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Renault Kwid: racionalidade que basta

Avaliamos a versão topo de linha Intense (R$ 39.990), que entrega o que promete, mas ainda pode melhorar...

por Marcelo Monegato



Honesto e simples. Assim defini, após um primeiro e rápido contato, o recém-chegado Renault Kwid. Agora, com pouco mais de 750 quilômetros rodados com a versão topo de linha Intense em menos de uma semana, me sinto confortável para acrescentar mais uma qualidade ao compacto: racional.


VÍDEO



O Kwid é um típico urbanoide. Tem habilidade de sobra para viver entre os arranha-céus. É esperto. Até mesmo malandro, no bom sentido. Traz sob o capô motor 1.0 12V bicombustível de apenas três cilindros, o mesmo da família SCe que equipa Logan e Sandero, mas com tecnologias e recursos à menos, que resultam em 66 cv (g)/70 cv (e) de potência e 9,4 kgf.m (g)/9,8 kgf.m (e) de torque. Parece pouco. Porém, posso cravar que está na medida. Surpreende o pessimismo. E por um simples motivo: peso. O Kwid tem apenas 786 kg!


De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, o Renault faz na cidade 10,3 km/l e 14,9 km/l quando abastecido com etanol e gasolina, respectivamente. Nas minhas medições, no entanto, os números foram ligeiramente superiores: 11,3 km/l (e) e 15,1 km/l (g)


Outro ponto que entrega agilidade ao Renault é a relação curta do câmbio manual de cinco velocidades. As quatro primeiras marchas deixam o Kwid com fôlego ideal para boas retomadas, quando em rotações médias e altas. Nas saídas dos semáforos, o compacto mostra vivacidade, mesmo em ladeiras mais íngremes. Interessante é que a quinta marcha não funciona como um ‘overdrive’, entregando agilidade entre 80 km/h e 90 km/h.



O resultado deste trio – motor, câmbio e peso – é um Kwid econômico. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, o Renault faz na cidade 10,3 km/l e 14,9 km/l quando abastecido com etanol e gasolina, respectivamente. Nas minhas medições, no entanto, os números foram ligeiramente superiores: 11,3 km/l (e) e 15,1 km/l (g).


Na estrada, no entanto, os números ficaram em 10,8 km/l (e) e 15,6 km/l (g). Vale destacar que no trecho rodoviário que encaramos durante o teste, o Kwid revelou pouca desenvoltura. Rodando a 120 km/h, o ponteiro crava elevados 4.000 rpm. É possível sentir os três cilindros trabalhando freneticamente e o ruído do vento acaba sendo um intruso desconfortável. O revestimento acústico poderia ser melhor trabalhado.


O que diferencia a versão Intense das demais são a câmera de ré e a central multimídia Media Nav 2.0 (tela de 7 polegadas sensível ao toque) – a mesma que equipa os outros modelos da Renault. Trata-se de uma tecnologia de fácil manuseio, mas ultrapassada


O ajuste da suspensão é firme, o que agrada por ser um veículo curto e com centro de gravidade ligeiramente elevado – tem 1,47 metro de altura e 18 centímetros de vão livre em relação ao solo. Esta configuração evita uma inclinação exagerada nas frenagens bruscas e curvas acentuadas. Em alguns buracos, no entanto, a batida é mais seca e chega a incomodar. Ponto positivo parra os amortecedores, que dificilmente dão final de curso ao varar, por exemplo, uma lombada mal sinalizada. As rodas são de aço (14 polegadas) e calçam pneus  165/70 R14.



VICIADO NO CAOS


O Renault Kwid tem ergonomia agradável e não chega a cansar no trânsito. Isso, porém, para pessoas com estatura mediana. O compacto, infelizmente, é desprovido de qualquer regulagem da coluna de direção (altura e profundidade) ou ajuste do banco do motorista (altura). Os assentos dianteiros têm o apoio de cabeça ‘fundido’ com o encosto, lembrando o banco do Volkswagen Up!. O volante é pequeno – remete ao do elogiado Peugeot 208 – e tem empunhadura ‘ok’. Poderia ser multifuncional – ou ter, pelo menos, aquele comando satélite tradicional de modelos como Logan, Sandero, Duster...



E dentro de suas medidas acanhadas (confira na ficha técnica), o Kwid oferece bom espaço interno, mas com algumas ressalvas. A primeira delas é que, apesar de ter sido homologado para levar até três pessoas no banco traseiro (tem os três encostos de cabeça), o Renault consegue transportar com conforto apenas dois. A segunda é que com 1,70 metro de altura, não tive problemas com a cabeça ou joelhos, mas uma amiga com 1,82 metro não ficou muito à vontade...



 


O ar-condicionado é analógico e os vidros elétricos, apenas nas portas dianteiras. As travas são elétricas, mas com funcionamento não muito prático. Ao desligar o veículo e tirar a chave do contato, as portas não destravam automaticamente. Nem mesmo quando puxamos a maçaneta, elas destravam. É preciso pressionar o botão no painel central – onde estão os comandos dos vidros elétricos, diga-se de passagem – para sair.



 


O acabamento é ‘ok’. Tem bastante plástico rígido por todas as partes e alguns detalhes em cromado e black piano.


CUSTOS


O Renault Kwid é sedutor no preço, não posso negar. Mesmo ‘peladona’, a configuração de entrada Life (R$ 29.990) é interessante, se nos colocarmos no lugar daqueles que desejam um carro pois estão cansados do péssimo transporte público oferecido nos grandes centros, não têm muito dinheiro para investir e não querem se endividar com prestações elevadas a perder de vista.


Com relação à manutenção, as seis primeiras revisões periódicas – que acontecem a cada 12 meses ou 10.000 km, o que acontecer primeiro – custam R$ 2.449 na versão Intense. O seguro médio, de acordo com cotação do Autocompara, ficou em R$ 3.000 (um pouco elevado).



CONCLUSÃO


Honesto, simples e racional. O Renault Kwid entrega praticamente tudo o que um compacto – porém não SUV – precisa: preço inicial atraente, economia de combustível, lista de equipamentos com o ‘básico ideal’ e performance urbana. No entanto, acredito que a versão ideal é a intermediaria Zen (R$ 35.390). Eu não gastaria mais R$ 4.600 para ter uma central multimídia defasada e câmera de ré em um carro de 3,68 metros de comprimento – um sensor traseiro já estaria de bom tamanho, além de muito mais em conta.



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