Nos últimos anos, o mercado automotivo brasileiro tem sido palco de uma revolução silenciosa, mas extremamente impactante: a invasão chinesa, especialmente de carros da BYD e GWM.
Essas marcas estão redefinindo a competição no setor, impulsionando a eletrificação dos veículos e conquistando um espaço que antes era dominado por montadoras tradicionais.
Ainda mais do que isso, os lançamentos dos modelos made in China também podem ter sido responsáveis por acelerar os processos de marcas mais tradicionais, que sentiram a pressão do setor e não podem ficar para trás.
Os números não mentem. De acordo com o relatório da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em janeiro de 2025, a BYD já ocupa 5,26% do mercado de automóveis no Brasil, superando marcas como Renault e Nissan.
A dona do Dolphin já superou até mesmo a Ford, que por mais que tenha reformulado a estratégia de vendas e sua posição como marca no mercado brasileiro, com foco em picapes e SUVs, está no mesmo patamar que a BYD e GWM no quesito preço. Afinal, por mais que seja 100% a combustão, quem se interessa por um Territory, também pode se inclinar para um Song Pro, por exemplo, já que a diferença de preço entre os dois é de cerca de R$ 10 mil.
De forma ainda mais clara, em 2024, a linha Song vendeu 27.689 unidades, enquanto o Territory emplacou no mesmo período 5.631 exemplares.
A BYD lidera isoladamente o mercado de veículos elétricos com 68,07% das vendas, bem como tem um forte desempenho em híbridos, com 31,64% de participação.
Já a GWM, que recentemente adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), detém 2,10% do mercado total de automóveis e 9,59% do mercado de elétricos, consolidando-se como uma das principais marcas emergentes no setor.
Um dos principais fatores que impulsionam o crescimento das montadoras chinesas é a estratégia agressiva de expansão. Com a produção local prevista para iniciar em breve, a expectativa é que os custos de importação sejam reduzidos, tornando os veículos ainda mais competitivos no quesito preço.
Isso deve permitir que BYD e GWM ampliem suas operações e alcancem uma base maior de consumidores interessados em tecnologia e sustentabilidade.
O BYD Dolphin Mini, por exemplo, com 1.725 unidades emplacadas em janeiro, tem sido um dos modelos mais vendidos no segmento de elétricos compactos. Já o BYD Song, com 3.185 unidades vendidas, se destaca entre os SUVs elétricos.
A GWM, por sua vez, tem no Haval H6 como carro-chefe, com 2.241 unidades emplacadas no período, demonstrando o apelo crescente dos veículos chineses junto ao consumidor brasileiro.
Com essa movimentação, marcas tradicionais como Fiat, Volkswagen e Chevrolet têm sentido a pressão e começado a reformular suas estratégias para não perder espaço.
A Fiat ainda lidera o mercado total de automóveis e comerciais leves com 21,49% de participação, mas a ascensão das marcas chinesas sugere que essa supremacia pode ser desafiada nos próximos anos.
E para competir com o avanço das montadoras orientais, a italiana lançou recentemente versões do Pulse e Fastback com motorização híbrida (leve, mas já está valendo).
A Chevrolet fará o mesmo. Ainda em 2025 a marca norte-americana, já consagrada no país, e uma das que mais emplaca em todo território nacional, deve começar a eletrificar sua frota em breve. O primeiro deles será o Chevrolet Tracker.
E o que essas duas maras tem de estratégia comum? Aplicam a eletrificação em modelos já conhecidos do público, o que pode ser um fator decisivo na decisão de compra. Afinal, no Brasil, ainda há uma grande parcela de pessoas que torcem o nariz para carros híbridos e elétricos, mas que podem ser convencidas mais facilmente se essa tecnologia estiver empregada em nomes já conhecidos.
Para ganhar força entre os elétricos, a Chevrolet trará ao mercado brasileiro, ainda em 2025, um SUV compacto para rivalizar com o Dolphin, tanto no quesito preço, quanto nas dimensões, o Spark EUV.
Resta saber se esses estratégias serão suficientes para combater a invasão chinesa no mercado nacional.