família Mustang. Afinal, o que vale é a diversão. Independentemente do tipo de combustível.

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