"Potência não é nada sem controle". Esse foi o slogan da Pirelli em uma campanha publicitária dos anos 1990, na qual o velocista norte-americano Carl Lewis, detentor de 10 medalhas olímpicas, aparece de salto alto na posição de largada de uma prova de atletismo.
A ideia era simples: mostrar a importância de transferir toda a performance para o asfalto, especialmente nas curvas. Bom, parece que a engenharia da Volkswagen mergulhou neste conceito para desenvolver o Nivus GTS, que estreia por R$ 174.990.
A manjada receita "adicione um motor mais potente, aplique amortecedores mais duros e tenha um carro esportivo" não foi seguida à risca no SUV. Obviamente, um bloco com desempenho superior ao do 1.0 turbo de três cilindros (200 TSI) foi adotado.
E, aqui, sem surpresas: o bom e confiável 1.4 turbo (250 TSI) de quatro "canecos" com 150 cv de potência máxima (álcool/gasolina) e 25,5 kgf.m de torque (álcool/gasolina), atrelado ao mesmo câmbio automático de seis marchas que equipa outros modelos da marca. As novidades ficaram para a suspensão. E não foram poucas...
Na traseira, amortecedores e molas novos foram aplicados. Já na dianteira, uma série de modificações: novos amortecedores, nova barra estabilizadora, novo braço e novos coxins. E um detalhe que chamou a atenção foi a adoção de novos coxins superiores (top mounting) dianteiros, que a Volkswagen foi buscar no conceito Up! GTI (que infelizmente não foi comercializado oficialmente no Brasil) - que é, dentro da marca, uma referência para tornar a dianteira de um carro mais rápida e obediente.
E foi exatamente isso o que aconteceu...
O Autódromo da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo, foi o local escolhido pela Volkswagen para revelar o Nivus GTI. Uma pista bem travada, com sequências de "S", curvas em subidas e descidas, e poucas retas. Mais do que despejar os 150 cv em linha reta, a marca alemã queria mostrar a obediência do SUV nas entradas e nos contornos das curvas.
Dentro da atmosfera esportiva do Nivus GTS, que adota uma série de detalhes vermelhos, elementos escurecidos e bancos esportivos para transmitir essa sensação, saio acelerando no modo Sport (são quatro disponíveis: Eco, Normal, Sport e Individual) e logo vejo que não há nenhum segredo nas acelerações do Nivus GTS, especialmente comparado com o aposentado Polo GTS.
Enquanto o hatch acelerava de zeroa 100 km/h em 8,3 segundos, o SUV cumpre a tarefa em 8,4 segundos. A velocidade máxima, aliás, é a mesma para ambos: 206 km/h (números com etanol no tanque).
Depois de alguns poucos metros, longe de uma velocidade alta, "monto" no freio e vejo o sistema que usa disco nas quatro rodas mostrar que eu poderia ter deixado para frear mais "dentro da curva". Deixo o carro rolar um pouco e entro na curva em formato de grampo. O Nivus GTS obedece com facilidade.
Saio da curva acelerando um pouco mais cedo, freio em descida e entro um pouco mais quente em uma curva de 90º para a direita. O carro aponta imediatamente, sem desequilíbrio. Entro com força na zebra e o carro não sai nada de frente, me dando confiança para pisar um pouco mais cedo no pedal da direita antes de cutucar o freio e entrar em um "cotovelo" para a esquerda. O Volkswagen continua obediente...
Logo adiante, uma sequência de curvas direita-esquerda-direita-esquerda em descida e subida termina com uma curva para a direita de raio longo. Hora de abusar um pouco mais. Carrego velocidade para a "primeira perna" dos "S" e só alivio o acelerador, sem tocar nos freios - e percebo algo interessante: a direção conversa muito bem com o asfalto. Ponto para a nova calibração da direção.
Subindo nas zebras o Nivus GTS segue fiel aos comandos, sem a interferência da eletrônica, que teve o controle de estabilidade (ESC) recalibrado. Então cravo o acelerador no assoalho na curva de raio longo e sinto pela primeira vez a frente arrastar um pouco, querendo me levar para sentir o gosto da grama. No entanto, basta aliviar o pé direito para a rota ser retomada sem sustos.
Continuo a volta e a nova sequência de curvas aparece - três, todas de aproximadamente 90º -, a carroceria rola pouco, não causa incômodo, e vai dando mais confiança. Até chegar em uma reta em descida acentuada com uma curva fechada para a direita no final. "Pé no porão", as rotações passam das 5.000 rpm, ganho velocidade e dou um "coice" no freio. O Nivus GTS reduz a velocidade de forma equilibrada, e entro na curva um pouco fora do tom. É o momento da eletrônica intervir. O motor corta e depois retoma com o SUV já em sua trajetória. O recado de sempre foi dado: tudo tem limite, são os limites da física...
Impressionante como o Nivus GTS não dá sustos. Não abana de frente ou traseira, não inclina a carroceria nas curvas ou mesmo levanta a "patinha" (tira uma roda do chão) quando se abusa do acelerador em curvas fechadas.
Continuo por mais uma volta - depois retornaria para me divertir por mais algumas voltas - e concluo que o trabalho da engenharia da Volkswagen foi muito certeiro. O Nivus GTS atende aos requisitos para carregar essas três letrinhas cultuadas, que significam "Gran Turismo Sport".
Como um entusiasta, gostaria que o Polo GTS continuasse (talvez sendo oferecido apenas com câmbio manual em um número limitado de unidades produzidas por ano). Mas em um mercado em que mais de 50% dos carros novos são utilitários esportivos, o pessoal da marca alemã tomou a decisão de maneira racional e correta.
Agora falta testar o carro na cidade e ver se todas essas mudanças na suspensão não deixaram o Nivus GTS desconfortável em ambiente urbano. E nada melhor do que as ruas da cidade de São Paulo para este teste. Terminando de escrever essa matéria, já vou mandar um e-mail pedindo o SUV para um teste mais logo. Aguardem...
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O Nivus GTS custa R$ 174.990. Os opcionais são as rodas de liga leve de 18 polegadas, que custam mais R$ 2.050, e a pintura, que pode variar de R$ 900 a R$ 1.750.
O Nivus GTS é equipado com motor 250 TSI (1.4 turbo) de quatro cilindros, flex, que desenvolve 150 cv de potência a 5.000 rpm (álcool/gasolina) e torque de 25,5 kgf.m entre 1.500 e 3.800 rpm (álcool/gasolina). O câmbio é automático de seis marchas, com opção de trocas manuais pela alavanca ou aletas (paddle shift) atrás do volante. A tração é dianteira.
O Nivus GTS atinge a velocidade máxima de 206 km/h com etanol, e de 203 km/h com gasolina.
O Nivus GTS acelera de zero a 100 km/h em 8,4 segundos com etanol, e 8,7 segundos com gasolina.
De acordo com a Volkswagen, o Nivus GTS faz 8,1 km/l (álcool)/11,6 km/l (gasolina) na cidade, e 9,9 km/l (álcool)/14,2 km/l (gasolina) na estrada. No uso misto os números são 8,8 km/l (álcool)/12,7 km/l (gasolina).
O Nivus GTS tem 4,27 metros de comprimento, 2,56 metros de distância entre os eixos, 1,49 metro de altura e 1,75 metro de largura. O porta-malas tem capacidade para 415 litros e o tanque de combustível, para 49 litros. Os ângulos de entrada e saída são de 18,3° e 26,4°. A altura em relação ao solo é de 171 milímetros.




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