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Teste: como roda o novo Caoa Chery Tiggo 3X

SUV compacto é novo modelo montado sobre o conhecido Tiggo 2, mas tem novo motor 1.0 turboflex e câmbio CVT inédito

por André Deliberato

Depois da apresentação, hora de acelerar o Caoa Chery Tiggo 3X, mais novo lançamento da marca chinesa que tem como objetivo ser o carro-chefe da empresa aqui no Brasil. Para nossa avaliação, recebemos a configuração Pro, mais cara, que tem etiqueta de R$ 99.990.
Visualmente, como se vê, o Tiggo 3X é montado sobre o que já conhecemos do Tiggo 2, mas tem diferenças no design. Na frente, o desenho é inédito e tem um pontilhado de LEDs na parte superior - que também funciona como DRL (lembra o design criado pelo Jeep Cherokee no começo da década passada e tem um "quê" de Toro e C4 Cactus) - e uma grade 3D, que é exclusiva dessa versão.
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Já o desenho de traseira é praticamente igual ao do Tiggo 2, embora traga um novo para-choques. Em termos práticos, daria para dizer que o novo carro poderia ser uma reestilização do modelo já conhecido, mas a empresa preferiu criar algo totalmente novo e nomeá-lo - algo que a Peugeot fez com 206 e 207 e que a Mitsubishi recentemente adotou com ASX e o "novo" Outlander Sport.

Hora de acelerar o Caoa Chery Tiggo 3X

A chave já é diferente e tem um formato no qual não estamos habituados. Tem tamanho e o formas de um isqueiro, mas é sofisticada. Abro o carro, mas também noto que seria possível ligar o motor para climatizar a cabine do lado de fora, o que é ótimo para temporadas de verão - esse recurso, no entanto, é limitado à versão mais cara "Pro".
Abro, sento e ajusto banco e retrovisores para meu tamanho - os bancos têm regulagem manual, mas os espelhos no Tiggo 3X Pro são eletricamente reguláveis. Dou a partida pelo botão - outra singularidade da configuração mais cara - e saio rumo ao meu destino. Estava em São José dos Campos e iria para São Francisco Xavier, ambas cidades no interior de São Paulo.
O combustível no tanque é etanol. O motor é inédito: 1.0 turboflex de até 102 cv e 17,1 kgf.m com etanol (98 cv e 16,8 kgf.m com gasolina), acoplado a uma caixa de câmbio também dita como nova pela Caoa Chery - é um CVT com simulação de nove marchas. A "novidade", no caso, é justamente a possibilidade de emular nove escalas de velocidade.

Saio da inércia e o barulho que invade a cabine "ainda" me incomoda - o SUV tem ótima acústica para um carro de marca chinesa, já que o trabalho dos fabricantes sino-brasileiros como Chery, JAC e BYD tem sido cada vez melhor nesse quesito, por isso o "ainda". Quando você precisa de fôlego, o Tiggo 3x entrega, mas deixa claro para quem está na cabine que um esforço precisa ser feito.
Motor e câmbio são bem casados, mas há um delay do turbo que demora a responder em algumas condições de trânsito. É fato, por isso, que o carro é muito mais ágil em retomadas e reacelerações, onde o motor já trabalha em médios regimes, do que em partidas da inércia. Em termos dinâmicos, é o mesmo que o Tiggo 2: sai um pouco de frente, mas tem boa estabilidade para um crossover.
Mas há um lado bom nessa história: o consumo. Fizemos uma média de 9,5 km/l com etanol em percursos mistos (cidade e estrada), sempre com duas pessoas dentro do carro e ar-condicionado ligado. Segundo a Caoa Chery, o Tiggo 3X consegue fazer 7,8 km/l na cidade e 8,5 km/l na estrada com etanol e 11,2 km/l e 12,2 km/l nas mesmas condições com gasolina.

Espaço interno

Este é outro ponto interessante, já que pelo valor e pela proposta falamos de um carro com pegada mais familiar. Mesmo com os bancos dianteiros posicionados para quem tem 1,80 m de altura, há bom espaço para duas pessoas na parte de trás - um palmo de distância entre os bancos e os encostos dos dianteiros e uma palma fechada para a cabeça. Três já vão com aperto, mas três crianças cabem sem aperto.
Os bancos de couro da versão mais cara também reforçam a sensação de luxo que o Tiggo 3X quer passar. E o acabamento no geral é muito bom, mas não poderia ser diferente pelos valores cobrados. Mas é fato que por essa faixa de preço é possível encontrar ofertas de carros com interior mais refinado, mesmo que de outras categorias, se isso for importante na hora de fechar uma compra.
Já o porta-malas é digno de elogios. Tem os mesmos 420 litros de capacidade de um Tiggo 2, número tão bom que pode ser comparado ao de um sedã ou SUV médio.

Sport ou Eco

Há, também, dois modos de condução, que podem ser escolhidos e selecionados por um botão na chave de comandos ao lado esquerdo do volante - que fica bem escondido, para ser sincero. No Sport, o display de LCD no quadro de instrumentos fica vermelho e o carro altera o comportamento de motor e câmbio e até da válvula wastegate do turbo para uma tocada mais instantânea.
Nessa opção, as respostas ficam mais rápidas, as trocas de marcha idem e o Tiggo 3X fica mais esperto de modo geral. Já na Eco, que é a escolha "standard" do carro e que ativa quando se dá a partida no motor, o painel digital atrás do volante fica azul e tudo é programado pela ECU (central de comandos do carro) para economizar combustível e emitir menos poluentes.

Conectividade

A central multimídia também passou pela avaliação do WM1. Embora não seja flutuante e ainda não forneça CarPlay ou Android Auto sem fio, o sistema conectado via cabo é rápido e responsivo. Já nas funções principais sem conexão com o celular a central emite aquele barulhinho tradicional de sistemas chineses, mas pelo menos há possibilidade de deixá-lo no mudo.
Mas uma coisa não me agradou: o botão de desligar/ligar e ajustar o volume não fica na tela, e sim escondido atrás da alavanca de câmbio. Isso significa que este escriba ficou pelo menos dois minutos procurando tal recurso em uma necessidade quase que urgente de botar no mudo o rádio...
Ao lado desse "Power" da central multimídia ficam também os botões do sistema de controle de descida, que funciona muito bem, e um com o símbolo de "configurações" que leva a tela da central multimídia à página de ajustes. A única contrapartida nesse pedaço fica por conta do freio de estacionamento, que lá fora é por botão eletrônico, mas no carro nacional ainda é por alavanca.

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