O canal de notícias da Webmotors

Teste: novo Kia Cerato é o carro ideal... de 2017

Rodamos com a nova geração, que mostra boa evolução e que seria forte concorrente de Corolla e Civic. Alguns anos atrás

por André Deliberato

Calma, você não leu errado! Estamos falando do novo Kia Cerato, lançado no final de 2019 e que começou a ser vendido como linha 2020 há alguns meses. Nas próximas linhas você vai entender porque chamamos ele de carro ideal para 2017.
Antes, vamos especificar detalhes de sua construção: o sedã médio é rival de Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze, VW Jetta, Nissan Sentra e cia.
O modelo usa motor 2.0 flex de 167 cv e 20,6 kgf.m de torque com etanol (e 156 cv e 19,2 kgf.m com gasolina) e câmbio automático de seis marchas. Se vale dos bons preços como principal atrativo de compra - atualmente, custa R$ 94.990 na versão EX, de entrada, e R$ 104.990 na topo de linha SX. Essa mais cara foi a testada pela equipe do WM1. Vale considerar que o Cerato mais caro também custa, em média, o preço das versões intermediárias (e mais vendidas) de seus rivais - já que as versões de topo de seus concorrentes já beiram os R$ 140 mil.
Visualmente, ele é bem resolvido, bonito e agressivo, claramente inspirado no Stinger, o sedã esportivo e de luxo da Kia que custa mais de R$ 300 mil. É mais bonito, até, se olharmos só para a parte de trás - afinal, o Stinger de traseira não é tão atrativo quanto visto de frente.
Porém, embora design seja coisa relativa e subjetiva, o visual do Cerato não encanta tanto a ponto de o considerarmos mais belo que Corolla, Civic e Cruze, os três principais carros da categoria. Talvez, sim, contra estes mesmos três modelos em suas gerações passadas...

Como ele anda?

Vamos direto ao ponto: é gostoso dirigir o novo Kia Cerato. Na comparação com o modelo anterior (que usava motor 1.6 de 126 cv, o mesmo da linha Hyundai HB20), é grande a percepção de evolução. Tanto no rodar quanto no acabamento.
Começando pelo rodar: o carro evoluiu. Comportamento dinâmico está melhor e mais acertado, também porque o carro cresceu de tamanho. Agora são 4,64 m de comprimento (8,1 cm maior se comparado à medida do modelo anterior), embora entre-eixos e largura sejam as mesmas: 2,70 m e 1,80 m, respectivamente.
Em altura, o carro está 3 cm mais baixo, caindo para 1,43 m. O que também ajuda para o controle mais divertido do carro. Afinal, o centro de gravidade está mais baixo.
Na prática, ele ficou mais na mão, embora o espaço interno tenha evoluído pouco e pudesse ter ficado maior, principalmente por conta da distância entre os eixos ser a mesma. Ao menos o porta-malas cresceu - mesmo que timidamente - de 420 litros para 436 litros.

As rodas de 16 polegadas são um percalço, além de não serem esteticamente bonitas. Poderiam ser de um aro maior, de 17", o que deixaria o carro com uma pegada ainda mais esportiva por conta da estabilidade.
Além disso, os pneus têm perfil muito alto, fato que contribui para a sensação de maciez ao volante. As suspensões são tradicionais: McPherson na dianteira e eixo de torção atrás. Alguns concorrentes, por exemplo, já usam jogo independente no conjunto traseiro...
As respostas do motor são vigorosas, mas demoram a aparecer por conta do seu tipo de construção - cena típica de motores aspirados, potentes, mas não torcudos, algo tradicional nessa categoria (só que em gerações passadas).
Quando embala, legal: o carro estica bem e consegue até dar prazer ao motorista, porém, como falamos, isso demora a acontecer. O câmbio foi "treinado" para privilegiar o conforto, não a esportividade, e cumpre bem seu papel.
Consumo, por não existir um turbo no conjunto, também não é seu ponto forte. Não chegamos a rodar com todo o tanque, mas uma viagem entre Itu e São Paulo, distância de 100 quilômetros, consumiu quase metade dos 50 litros de etanol que havia no carro de teste.
Ou seja, cerca de 20 litros para rodar 100 quilômetros significa consumo de 5 km/l. O carro estava sempre com o ar-condicionado ligado e rodando em velocidade de cruzeiro. Segundo o Inmetro, o Cerato faz 6,5 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada com etanol. Com gasolina: 9,6 km/l e 13,1 km/l, respectivamente. Passamos longe.

Bem construído

Agora, sobre o acabamento: por dentro, a quantidade de mimos e de materiais bem construídos, que reforçam essa sensação de esmero e cuidado, cresceu. O Cerato - finalmente e depois de várias gerações - pode ser chamado de sedã médio, digno de rivalizar com os carros já citados neste teste.
Bancos de couro, controlador automático de velocidade, chave presencial, câmera de ré e sistema multimídia com conexão fácil para Apple CarPlay e Android Auto são outros destaques do carro que, apesar de extremamente necessários, chegam de certa forma com atraso em sua linha.
Quer comprar um Cerato? Clique aqui e veja o estoque exclusivo da Webmotors
A tecnologia de entretenimento é fácil de mexer e bastante intuitiva: permite conexão via Bluetooth ou por cabo. A tela "flutuante", como acontece em outros carros dessa faixa de preço, é moda que parece ter chegado para ficar. O ar-condicionado com display digital é um dos charmes da versão mais cara.
Além disso, os cursores de comando no volante e as entradas USB no console, uma inclusive para carregamento rápido de celular, reforçam o posicionamento do Cerato de "carro mais caro".
Ele tem até seletor de modo de condução, na bancada de opções ao lado da manopla do câmbio. E opção de aquecer os bancos dianteiros, algo incomum de se ver em carros dessa categoria.

Morde e assopra

Tudo muito bom, muito legal, mas a conclusão que temos é de que todas as tecnologias que falamos já existiam em 2017. Portanto, já poderiam ter sido empregadas no Cerato naquela época. Faltam equipamentos inovadores e tecnológicos que funcionem como diferencial para a decisão de compra do cliente.
Um exemplo: o próprio Hyundai HB20S, primo distante (e mais barato) do Cerato, tem uma tecnologia exclusiva em seu segmento (de sedãs compactos) que nenhum outro rival ostenta: sistema de frenagem automática. Exemplo de algo que o Cerato poderia oferecer como atrativo, embora alguns rivais já tenham sistemas parecidos.
É por isso que podemos afirmar que o Cerato é, sem dúvida, a melhor opção a ser considerada para quem procura um sedã médio com bom preço. Ou melhor, foi em 2017. Hoje em dia, por seu valor, dá para levar para casa carros com melhor valor de revenda, mais opções de concessionárias e maior tecnologia embarcada.
Isso não anula o fato de que o Cerato evoluiu. E muito.

Comentários

Carregar mais

Notícias Relacionadas