A sigla CVT é a abreviação para Continuously Variable Transmission, que significa transmissão continuamente variável, na tradução livre para o português. Hoje, por exemplo, o SUV automático mais barato do Brasil - Citroën Basalt Feel (R$ 110.990) - utiliza transmissão CVT.
Diferentemente do câmbio automático de conversor de torque, que é formado por um conjunto de engrenagens planetárias e possui um número determinado de marchas, a transmissão CVT tem uma concepção bem diferente. Esse sistema é composto por duas polias de diâmetros variáveis, ligadas por uma correia metálica de alta resistência. Uma das polias é ligada ao motor também por meio de um conversor de torque, enquanto a outra é atrelada ao diferencial para enviar a força do propulsor às rodas do veículo.
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Dirigir um carro com câmbio CVT é praticamente igual a dirigir um modelo com transmissão automática de conversor de torque. O sistema também dispensa o pedal de embreagem e a sua manopla possui as mesmas funções: P (estacionar), D (dirigir), N (neutro), R (marcha à ré) e, às vezes, comandos como L (freio-motor) ou S (modo esportivo que prioriza o desempenho).
No entanto, o motorista percebe que o CVT não proporciona trocas perceptíveis de marcha, uma vez que as relações se alternam progressivamente conforme a movimentação das polias. Em alguns modelos, as montadoras até programam as suas transmissões CVT para que simulem trocas de marchas.
Uma curiosidade sobre o câmbio CVT é que o primeiro esboço de uma transmissão desse tipo foi idealizada por ninguém menos que Leonardo da Vinci. O conceito, obviamente, não era para um automóvel movido a combustão, mas sim para veículos de tração humana. O câmbio CVT só foi introduzido na indústria automotiva nos anos 1950, pela empresa holandesa DAF.
Vantagens do câmbio automático CVT
- Menor consumo de combustível: além de ser construído com peças de menor atrito que as engrenagens do câmbio automático convencional, o CVT é calibrado para funcionar da maneira mais eficiente possível.
- Conforto: por não gerar os trancos das trocas de marchas, o CVT costuma agradar quem procura um carro de pegada mais tranquila.
- Durabilidade: a exemplo das caixas automáticas de conversor de torque, o CVT é projetado para ter vida útil de, pelo menos, 300 mil quilômetros.
- Menor custo de manutenção: a concepção mais simples que a dos câmbios de conversor de torque ou automatizados de dupla embreagem proporciona menores custos de produção e de manutenção.
Desvantagens do câmbio automático CVT
- Dirigibilidade: por não possuir marchas físicas, a experiência de condução não é tão prazerosa quanto a de um carro com transmissão automática convencional ou automatizada de dupla embreagem.
- Maior nível de ruido: em situações que demandam mais desempenho do carro, como ultrapassagens ou subir ladeiras, o câmbio CVT costuma manter o giro do motor em rotações elevadas, o que aumenta o nível de ruído interno e afeta o conforto acústico dos ocupantes do veículo.
- Menos força nas arrancadas: pelo fato de o CVT ser mais lento nas arrancadas, alguns fabricantes têm adota soluções para atenuar essa característica. O novo Toyota Corolla, por exemplo, possui a primeira marcha com engrenagem física para aproveitar melhor a força do motor.
- Menor versatilidade: o câmbio CVT geralmente combina melhor com motores de torque mais baixo. Essa é uma das razões para que picapes, SUVs de maior porte e carros esportivos utilizarem transmissões automáticas de conversor de torque ou automatizadas de dupla embreagem.
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Saiba utilizar o câmbio automático corretamente
O câmbio automático era algo complicado e despertava curiosidade de muito motorista. O componente foi disseminado e passou a ser objeto de desejo de muitos condutores – prova disso é que a procura por modelos com este tipo de transmissão não para de crescer. No entanto, a pergunta que fica é: você sabe utilizar este equipamento corretamente?Alguns cuidados devem ser tomados para que o funcionamento não seja prejudicado e, mais do que isso, o câmbio não seja danificado. Uma atitude comum que deve ser evitada é o engate direto da posição 'D' (Drive) para a 'P' (Parking) quando o veículo for estacionado. O ideal é primeiro colocar a alavanca no 'N' (Neutro), acionar o freio de estacionamento e só em seguida posicionar em 'P'. Isso evita sobrecarga no sistema de transmissão, segundo o CESVI (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
Outro comportamento que deve ser evitado é mudar a posição da manopla com o carro em movimento. É muito comum, por exemplo, o motorista engatar ‘R’ (Marcha Ré) rapidamente para realizar uma baliza. Tal comportamento pode, com o tempo, causar danos ao sistema. Por isso, o ideal é parar totalmente o veículo e então alterar os engates.
Também é comum os condutores acionarem o engate neutro em descidas íngremes. Esta atitude deve ser evitada não só quando o carro é automático, mas também quando tem transmissão manual. De acordo com o CESVI, esta prática sobrecarrega o sistema de freio, provocando o desgaste excessivo dos componentes, e o câmbio passa a funcionar com menos lubrificação. Neste cenário, o correto é reduzir uma marcha. Alguns veículos têm atrás do volante o paddle shifts atrás do volante, também chamados de 'borboletas', que permitem por meio de toques nas aletas descer marchas para utilizar o freio motor.
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Uma curiosidade que muitos têm é sobre a posição 'L' (Low). Ao selecionar esta posição, o câmbio fica travado na primeira marcha. É muito útil também para declives mais acentuados, em que o freio motor é fundamental para não sobrecarregar o sistema de freios. Também pode ser utilizada em aclives fortes.
Importante destacar que o câmbio automático, independente do tipo ou de quantas marchas tem, foi desenvolvido para deixar o carro pronto para andar a um toque no acelerador, sem que tenha que tocar na alavanca. Por conta disso, não é necessário colocar na posição 'N' em que parar o veículo em um semáforo, por exemplo.
Um alento importante para os motoristas é que cada vez mais os câmbios estão modernos, com mais sistemas eletrônicos incorporados para corrigir eventuais erros e minimizar o desgaste dos componentes. A mudança de marcha acontece automaticamente, por exemplo, se o motorista está utilizando os paddle shifts e esquece de fazer a troca, jogando a rotação lá em cima. Quando a rotação está elevada e o motorista quer fazer uma redução, a eletrônica entende que não é possível e simplesmente não executa a operação, preservando todo o conjunto.
Câmbio automático: manutenção
Assim como as transmissões manuais, as automáticas precisam de manutenções periódicas. E o primeiro passo para ter um câmbio extremamente 'saudável' e funcional, que não provoque dores de cabeça e prejuízos financeiros, é muito simples: ler o manual do proprietário.Cada câmbio tem um sistema diferente. Pode ser CVT (continuamente variável), ter quatro, cinco, seis, dez marchas. Pode ter conversor de torque, uma embreagem ou dupla embreagem. A pessoa pode ter tido um carro automático por 20 anos. Se ela comprou um novo, de uma fabricante diferente, precisa ler o manual, pois o que serve para a manutenção de um modelo, pode não servir para outro.
Para veículos dentro da garantia, a sugestão é sempre levar em uma concessionária da marca para as revisões periódicas ou para eventuais manutenções não programadas. Vale a pena pagar um pouco a mais para ter especialista analisando o veículo e, em caso de nova complicação ou não solução do problema, contar com o respaldo de ter realizado o serviço em uma autorizada.
Com relação a carros usados, que já tiveram a garantia expirada, o conselho é o mesmo: procurar as concessionário no que se refere a manutenção por conta da qualidade do serviço. No entanto, caso o orçamento esteja curto, procure um mecânico de confiança e não fique seduzido por preços atraentes. Problemas com transmissões automáticas é sempre muito custoso do ponto de vista financeiro.
Antes de travar completamente, uma transmissão automática apresenta sinais de que não está bem. As alterações mais comuns no funcionamento do sistema, que podem ser um alerta de que a 'saúde está indo para o vinagre', são solavancos muito fortes, acima do normal, nas trocas e quando o motor pede uma marcha maior, mas o sistema demora para executar a mudança. Dificuldades na movimentação da alavanca, tirando do 'P' levando para o 'D', por exemplo, também pode ser um mau presságio.
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