Mercedes-AMG A 45 S: insanamente divertido

Qual é a fórmula da felicidade? Para um apaixonado por carros, um dos caminhos para a plenitude é a combinação de uma carroceria leve e compacta com o maior motor possível. Foi assim que nasceu o Mercedes-AMG A 45 S. Mas também dá para chamar de hot hatch insano. E bota hot nisso.

Vamos aos números: pesando 1.680 quilos, o A 45 S tem um motor 2.0 turbo que desenvolve 421 cv de potência e 50,99 kgf.m de torque. É simplesmente o dois litros de quatro cilindros mais potente do mundo feito em série.

A tração integral e o câmbio automatizado AMG Speedshift DCT 8G, de oito marchas e dupla embreagem, permitem que esse hatch acelere de zero a 100 km/h em 3,9 segundos e atinja a velocidade máxima de 270 km/h. Um canhão. E eu vou contar nas próximas linhas como foi a experiência de usar essa máquina no meu cotidiano.

O Mercedes-AMG A 45 S

Visual atualizado

A quarta geração do Mercedes Classe A foi revelada em 2018, mas a versão esportiva A 45 S 4Matic+ só estreou no mercado internacional no ano seguinte. Em 2022, o hatch passou por um leve facelift, que estreou no fim do ano passado no Brasil.

As mudanças estéticas foram bem leves: apenas novos faróis e lanternas, e o logo da estrela trocado pelo da AMG no topo do para-choque. E só.

O hot hatch da marca alemã é chama muito a atenção, mesmo parado. As belas rodas, com acabamento escurecido e fosco, são de 19 polegadas. Já a grade frontal, do tipo Panamericana, é um item padrão nos carros de alto desempenho da marca alemã.

Esportivo e luxuoso

Por dentro, o facelift veio acompanhado da adoção do novo volante multifuncional AMG Performance, que agora tem um atalho para o seletor de modos de condução e também permite alterar recursos específicos, como a atuação do controle de estabilidade e até a sonoridade do escape.

Se encanta por fora, o A 45 S enche os olhos no interior: bancos esportivos com revestimento em microfibra, ajustes elétricos e memória de posição nos assentos dianteiros, e ainda duas telas de 10,25 polegadas no tablier.

Tudo com a sobriedade (e o aroma característico) dos carros da marca alemã. A única ousadia são os cintos de segurança vermelhos. Mas que, no final das contas, combinaram bem com o conjunto.

Apesar da proposta 100% esportiva, os 4,45 m de comprimento, 1,99 m de largura, 1,41 m de altura e 2,73 m de entre-eixos fazem com que esse Mercedes-AMG seja um típico hatch médio. Tem espaço bem razoável para os passageiros e um porta-malas de 370 litros. Ou seja: melhor do que muitos automóveis ditos familiares.

Quais os equipamentos do Mercedes-AMG A 45 S?

De série, o Mercedes-AMG A 45 S tem ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial, painel digital configurável de 10,25 polegadas, multimídia MBUX com tela de 10,25 polegadas e som premium Burmester Surround com 12 alto-falantes de 710 Watts de potência, carregador por indução, bancos dianteiros com ajustes elétricos e memória, teto solar panorâmico e retrovisores externos com rebatimento e escurecimento automático da lente.

O pacote tecnológico tem seletor de modos de condução, escape com sonoridade variável, faróis de LED adaptativos, sistema de direção semiautônomo (controlador adaptativo de velocidade, frenagem autônoma, assistente de manutenção em faixa e de manobras evasivas), além de monitor de pontos cegos, assistente de estacionamento e câmera de ré.

Dirigindo o Mercedes-AMG A 45 S

Tomei um susto quando olhei para o painel de instrumentos e percebi que o carro cedido pela Mercedes-Benz era praticamente zero-quilômetro. Algo incomum para um veículo de frota de imprensa. Tive certeza de que o A 45 S era realmente zerado quando percebi que até a multimídia ainda tinha o plástico protetor na tela.

Já diz o ditado que, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. Todos os carros precisam passar por uma rotina de amaciamento nos primeiros quilômetros e isso é especialmente importante nesses automóveis de alto desempenho. Você pode, literalmente, fritar o motor da máquina se começar a guiar de cara com o pé embaixo.

No caso do A 45, um adesivo no para-brisa me lembrava a todo instante para não ultrapassar os 4.500 rpm e os 140 km/h. Quanto à velocidade máxima, até que estava tudo bem. Não iria rodar com o carro em um autódromo, mesmo. Já o limite de giros foi mais cruel.

Até porque dar aquelas esticadas para fazer o motor berrar alto é parte importante da experiência de rodagem em um carro desses. Ainda mais em uma máquina como esse Mercedes, com um som de motor bem grave para um quatro cilindros.

Por vários segundos, um diabinho e um anjinho brigaram para ver quem iria assumir os caminhos desse teste. Diferentemente de outros esportivos, esse Mercedes não bota barreiras eletrônicas e deixa na mão do motorista a escolha (ou não) de fazer o certo. No final das contas, decidi não abusar (tanto) do A 45. Ainda que o carro não fosse meu - mas exatamente por isso - eu devo me importar muito com isso. Mas é um AMG, poxa!

Tudo, também, em respeito ao trabalho de herr Kevin Fenn, o alemão que montou artesanalmente o M139, aquela obra-prima de alumínio de 421 cv. Que, por isso mesmo, ganhou o direito de colocar a sua assinatura em uma plaquinha na capa do motor. Aliás, para quem não sabe, os carros da AMG tem esses motores montados à mão por técnicos capacitadíssimos, quase artesãos.

Sem abusar do carro, o A 45 S tem consumo de hatch médio. Segundos os números oficiais do Inmetro, registra médias de 7,9 km/l (cidade) e 10,5 km/l (estrada). Mas eu consegui ultrapassar os 12 km/l no uso rodoviário - tentando gastar pouco. É claro que esses números pioram bastante se você deixar de ligar para o tanque esvaziando.

Apesar de tudo, eu me diverti... muito. É que o A 45 é um automóvel nervoso mesmo em baixas velocidades e baixas rotações. Não é preciso pisar tão fundo no acelerador para que o carro embale com uma facilidade impressionante.

Foi preciso uma dose cavalar de autocontrole para não ultrapassar as 4.500 rpm nessas aceleradas. Ainda mais com a direção direta e o sistema de tração integral garantindo que estava tudo sob controle. Literalmente.

Naqueles momentos em que você não quer pisar fundo, a existência do sistema de direção semiautônomo é importantíssima. Você deixa o carro dirigir sozinho e quase dá para achar que você está no comando de um luxuoso Mercedes-Benz, e não de um esportivo Mercedes-AMG.

Só não dá para esquecer completamente, pois o A 45 S não é um carro feito para ser confortável. Não estou falando dos belos bancos esportivos e nem da posição (impecável) de dirigir. Mas da suspensão, que é bem firme e não trata os ocupantes de maneira tão agradável mesmo em pisos apenas levemente irregulares.

Lembra que eu falei que esse carro tinha espaço para levar a família? Bom, aposto que, depois dessa, você vai acabar é levando os seus amigos gearheads mesmo.

Quanto custa um Mercedes-AMG A 45 S?

O Mercedes-AMG A 45 S custa R$ 593.900. Não é barato. Mas esse é um daqueles carros que são comprados pelo que são, pouco importando o preço que custam. Afinal, esse é um belíssimo (e exclusivo) brinquedo sobre quatro rodas, que certamente não terá que se desdobrar como um automóvel familiar.

E tem outro fator, também. O hot hatch da Mercedes-Benz é o único carro do seu perfil nesta faixa de preço. Os modelos mais próximos na mesma proposta são o Honda Civic Type R (R$ 429.900) e Toyota GR Corolla (R$ 461.990 na versão Circuit).

Mas você vai concordar comigo que esses concorrentes nem são tão concorrentes assim, já que cada um deles têm o seu público fiel. Já eu gostaria é de ter os três na minha casa.

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