O objetivo talvez seja este mesmo. Seduzir jovens endinheirados que primam pelo exclusivismo e uma aparência consciente.
O modelo desembarcou por aqui em 2013, cerca de um ano depois de a marca ter iniciado as suas operações no país e já no ano seguinte recebeu algumas atualizações estéticas e de equipamentos. O visual não é arrebatador, opta mais pela descrição elegante do que pela esportividade escancarada. O destaque está na dianteira, com as luzes diurnas em LED no contorno inferior dos faróis dianteiros complementado por linhas de corte reto do para-choque. Pena que o mesmo charme e ousadia não chegou à traseira, que lembra o Chevrolet Astra antigo.
Enquanto a aparência sugere um toque de alta classe, a escência mecânica é emprestada de um modelo com muito mais prestígio e volume de vendas, o Toyota Prius, que foi o primeiro híbrido de produção no mundo e que já está na quarta geração.
O parentesco ilustre (e mais humilde) confere ao CT200h um interessante conjunto motriz. Um propulsor a combustão (gasolina) de quatro cilindros e 1.8L VVT-i 16v DOHC capaz de produzir 99 cavalos de potência máxima trabalha combinado a um elétrico que gera o equivalente a 82 cv. Somado, o conjunto entrega 136 cv e um bom torque máximo de 21 kgf.m.
O câmbio é CVT (transmissão continuamente variada) e há quatro modos de condução. Em todos, o motor elétrico dá uma força para o propulsor a combustão. Uma sacada dos engenheiros japoneses é a regeneração de energia que acontece de diversas formas, inclusive durante as frenagens. Todo o processo pode ser acompanhado pelo condutor através de gráficos no cluster e em uma tela LCD multimidia de oito polegadas no painel central. É divertido e estimulante acompanhar o carregamento das baterias.
Em modo EV (EV Mode), o CT200h pode rodar a até 50 km/h apenas com energia elétrica. Para auxiliar o motorista a um condução mais responsável, o cluster passa a exibir um medidor de consumo ou de carga das baterias.
A comparação com aqueles carrinhos de golfe é inevitável. Na saída da garagem o Lexus se move tão silenciosamente que é prudente piscar os faróis ou até a buzinar para evitar alguma batida ou atropelamento. No anda e para dos congestionamentos o motor elétrico mostra ser uma arma e tanto contra o disperdíco de combustível.
Um dado interessante deste (e de outros) híbridos é que o consumo é menor na cidade do que na estrada, justamente por conta do uso do sistema combinado dos motores na primeira situação ser maior.
Segundo a Lexus, o CT200h pode chegar a 15,7 km/l no ciclo urbano e 14,2 km/l, valores muito bons para um modelo que pesa quase 1,5 tonelada (1.465 quilos). Estes números conferiram ao hatch nota A no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular na categoria veículos médios em 2014. Como comparação, o Audi A3 SportBack Ambition (R$ 137.190) equipado com motor 1.8 TFSI (180 cv) e câmbio S tronic registrou 9,6 km/l no meio urbano e 14 km/l no ciclo rodoviário.
A proposta deste híbrido está longe de ser esportiva, mas em modo SPORT o CT200h mostra a sua graça. A iluminação do painel de instrumentos vai do pacífico azul para o vermelho raivoso e surge um marcador das rotações do motor no lugar do medidor de carga da bateria. Os motores trabalham em conjunto e a economia de combustível é deixado em segundo plano.
A aceleração inicial forte é conseguida pelo torque máximo do motor elétrico desde a mais baixa rotação, porém o peso alto do hatch barra qualquer entusiasmado. Segundo o fabricante, o CT200h faz de 0 a 100km/h em 10,3 segundos, já a velocidade máxima é limitada a 180 km/h. Mesmo assim, o híbrido é divertido de guiar, a suspensão é acertada para não fazer feio nas curvas mais fechadas e o volante pequeno, mesmo com assistência elétrica, respende bem em um circuito travado.
Luxo de sobra
Um dos pontos que fez a Lexus desbancar as alemãs Mercedes-Benz, BMW e Audi no concorrido mercado americano foi a qualidade no acabamento interno. No CT200h é possível entender melhor o nível de sofisticação alcançado pelos japoneses.
Na versão Luxury, por exemplo, parte do revestimento do painel é feito com lâminas de madeira claras e escuras que são selecionadas por um processo com 67 etapas de produção e que dura 38 dias para ser finalizado. O couro legítimo que recobre os bancos traz costuras microperfuradas com precisão.
Além de refinamento, a marca também quis rechear o seu híbrido com tecnologia. Os faróis são em LED, assim como as luzes diurnas, o sistema multimídia com GPS e TV digital pode ser operado por uma espécie de mouse bastante intuitivo, há sensores de estacionamento na dianteira e traseira e também uma câmera de ré, os espelhos retrovisores externos são antiembaçante, o ar-condicionado é digital e bizone, o freio de mão é elétrico, o acionamento do veículo é feito por botão e a chave tem sensor de aproximação e destravamento automático das portas e porta-malas. Para completar o pacote dos principais itens de série há teto solar elétrico, rodas aro 16, cruise control, controle de estabilidade com EBD e oito airbags.
O conjunto é atraente, mas a Lexus poderia ter sido menos econômica e trazido itens mais de ponta como auxiliar de estacionamento em vagas paralelas e perdendiculares e piloto automático adaptativo, que hoje já estão presentes nos hatchs mais baratos Volkswagen Golf e Ford Focus.
Garantia de chinês e revisão de carro popular
Além do bom acabamento, a Lexus se firmou também pela confiabilidade dos seus modelos. Para manter a tradição a marca oferece quatro anos de garantia para o seu híbrido sem limite de quilometragem. Além disso, há um plano de revisões com preço fixo com mão de obra inclusão que faz inveja a muita marca que se diz popular.
As manutenções ocorrem a cada 10.000 quilômetros, sendo que a primeira sai por R$ 192,19. Parece pegadinha? Pois a de 20.000 km custa R$ 457,69 e a de 50.000 km apenas R$ 398,69. A mais cara até os 60.000 é a última com um valor de R$ 1.339,73.
O Lexus CT200h não tem outros híbridos como concorrentes diretos no mercado brasileiro. As propostas de Ford Fusion Hybrid e Toyota Prius são bem diferentes deste hatch. Este é um bom argumento para se diferenciar dos seus reais competidores, leia-se Mercedes- Benz Classe A, BMW Série 1, Audi A3 e Volvo V40. Exclusividade e um nível de acabamento acima da concorrência continuarão a ser os pontos de destaque deste hach, que precisará atualizar a sua lista de equipamentos e apimentar o seu conjunto mecânico se quiser fisgar àquele jovem endinheirado que é cosciente, mas também antenado.
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