Andamos no novo Porsche 911... no gelo!

WM1 esteve no Porsche Ice Experience, no qual os esportivos são postos à prova em uma pista coberta de neve no Canadá

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Andamos no novo Porsche 911... no gelo!
Fernando Miragaya
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

"Você quer brincar na neve?". Não foi um personagem de desenho animado quem me perguntou isso. Nem foi exatamente com essas palavras que um dos instrutores da famosa marca alemã de esportivos me recebeu. Mas foi essa percepção que tive - e que descongelou minha mente - momentos antes do Porsche Ice Experience.

O cenário não é a fictícia Arendel, do desenho "Frozen" - aquele do "livre estou, livre estou". É o circuito de Mécaglisse, na região de Quebec. Trata-se uma pista de rali que, no impiedoso inverno canadense, fica com mais de um metro de neve.

Sim, parece até que a princesa Elza deu chilique e congelou a pista toda. Só que no lugar de castelos, nosso conto de fadas são as curvas e retas do circuito.

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

O personagem principal também é bem diferente. No lugar do Olaf, o boneco de neve falante, algo muito mais divertido: o novo Porsche 911 em sua versão Carrera S.

Porsche 911 na cor para em movimento na pista coberta de neve
O novo Porsche 911 em ação na neve: exercícios testam a dinâmica do carro na pista escorregadia
Crédito: Divulgação
toggle button

São três dezenas do esportivo da Porsche perfilados em sua geração 992. Em cores vermelha, amarela, prata e verde, que contrastam de forma estonteante com a imensidão branca de Mécaglisse. Quase uma obra de arte, a imagem é o suficiente para aquecer meu coraçãozinho nos 15 graus negativos do dia.

Ronco grave

A expectativa é tão grande que fico um tempo fora do carro observando o 911. Nem percebo que, após míseros minutos, estou falando meio torto que nem Rocky Balboa nas cenas finais do primeiro longa-metragem da série - no meu caso, é devido à dormência que o frio provoca na minha boca.

Entro no 911 e nem percebo a opressão da cabine do cupê para um carioca apavorado com o frio, de casaco grosso, luvas e gorro - quase um sósia do Eric Cartman, de "South Park". O carro já estava ligado e, mesmo assim, faço questão de virar a chave - à esquerda do volante, como manda a tradição porscheira.

Vários 911 parados e perfilados lado a lado no circuito de Mécaglisse
A recepção do Ice Experience: vários 911 da geração 992 perfilados no circuito de Mécaglisse
Crédito: Divulgação
toggle button

O ronco que o seis cilindros boxer emana é música para os ouvidos. Melodia que fica na sua cabeça muito mais do que a Elza cantando "Livre estou" no desenho já demasiadamente citado.

A primeira prova

Ao paciente leitor que me acompanhou até aqui, peço desculpas. Mas é preciso contextualizar essa cena. Pois não é todo o dia que se dirige um Porsche, especialmente a nova geração do 911. Muito menos em condições de temperatura e pressão como essa.

Passado o êxtase inicial, vou para o primeiro exercício. Um 911 "madrinha" branco com faixas sobre o capô conduz o grupo de jornalistas brasileiros que participam do Porsche Ice Experience.

Chegamos a uma pista redonda. Um monte com dois metros de neve ao centro é a dica de que vamos ter de fazer o novo Porshe 911 "deslizar" em círculos. Controles de tração e estabilidade desligados e lá vamos nós.

Porsche 911 preto derrapando na pista com as rodas dianteiras no sentido contrário ao da curva
Na pista redonda, é preciso deixar o carro deslizar e virar a direção no sentido contrário ao da curva
Crédito: Divulgação
toggle button

É a experiência semelhante ao drift. Ao volante do Carrera S, dou voltas na pista. Em determinado momento piso mais forte para que os 450 cv dêem um coice no 911.

O objetivo é perder a traseira na curva eterna. Assim que o carro desliza, é preciso virar o volante para o lado oposto e dar pequenas aceleradas para manter o carro de lado.

O grande desafio do drift é ter sensibilidade no pedal do acelerador. Se você pisar de mais, vai rodar com o carro - o que aconteceu comigo duas vezes.

Se acelerar de menos, nada acontece. É difícil encontrar o meio-termo - ainda mais com uma bota com 4 cm de solado para se proteger do gelo. Depois de duas dúzias de voltas, consegui fazer um drift quase perfeito apenas três vezes.

Para lá e para cá

Nossa próxima brincadeira - opa, próximo exercício - é o slalow. Até aí, nada demais. Só não se esqueça que estou em uma pista que parece um sabonete.

Porsche 911 vermelho levantando neve e gelo na traseira ao derrapar
No slalow, é comum os esportivos levantarem neve e gelo durante as acelerações e derrapadas
Crédito: Divulgação
toggle button

A dica é olhar para o último cone de uma sequência de seis. "Se você olhar só para o que está à frente, vai derrubar todos", alerta um dos instrutores da Porsche, com um riso franco.

Primeira tentativa, parto e consigo fazer o "para lá e para cá" bem, mas sem muita dose de emoção. O piloto do Ice Experience me explica: estava só na primeira marcha do modo sequencial da caixa PDK de oito velocidades e dupla embreagem.

Parti para as próximas, com a segunda marcha selecionada, e tudo ficou mais legal. A cada passada de cone é preciso dar uma bela pisada no pedal da direita, perder a aderência, corrigir e apontar o carro para vencer o outro cone.

Porsche 911 azul andando meio de lado na neve
Dosar aceleração e os movimentos da direção é fundamental para fazer os exercícios
Crédito: Divulgação
toggle button

Novamente é preciso cuidado. Se acelerar muito, corre-se o risco de beijar um barranco de neve que faz as vezes de guard rail.

Confesso que quase dei de encontro em um durante o exercício. Mas, nas demai,s consegui domar o 911 sem derrubar nenhum cone.

Resenha?

A terceira parte dos testes é quase um resumo do que aprendi nos dois primeiros exercícios. Um pequeno circuito com curvas fechadas faz eu por em prática as manhas da pista redonda - a do drift na neve.

Curva fechada para a direita, a traseira solta, é hora de jogar o volante para a esquerda e acelerar de leve para ganhar a curta reta. Depois, a mesma lógica na curva à esquerda.

No pequeno circuito é preciso atenção para não beijar o guard rail de neve
Crédito: Divulgação
toggle button

Em um trecho, uma pequena chicane para um zigue zague onde é preciso reduzir a velocidade - e compensar, na direção, as inevitáveis derrapadas.

Uma das curvas chama a atenção. Quase beijo o barranco de neve nas duas primeiras voltas. Isso porque é preciso virar o volante para a esquerda um pouco antes, para que o carro perca a aderência e aponte na curva já "de lado", para, então, acelerar.

Na sequência, outro slalow, só que diferente do primeiro exercício. Há menos cones e o intervalo entre cada um é um pouco maior. O que te faz acelerar mais. No balé da neve, o 911 me obedece perfeitamente.

Balé sueco?

A última parte do dia foi a mais bacana - e mais difícil. É o chamado Scandinavian Flick. Consiste em uma técnica usada por pilotos em ralís feitos na neve e gelo.

No Scandinavian Flick, é preciso fazer manobras bruscas para fazer o caro desgarrar
Crédito: Divulgação
toggle button

No exercício, é preciso acelerar até 50 km/h na reta pelo lado de dentro da curva, jogar o carro para a esquerda com certa “força” - onde cones estão posicionados, como em um "teste do alce" -, dar aquele totó na frenagem, virar o volante para a direita e soltar o freio.

O objetivo é usar toda essa transferência brusca de peso para “arrastar” o carro durante a curva. Por isso, trocamos os carros por um Carrera 4S, com tração nas quatro rodas. Confesso que foram muitas tentativas até eu conseguir fazer algo perto do que era proposto.

O carro é arrastado nas curvas na técnica usada por pilotos de ralí na neve
Crédito: Divulgação
toggle button

Foi na carona com a instrutora da Porsche que vivenciei melhor a técnica. Com direito a uma bela levantada de neve na curva e finos espetaculares dos guard rails de gelo.

Acabou? Aaaaahhhh!

Ao fim de quase um dia inteiro fica o gostinho de quero mais. Só mesmo um coração de pedra ou uma alma com gelo mais espesso do que o do inverno do Canadá não pensaria em um jeito de ficar mais um dia, uma semana, um mês para repetir a experiência. Quem sabe, ano que vem?

O Ice Experience é realizado durante boa parte do inverno, no Canadá
Crédito: Divulgação
toggle button

 

Comentários