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Toyota GR Corolla: quem é o carro do vovô aqui?

Não se engane pelo nome. O hatch abandona a racionalidade do sedã e é uma máquina para se divertir - muito - ao volante

por Evandro Enoshita

Já olhou para o seu irmão e se impressionou como duas pessoas nascidas do mesmo pai e da mesma mãe podem ser tão diferentes? Pois eu acho que é esse o choque que o Toyota GR Corolla causa sempre que cruza o caminho do sedã Corolla.
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Apesar de ter nome e cara de Corolla, o hatch importado do Japão tem uma personalidade completamente oposta à do três volumes feito em Indaiatuba (SP). O GR Corolla deixa toda a racionalidade de lado para ser uma nervosa máquina de diversão.
Mas como será que é guiar esse esportivo de bolso no cotidiano? Apesar das diferenças gritantes, será que é possível usar esse GR Corolla aqui da mesma maneira que aquele Corolla que todo mundo conhece? Confira a seguir.

Teste: Toyota GR Corolla

Diferentes desde o berço

Apesar das semelhanças, o que não faltam são diferenças.
Vendido no Brasil em duas versões - Core (R$ 416.990) e Circuit (R$ 461.990) - o GR Corolla é produzido em Motomachi, no Japão, numa linha de montagem dedicada que faz cada exemplar sem pressa e com uma boa dose de trabalho manual. 
Só para você ter uma ideia, na comparação com o hatch normal - que (infelizmente?) não é vendido no Brasil - , esse GR Corolla leva 349 pontos de solda a mais, além de 2,7 metros adicionais de adesivos estruturais. Isso sem contar os reforços na estrutura para garantir a rigidez do conjunto.

E justamente por ser pensando como um carro para sempre ser guiado de forma rápida - no autódromo ou na rua - esse Corolla esportivo une forma e função nos mínimos detalhes.
Por exemplo: os elementos estéticos desse carro são funcionais - sejam por uma questão de aerodinâmica ou para manter a máquina operando -, enquanto as rodas de 18 polegadas fornecidas pela BBS são forjadas. Justamente para serem mais leves e resistentes que as de liga leve fundida.
E a construção refinada chega até ao teto, que nessa versão de topo Circuit é feito em fibra de carbono - real, nada de envelopamento.

Interior sóbrio

O GR Corolla mede 4,41 metros de comprimento, 1,85 metro de largura, 1,48 metro de altura e tem 2,64 metros de entre-eixos. É cerca de 20 cm mais curto que o sedã e com 6 cm a menos no espaço entre os eixos. Já o peso é de 1.480 quilos.
Por isso mesmo, o espaço interno - principalmente no banco traseiro - é menos amplo que no sedã. E o porta-malas é praticamente virtual, já que praticamente todo espaço é ocupado pelo estepe e a área restante permite levar uma ou duas mochilas pequenas. Tanto que a Toyota nem divulga no manual qual é a capacidade do bagageiro.
Mas tirando esses aspectos - quase irrelevantes para um carro esportivo e nada familiar -, diria que é na cabine que o hot hatch mais se confunde com o sedã. Justamente pelo acabamento sóbrio e quase monocromático preto.
É claro que os bancos dianteiros esportivos - com revestimento em couro e camurça - são bem mais chamativos e mais adequados para a proposta do carro que os que equipam o sedã, mas fica a impressão de que a Toyota não quis perder muito tempo na cabine para se concentrar no acerto do conjunto mecânico.

Tanto que o GR Corolla é até menos refinado que o Corolla sedã em alguns pontos. Apesar do painel configurável e com layout exclusivo, o hot hatch tem uma multimídia de sete polegadas de aspecto muito simples e sem muitos recursos, além de ficar devendo o espelhamento sem fio.
Na real? Nem senti falta de um sistema de som mais poderoso. Embora valha lembrar que o GR Corolla acabou de mudar no exterior e, além das mudanças mecânicas, visuais e estruturais, ganhou um sistema multimídia mais atual.
E esqueça também itens como apoio de braço central nos assentos dianteiros, saídas de ventilação para o banco traseiro ou até mesmo os sensores de estacionamento.
E no GR Corolla o freio de estacionamento eletrônico foi trocado por um sistema convencional, com alavanca. Mas, neste caso, a Toyota tem uma explicação técnica: é justamente para priorizar o controle máximo do carro.

Equipamentos

Apesar de todo o foco do GR Corolla em dirigibilidade, esse esportivo da Toyota tem uma lista bem razoável de itens de série nessa versão de topo Circuit, com itens como chave presencial, ar-condicionado de duas zonas, head-up display, coluna de direção regulável em altura e profundidade, carregador de celular por indução, painel digital, multimídia com tela de sete polegadas e câmera de ré. 
Já a cesta tecnológica e de segurança tem sete airbags e o pacote ADAS Toyota Safety Sense 3.0, com itens como frenagem autônoma, assistente de permanência em faixa, controlador adaptativo de velocidade, monitor de pontos cegos, farol alto automático e alerta de tráfego cruzado traseiro.

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Mecânica

O GR Corolla é equipado com um motor 1.6 turbo de três cilindros em linha com injeção direta de gasolina, que desenvolve 304 cv de potência e 37,7 kgf.m a 3.000 rpm de torque. O câmbio é manual de seis marchas e a tração é integral.
No consumo, é possível tranquilamente atingir marcas de 10 km/l rodando de boa e no uso misto. Mas basta abusar um pouco mais do acelerador para ver o tanque de combustível de 50 litros secar com uma velocidade assustadora.
De fato, esse conjunto mecânico é feito para acelerar sem se preocupar com a hora de abastecer. Com ele, o GR Corolla vai de zero a 100 km/h em 4,9 segundos e atinge 229 km/h de velocidade máxima.
Pode não ser extremamente veloz. Mas é praticamente tão ágil quanto um Porsche 911 Carrera T Cabriolet na arrancada - um modelo que custa o dobro desse GR Corolla.
O GR Corolla tem suspensão McPherson na dianteira e multilink na traseira, enquanto os freios são a disco ventilado nas quatro rodas, combinados com pinças monobloco de alumínio.

Como é dirigir o GR Corolla?

Se você é daqueles que acha que seria uma boa ideia trocar o seu carro normal por esse GR Corolla, então é melhor repensar.
O GR Corolla sofre no uso urbano ou no trânsito. Você precisa pisar bem leve no acelerador para não ultrapassar os limites e é como se a cada segundo o carro gritasse por socorro para se livrar das correntes. E a embreagem, como é de se esperar em um carro potente como esse, é mais pesada que em automóveis normais.
Isso sem contar que a suspensão é bem firme e desconfortável nas maravilhosas ruas de asfalto irregular das cidades brasileiras. Mesmo que você curta o estilo dos esportivos, chega uma hora que cansa usar o GR Corolla na cidade.
Esse hot hatch tem alma de brinquedão. A Toyota diz que esse GR Corolla é um carro feito para quem gosta de carro. E ouso dizer que essa é uma daquelas raras ocasiões em que o marketing não exagera na dose.

Esse Toyota entrega altíssimas doses de diversão em linha reta e também naquela estradinha sinuosa e quase deserta. Uma máquina do tempo que faz você perder horas ao volante sem nem perceber.
Apesar de soar relativamente manso em marcha lenta, em giros mais altos o motor ronca alto para um três canecos e se ouve o assovio do turbo a cada acelerada mais forte. Tanto que eu rodei a maior parte do tempo com o som desligado para não estragar essa sinfonia dos 304 cv. E, por isso mesmo, nem me incomodei com a multimídia limitada.
E você nem precisa ter habilidade de piloto para aproveitar bem a máquina. Um dos recursos bacanas do GR Corolla é o sistema iMT. Com o simples acionar de um botão, o carro realiza o punta tacco de maneira automática nas reduções de marcha. Legal, né!?
Ah, e tem ainda o sistema de tração integral, que permite alterar manualmente a distribuição e jogar até 70% da tração nas rodas traseiras. É a certeza de que esse Corolla vai engolir qualquer curva, com o perdão do trocadilho, com uma roda nas costas.

Vale a pena comprar um GR Corolla?

Diria que o lance com o GR Corolla vai além de uma questão de vale a pena ou não. É claro que faz sentido comparar esse hot hatch da Toyota com o concorrente direto Honda Civic Type R.
Afinal, são dois modelos que se equivalem em porte, proposta e preço. Mas, no final das contas, têm características bem diferentes entre si. O GR Corolla me agrada mais em alguns pontos e o Type R, em outros. Mas um comparativo entre os dois fica para uma outra oportunidade.
Em um mundo ideal, gostaria de ter o GR Corolla na garagem junto de vários outros esportivos. E não acho que eu seja o único a pensar desse jeito por aqui...

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