Volvo EX90: como é bom ver o rico viver!

É como diz o Roberto Dutra, meu colega aqui de WM1: como é bom ver o rico viver. O Volvo EX90 é um daqueles carros que fazem você ter vontade de ganhar na loteria para comprar um e curtir sobre rodas o estilo de vida dos milionários.

Divagações à parte, falar que o recém-lançado SUV elétrico da Volvo é um carro bacana é chover no molhado. Não dá para esperar menos de um automóvel de luxo que custa R$ 849.950. Mas adianto para vocês que até um automóvel desses tem pontos que não agradam tanto assim.

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Teste: Volvo EX90

Um caixote dos superlativos

Sim. Esse é um termo bacana para definir esse SUV elétrico, que estreou na gringa em meados de 2024 e finalmente chega ao mercado brasileiro. Afinal, o EX90 agora é o mais caro automóvel da Volvo, além de ser o primeiro elétrico no topo da gama da empresa.

O EX90 foi pensado do zero para ser mais impressionante que o XC90, que continua em linha para atender a um público que ainda não quer abraçar os modelos 100% elétricos.

Por isso mesmo, agora é o maior carro da Volvo - mede 5,04 m de comprimento, 2,04 m de largura, 1,74 m de altura e tem entre-eixos de 2,99 m - e tem um visual muito mais futurista que o do sóbrio XC90, com direito a chamativos faróis de LED, rodas "fechadas" de 22 polegadas e maçanetas externas embutidas na carroceria. No final das contas, lembra muito o disruptivo EX30. Mas é muito maior e muito mais imponente.

Indo além desse discurso superlativo, o EX90 também é mecanicamente mais evoluído que o XC, já que é baseado na nova plataforma SPA2 (Scalable Product Architecture 2), que é uma evolução da base SPA lançada pelo XC90 de segunda geração, lá em 2015.

Humilde, mas sem ser simplório

Uma característica que eu sempre gostei nos Volvo é o fato de serem carros que estão longe de ostentar. E mesmo com a pegada mais ousada desse EX90, é o minimalismo que ainda dá o tom na cabine desse SUV.

Sabe aquele cara que todo mundo sabe que é rico, mas gosta mesmo é de tomar cerveja no copo americano e na mesinha do boteco? Esse é o EX90.

Enquanto outros modelos de prestígio recorrem a chamativas luzes de LED e a múltiplas telas, o SUV da Volvo tem uma multimídia de 14,5 polegadas -  grande, mas nem tanto - e uma pequena tela para o quadro de instrumentos, complementada por um head-up display.

A iluminação de LED está presente, mas de maneira muito discreta e elegante. Mas ser humilde não significa ser simplório. O acabamento da cabine é de primeiríssima linha, com revestimentos de madeira e metal para todos os lados.

E os confortabilíssimos bancos - com ajustes elétricos, aquecimento e massagem - são forrados em Nórdico, um couro sintético feito de materiais reciclados. As vacas agradecem. E os passageiros também, já que o material é muito agradável ao toque. E ser sustentável é um lance que é considerado bem chique, não?

Com mais de 5 metros de comprimento, espaço não é problema no EX90. É possível viajar com bastante conforto mesmo nos dois assentos adicionais no porta-malas, principalmente se você tiver menos de 1,70 m. Além das luzes de leituras individuais e das portas USB, há até saídas dedicadas de ar-condicionado. Mal comparando, é como voar na classe econômica premium dos aviões.

Mesmo com todos os assentos ocupados, o porta-malas ainda tem 310 litros de capacidade. Mas rebatendo os dois bancos do bagageiro - tarefa feita com o apertar de um botão - , você terá um compartimento de carga com piso plano e ótimos 655 litros. A tampa do porta-malas é elétrica, com comando por sensor.

Se ainda assim faltar espaço para as suas tralhas, ainda dá para aproveitar os 34 litros do porta-malas dianteiro. Um compartimento isolado e vedado, e que esconde o kit de reparo dos pneus e o triângulo de sinalização.

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Completão e tecnológico

O EX90 é vendido no mercado brasileiro na configuração única Ultra, e tem uma lista de equipamentos bastante completa. Itens como  ar-condicionado de quatro zonas, sistema de som premium Bowers & Wilkins com 25 alto-falantes, assentos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e massagem, teto panorâmico, câmera 360°, head-up display e carregador de celular por indução.

Só não é perfeito pela ausência de itens como a ventilação nos bancos dianteiros - item presente no XC90 - e de um teto panorâmico com vidro eletrocrômico, um equipamento que já é visto em outros carros de prestígio. Aqui no EX90, o teto - além de fixo - tem apenas um vidro escurecido comum.

Mas, como manda o script dos Volvo, o ponto forte do EX90 está nos de segurança e nas tecnologias de condução, que inclui o sistema de direção semiautônomo - alimentado por uma rede extensa de sensores composta por um lidar, oito câmeras, cinco radares e 16 sensores ultrassônicos - e nada menos que nove airbags, incluindo bolsas infláveis entre os assentos dianteiros.

Mecânica elétrica

O EX90 é equipado com um conjunto motriz de dois motores e 517 cv de potência e 92,8 kgfm de torque. Acelera de zero a 100 km/h em 4,9 segundos e atinge 180 km/h de velocidade máxima.

A bateria de 111 kWh permite ao SUV da Volvo rodar até 459 quilômetros com uma carga. Há concorrentes com alcance maior. Mas esse cara não fica tão atrás assim. Plugado a um carregador rápido de 250 kW, o tempo de recarga de 10% a 80% é de 30 minutos.

Já o sistema de suspensão é adaptativo, com molas pneumáticas. que permite variar a firmeza do conjunto e também baixar a traseira para facilitar a colocação e a retirada de malas do bagageiro.

Como é dirigir o Volvo EX90?

A Volvo destaca que a carroceria do EX90 tem rigidez torcional 50% maior que a do XC90, enquanto o tratamento acústico reforçado - com direito até a vidros laterais e traseiro laminados - faz com que esse seja o carro mais silencioso já produzido pela marca sueca.

Mas mesmo sem essas informações vindas da ficha técnica já é possível sacar, nos primeiros minutos de convivência, que o EX90 é uma clara evolução em relação ao XC90. O SUV elétrico entrega tudo o que o SUV híbrido entrega, mas melhor.

Roda macio mesmo no acerto mais esportivo e não se ouve a carroceria torcer ao passar por valetas. Algo surpreendente para um carro com mais de cinco metros de comprimento.

Já o conjunto motriz de 517 cv de potência entrega arrancadas vigorosas sempre que provocado. Mas em nenhum momento você sente insegurança. Com uma direção muito precisa, nem parece que você está no comando de um transatlântico de quase 2,8 toneladas.

O EX90 é um carro legal de guiar, mas deve ser ainda mais confortável viajar no banco traseiro e com um chofer no comando da máquina.

A Juliana, minha esposa, curtiu muito a experiência de viajar no banco traseiro e elogiou muito o silêncio a bordo e o impressionante sistema de som. Palavra de quem já me acompanha há vários anos e passeou comigo em vários outros carrões...

Mas uma coisa que me incomodou no EX90 é algo que eu já havia reclamado no EX30: a dependência excessiva da multimídia para os comandos dos carros.

Enquanto o XC90 tem vários e bem posicionados comandos físicos, que permitem sacar o carro - literalmente - nos primeiros segundos de uso, o EX90 exige mais tempo. E consultas ao manual do proprietário.

Do ajuste dos retrovisores e dos faróis ao acerto de altura e profundidade da coluna de direção, tudo passa pela multimídia do EX90. É claro que, depois de um certo tempo de convivência, você aprende a fazer o básico. Mas sempre fica aquela sensação de que está faltando aprender algo.

Apesar disso, a multimídia - que tem sistema operacional Google instalado - é incrivelmente fácil de usar. Para usuários como eu, que ainda não se renderam aos iPhone, a sensação é de se estar usando um smartphone integrado ao painel. Ou melhor: um tablet.

Outra ressalva que eu faço é em relação às babás eletrônicas do EX90. Pode ser coisa do DNA "seguro" da Volvo, mas a impressão é que o EX90 sempre está de olho para evitar que você faça uma barbeiragem no trânsito. Um olhar de mãe cuidando de uma criança pequena.

Ou seja: o assistente de manutenção em faixa pode entrar em ação mesmo que você esteja sinalizando a mudança de faixa com a seta. E pode acontecer ainda de uma moto no corredor disparar o alerta de colisão traseira, que pré-tensiona o cinto de segurança ao detectar risco de colisão. Tomei alguns sustos com esse sistema...

Vale a pena comprar um Volvo EX90?

Levando em consideração o porte e o preço, o Volvo EX90 terá como concorrentes direitos no mercado brasileiro modelos como o Audi SQ8 Sportback e-tron (R$ 864.990), BMW iX (R$ 923.950) e Mercedes-Benz EQS 450 SUV (R$ 939.900).

Para os donos do XC90 dispostos a partir para um elétrico, o EX90 é um substituto natural, já que o novo topo de linha oferece uma rodagem ainda mais refinada que a do veterano SUV híbrido plug-in.

Mas o EX90 ainda tem potencial para levar clientes da concorrência, oferecendo um pacote extremamente robusto por um preço menor que os de outros elétricos de topo no mercado brasileiro.

Confesso que fiquei com saudades do SUV da Volvo. De verdade.

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