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Teste: Toyota Etios Sedã X Plus Automático

Será que o modelo ainda pode ser boa opção de compra diante de Volkswagen Virtus e Fiat Cronos?

por Lukas Kenji

Bonitinho, mas ordinário. Esta definição, oriunda da peça teatral de Nelson Rodrigues, cabe perfeitamente ao Toyota Etios Sedã. Mas, ao contrário. O coitado mal consegue se olhar no espelho, mas mantém a autoestima lá em cima ao apegar-se às qualidades estruturais e mecânicas. Agora, na linha 2019, investiu em segurança e adotou controles de tração e estabilidade como itens de série. Seria isso o suficiente para continuar uma boa opção de compra após a chegada dos modernos Volkswagen Virtus e Fiat Cronos?
Para responder a esta pergunta, trouxemos à tona a versão X Plus, novidade da linha 2019. Para falar a verdade, de novo mesmo só detalhes estéticos pontuais, como faróis com máscara negra e acabamento da grade em preto brilhante. Ela custa R$ 62.820 quando equipada com câmbio automático de quatro marchas. A transmissão faz parceria com o motor 1.5 flex de 102 cv com gasolina e, 107 cv, quando abastecido com etanol – em ambos os cenários, o pico de potência é entregue aos 5.600 pm.

O conjunto tinha tudo para ser insosso, mas entrega performance adequada para rodar na cidade e não dá dor de cabeça na estrada. A caixa de câmbio herdada do Corolla de geração anterior não grita pedindo uma quinta marcha. É equilibrado na entrega do torque de 14,3/14,7 kgf.m com gasolina e etanol, respectivamente.
Mas como não dá para fazer milagre, a falta de um quinto engate prejudica o consumo de combustível. Na cidade, o sedã tem média de 8,4 km/l e 12,2 km/l. Já na estrada, os números são de 10,4 km/l e 14,9 km/l (seguindo a ordem de gasolina e etanol). Segundo o Inmetro, este desempenho confere nota “A”, mas em nossa avaliação, o modelo não passou da casa dos 11,7 km/l em ciclo misto. A caixa de quatro marchas incomoda ainda pelo ruído ainda mais porque a estrutura interna não tem isolamento acústico dos mais eficientes. São nítidos os ruídos de rolagem e vento em velocidades próximas aos 100 km/h.
Fora isso, o Etios Sedã não tem nada que o desabone em questão de conforto. A suspensão de sistema McPherson na dianteira e Eixo de Torção na traseira tem ajuste macio que assemelha-se bastante ao do irmão maior Corolla.

MAIOR DESTAQUE

Há também espaço adequado para levar a família numa boa. Aliás, quando o assunto é dimensões, o Etios é PhD no segmento. O comprimento é de 4,37 metros, enquanto o entre-eixos é de 2,55 m. Já  a largura chega a 1,69 m e a altura é de 1,51 m. Mas o destaque vai para o porta-malas de 562 litros. Isso significa que ele é quase 100 litros maior do que o do Corolla.
Seria ainda melhor se tal família pudesse viajar não só em um carro com bom espaço, mas também em um ambiente vistoso. E nesse aspecto o Etios continua pecando. Lançado no Brasil em 2013, o modelo já passou pelo bisturi diversas vezes, mas nenhuma plástica foi capaz de torna-lo atraente nem fora, nem por dentro. Quase todas as estruturas são de plástico. Há texturas diferentes, é verdade, mas elas não transmitem qualidade.

A melhoria mais latente veio na linha anterior, quando o painel de instrumentos ficou digital. Ele lembra o layout do cluster utilizado no Prius e mostra até a grana que o motorista está desembolsando com combustível. Mas o posicionamento no centro do painel ainda incomoda.
SÓ O ESSENCIAL
No caso da versão X Plus, não há central multimídia, mas sim, rádio com bluetooth e CD Player de funcionamento convencional. Aliás, em relação a equipamentos, o destaque fica mesmo para os itens de segurança listados no começo do texto e para o controle de velocidade. De resto, tudo pode ser considerado apenas como razoável para um carro que custa mais de R$ 60 mil.

Há direção elétrica, ar-condicionado, travas e vidros elétricos, rodas de liga leve aro 15”, cinto de três pontos para todos os ocupantes, sistema Isofix para cadeirinhas infantis, além dos já citados faróis e lanternas com máscara negra. São ausências relevantes os faróis de neblina e, principalmente, os sensores de estacionamento (estes, são de série somente na versão topo de linha Platinum, que custa R$ 71.150). Mas sabe o que é pior? Os principais concorrentes diretos do Etios seguem a mesma estratégia e só oferecem o item nas configurações mais caras.
Por fim, chegamos ao pós-venda. A Toyota trabalha com sistema de revisões a preço fechado. Os seis primeiros serviços custam R$ 2.845,44, sendo que o carro tem três anos de garantia. O valor está consideravelmente mais barato do que o cobrado pelo líder da categoria, o Chevrolet Prisma, que cobra R$ 3.072 pelos mesmos serviços.
Quanto a seguro, conseguimos encontrar apólice de R$ 1.749,79 no AutoCompara. Para tanto, levamos em consideração o perfil de homem casado, 40 anos, com garagem no trabalho e em casa baseada na Zona Sul de São Paulo (SP).
Tabela: Preço das revisões periódicas
FIM DE PAPO
Agora é possível responder à pergunta feita no início. Sim, o Toyota Etios Sedã ainda é uma opção boa de compra em um cenário que ganhou concorrentes fortíssimos como o Fiat Cronos e o Volkswagen Virtus.
Estamos diante de uma compra totalmente racional, afinal, temos que dizer uma vez mais, o sedã fabricado em Sorocaba (SP) está longe de atrair pelo design. Os pontos de conquista dele estão calcados na mecânica simples e eficiente, além do espaço para comportar bem a galera e as bagagens.
Em suma, na versão testada X Plus, o Etios foca no cliente que deseja ter um carro automático com os itens considerados obrigatórios (ar, direção, vidros, travas e rádio). Na faixa de preço em que está posicionado (R$ 60 mil), uma ótima opção também é o Hyundai HB20S Comfort Plus que, além de ter praticamente os mesmos equipamentos do sedã protagonista desta avaliação, agrega ainda central multimídia e câmbio automático de seis velocidades.

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