Já foi o tempo que picape média era sinônimo de veículo bruto e pouco amigável. Sem perder a robustez, esses veículos incorporaram tecnologias e ficaram mais sofisticados nos últimos anos, se aproximando dos carros de passeio. Pois a nova geração da Ford Ranger acaba de dar um passo adiante nesse sentido.
Lançada em 2022 na Tailândia, a Ford Ranger acaba de chegar ao Brasil. A picape segue produzida na fábrica de General Pacheco, na Argentina, que passou por um processo completo de atualização que a botou em pé de igualdade com as fábricas mais modernas da marca americana no mundo.
O resultado disso é visto na própria picape, que é claramente mais refinada que a antecessora. Que, vale destacar, já era uma das referências do segmento. Saiba mais sobre essa novidade da Ford nas linhas a seguir.
A Ford reprojetou a picape. Tanto que uma das poucas coisas que não mudaram (tanto) foram as dimensões: são 5,37 m de comprimento, 1,91 m de largura, 1,89 m de altura e entre-eixos de 3,27 m. Praticamente as mesmas medidas da geração anterior.
Por fora, a Ford não fez questão de esconder o parentesco da nova Ranger com a Maverick e a F-150. Mesmo assim, o modelo consegue ser distinto o bastante para ter uma personalidade própria e parecer uma evolução da geração anterior, e não uma "maxi-Maverick" ou uma "mini F-150".
Eu, particularmente, gostei bastante desse caminho que a marca escolheu. Além disso, a Ford preservou boas características da antecessora, como a tampa da caçamba assistida (dá para abrir e fechar usando somente a força dos dedos), e incorporou novidades interessantes como os estribos laterais na caçamba e a iluminação embutida no compartimento de carga.
Segundo a Ford, o chassi da Ranger também foi alterado, com a adoção de novas longarinas e travessas e com um percentual maior de aços de alta resistência, que resultaram em um conjunto 30% mais resistente a torções. Tudo combinado a conjuntos de suspensão com maior curso.
A picape tem duas novas opções de conjunto mecânico. A primeira é um motor 2.0 turbodiesel de quatro cilindros, que desenvolve 170 cv de potência e 41,3 kgf.m de torque entre 1.750 e 2.500 rpm. A tração pode ser 4x2 ou 4x4, e o câmbio pode ser manual ou automático, ambos de seis marchas.
A outra opção é um 3.0 V6 turbodiesel de 250 cv e 61,2 kgf.m. Somente combinado com a tração 4x4, tem o mesmo câmbio automático de dez marchas da F-150. Só para comparar, esse novo propulsor tem apenas 8 cv a menos que o V6 usado na concorrente Volkswagen Amarok.
Já no interior, a história é outra. A nova Ranger tem a cabine muito parecida com a da F-150, mas em proporções menores. A parte boa disso é que a disposição dos comandos e o visual já estavam entre os pontos fortes da grandalhona e seguem assim nesse modelo médio.
Da irmã maior veio também o bom acabamento, com materiais macios ao toque em várias superfícies (pelo menos na versão topo de linha Limited). É algo raro nesse segmento.
Bem espaçosa, a picape oferece ainda coluna de direção ajustável em altura e profundidade e um banco traseiro bem confortável, que acaba com aquela história de viajar com as costas quase retas ou com os joelhos elevados.
Mais tecnológica, a nova Ranger sai de fábrica com painel digital em todas as versões, sendo uma tela de oito polegadas para as versões mais acessíveis e um quadro de 12,4 polegadas para a topo de linha.
Outro item comum a todas as configurações da picape é a central multimídia Sync 4. Varia apenas o tamanho da tela, que pode ser de 10 ou de 12 polegadas.
E já que começamos a falar na lista de equipamentos, vamos às versões da Ranger. A picape será oferecida inicialmente no mercado brasileiro nas versões XL 2.0 manual, XLS 2.0 4x2 automática, XLS 2.0 4x4 automática, XLT 3.0 V6 e Limited 3.0 V6.
A capacidade de carga varia de acordo com a versão: 1.071 quilos para a XL, 1.031 quilos para a XLS 4x2, 1.037 quilos para a XLS 4x4 e para a XLT, e 1.023 quilos para a Limited. Confira a seguir a lista de equipamentos de cada uma delas:
XL 2.0 4x4 manual
A versão de entrada da nova Ranger tem painel digital, alarme, central multimídia, ar-condicionado, vidros, retrovisores e travas elétricas, controlador automático de velocidade, rodas de aço de 16 polegadas, faróis com acendimento automático, sete airbags, direção elétrica, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas.
XLS 2.0 4x2 automático
Apesar da ausência da tração 4x4, esta configuração incorpora rodas de liga leve de 17 polegadas, saídas de ventilação para o banco traseiro, carregador de celular por indução, partida remota, seletor de modos de condução (quatro ajustes), câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, faróis principais de LED, luzes de neblina halógenas e quatro portas USB.
XLS 2.0 4x4 automático
Tem os mesmos itens da 4x2, mais a tração nas quatro rodas.
XLT 3.0 V6
Além dos itens de série vistos nas versões anteriores, a lista da Ranger XLT ganha bancos de couro com ajustes elétricos para o motorista, retrovisores externos com rebatimento elétrico, estribos tipo plataforma, sensor de chuva, freio de estacionamento eletrônico, start/stop, alerta de colisão e frenagem autônoma, sensor de estacionamento dianteiro, farol alto automático, farol de neblina em LED, retrovisor eletrocrômico, alarme volumétrico e caçamba com iluminação e trava.
Limited 3.0 V6
Sai de fábrica com os mesmos itens da XLT, mais rodas de liga leve de 18 polegadas, Santo-Antônio esportivo, bagageiro, lanternas de LED, central multimídia com tela de 12 polegadas, ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial, seletor de modos de condução (seis ajustes) e monitor de pressão dos pneus.
Pacote opcional Limited
A Ranger Limited é oferecida também com um pacote de opcionais, que tem rodas de 20 polegadas com pneus All Season, painel de 12,4 polegadas, controlador adaptativo de velocidade, câmera 360°, alerta de tráfego cruzado na traseira, monitor de pontos cegos, assistente de permanência e centralização em faixa, assistente de manobras evasivas e de cruzamento.
Tivemos um breve contato com a nova Ranger no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford, em Tatuí (SP), onde pudemos guiar a versão topo de linha Limited em trajetos de alta velocidade e também em uma pista off-road.
Confesso que esse primeiro contato foi bem surpreendente. Nesta nova geração, a Ranger realmente avançou muito na comparação com a picape da geração passada, que já se destacava no segmento pelo conforto e pacote tecnológico.
Na pista de alta velocidade, o motor 3.0 V6 mostrou fôlego de sobra. Faz um belo casamento com o câmbio automático de dez marchas. A picape embala com rapidez e ultrapassa os 100 km/h em 9,2 segundos. Uma bela marca para um utilitário com caçamba.
O mais bacana é que a Ranger ganha velocidade, mas segue muito "na mão" mesmo nas curvas mais rápidas. A suspensão não deixa a picape inclinar em demasia, e a direção, com assistência elétrica, é leve e muito precisa para uma picape.
O silêncio na cabine também é um dos pontos positivos do modelo: quase não se ouve o ronco do V6 turbodiesel trabalhar. Estas características aproximaram o comportamento da picape da performance de um bom SUV monobloco ao volante.
O painel de oito polegadas usado na maior parte da linha tem ótima resolução e apresenta as informações com clareza. Mas a tela de 12,4 polegadas vale o investimento extra: é ainda mais impressionante, e é a mesma vista na F-150.
No off-road, pudemos testar alguns dos modos de condução mais extremos do modelo, que além de acertos on-road (normal, eco e rebocar/transportar) também tem calibragens voltadas para o uso fora do asfalto (escorregadio, lama/terra e areia).
Sem ser macia demais como a F-150, a Ranger segue bem confortável mesmo ao passar por ondulações em alta velocidade, e ainda é tão valente quanto a antecessora, podendo atravessar trechos alagados com até 80 cm de profundidade.
Essa sensação de carro na mão segue também na pista de terra. Praticamente um convite para o motorista provocar a traseira da picape. Mas a eletrônica está lá para controlar os ânimos do condutor ao volante e salvar o dia.
A nova Ford Ranger estreia nesta quinta-feira (22) no mercado brasileiro. Inicialmente, serão oferecidas apenas as versões XLT (R$ 289.990), Limited (R$ 319.990) e Limited completa (R$ 339.990). As configurações XL e XLS estão previstas para estrear por aqui entre o final de agosto e o início de setembro.
Curiosamente, os preços da Ranger XLT e Limited são até mais baixos que os das mesmas versões na geração passada e posicionam o modelo na mesma faixa de preços de concorrentes diretos, como a Chevrolet S10 e a Toyota Hilux.
A vida acaba de ficar mais difícil para os concorrentes. Resta saber se a nova geração da Ranger será capaz de conquistar também a liderança do segmento.
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