Nova Ford Transit é tecnológica e boa de dirigir

A Ford Transit volta a ser comercializada no Brasil sete anos depois de sair de linha em nosso mercado. A van retorna em sua quarta geração com versões para 14, 15, 17 e 18 passageiros – além de uma variante vidrada que permite outras configurações para operações comerciais – e repleta de tecnologia.

Os preços não foram divulgados, pois a Ford explica que os valores variam de acordo com as versões e modificações solicitadas pelo cliente, adesão ao programa de manutenção e número de unidades adquiridas. No entanto, a marca adianta que o modelo vidrado tem preço inicial de R$ 220 mil, cerca de R$ 20 mil mais barato que a configuração semelhante da Mercedes-Benz Sprinter. Uma variante furgão para cargas da Transit também está nos planos da Ford, mas apenas para o ano que vem.

A Mercedes-Benz Sprinter, van líder de vendas no mercado brasileiro, aliás, é apontada pela Ford como a concorrente direta da Transit. Por isso, a marca do oval azul fez questão de comparar os dois modelos no evento realizado para apresentar a sua van à imprensa no Campo de Provas da Goodyear, em Americana (SP).

Antes de falar como é dirigir a nova Transit, vale relembrar que a van é fabricada no Uruguai pela parceria fechada com a Nordex, empresa local que terceiriza a produção de veículos diversas marcas. A Nordex também é responsável pela montagem do caminhão leve Kia Bongo e das vans Citroën Jumpy e Peugeot Expert. A meta da Ford e da Nordex é produzir entre 5 mil e 8 mil Transit por ano no país vizinho para abastecer mercados da América do Sul.

A mais potente da categoria

Todas as versões da Transit são equipadas com o motor EcoBlue 2.0 turbodiesel de quatro cilindros, que entrega 170 cv de potência e 41,3 kgf.m de torque, conectado ao câmbio manual de seis marchas e à tração traseira.

A Ford faz questão de enfatizar que é a motorização mais potente da categoria. Para efeito de comparação, o propulsor 2.2 turbodiesel da Sprinter tem 163 cv e 36,4 kgf.m.

Ford Transit tem tecnologias de carros de passeio

Outro apelo da Ford para destacar a Transit no segmento é o alto nível de tecnologia embarcada. Todas as versões da van são dotadas de piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e sistema de permanência em faixa corretivo.

A Ford explica que esses itens de segurança podem reduzir consideravelmente o risco de acidentes e, consequentemente, evitar que a van fique parada para fazer reparos, uma vez que o cliente precisa do veículo constantemente e perde dinheiro quando o seu meio de trabalho vai para a manutenção.

Durante o teste drive, realizado em pista fechada por questões de segurança, o WM1 teve a oportunidade de experimentar essas tecnologias em diferentes exercícios de condução promovidos pela Ford.

No primeiro deles, um piloto de testes da marca mostrava as diferenças de comportamento dinâmico da Transit e de uma Sprinter em um percurso delimitado por cones em uma pista molhada. O modelo da Ford, de fato, se mostrou mais ágil nas retomadas de velocidade, nas quais não exigiu reduções de marchas (o exercício foi feito quase sempre em terceira). Já nas curvas e nas manobras evasivas, a Transit se mostrou mais estável, enquanto a Sprinter apresentava uma leve tendência a escapar de traseira. Menos permissivo, o controle de estabilidade da Mercedes-Benz entrava em ação mais cedo, e chegava a interferir na ação do motorista na correção da trajetória.

Na segunda parte do teste, assumimos o posto de motorista da versão para 15 passageiros para ver na prática como funcionam as tecnologias de segurança da van. Logo de início, a Transit agrada pela posição de dirigir, parecida com a de um SUV mais altinho. A ergonomia, com comandos próximos das mãos do motorista, agrada bastante e facilita a condução do veículo. O volante, de boa empunhadura, é o mesmo do Bronco Sport e possui ajustes de altura e profundidade.

Apesar do tamanho, a Transit é um veículo agradável de dirigir, uma vez que o motorista se acostuma rapidamente com a direção elétrica leve nas manobras, a alavanca de câmbio com engates curtos e os pedais com boa modulação. A van mostrou boa disposição para um veículo de sua proposta e porte. O motor turbodiesel trabalha sempre “cheio” e aproveita bem cada marcha, graças ao torque máximo disponível entre 1.750 e 2.500 rpm. Basta tocar no acelerador para a Transit ganhar velocidade e embalar.

Durante algumas voltas na pista da Goodyear, testamos o controle de cruzeiro adaptativo ao seguir uma picape Ranger que ia na nossa frente e variava a velocidade para que o recurso controlasse sozinho a aceleração e a frenagem da van, para simular a atuação da tecnologia em uma condição de rodovia. Na hora de testar a frenagem autônoma (funciona a até 50 km/h), deixamos a Transit se aproximar de uma barreira inflável para que os freios entrassem em ação sozinhos e parassem a van a poucos metros do obstáculo.

Já a assistência que avisa o motorista quando o veículo invade a faixa ao lado tem atuação discreta na hora de devolver a van à trajetória correta com uma leve intervenção na direção e um aviso luminoso no painel.

Além das tecnologias de segurança, todas as configurações da Transit ainda trazem partida em rampa; cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes; sistema start-stop com possibilidade de desativação; ar-condicionado; pneus de baixa resistência; seletor de modos de condução e até monitoramento do nível da bateria, entre outros.

Conectividade da Ford Transit

No quesito conectividade, recebe o sistema SYNC em uma nova versão, chamada "Move". O equipamento, com tela tátil colorida de 8 polegadas – compatível com smartphones via Apple CarPlay e Android Auto – possui uma interface desenvolvida no Brasil para veículos comerciais e traz uma função "0800" para ligar à assistência 24 horas, além de seis entradas USB (duas na frente e quatro atrás) e comandos por voz.

A Transit, a partir de agora, também é compatível com o sistema FordPass, aplicativo da Ford capaz de fazer agendamento online de serviços e oferecer status e alertas do veículo, além de sua localização e uma série de outras funções, por meio do celular de quem se conectar ao carro. A única diferença em relação aos carros de passeio, é que na Transit o FordPass não dispõe da partida remoto por motivo de segurança. Pelo fato de a van ser equipada somente com câmbio manual, a tecnologia foi excluída para não correr o risco de alguém ligar o veículo com a transmissão engatada.

A Transit conta ainda com o Ford Pro, uma assistência especial aos clientes, uma vez que a van passa a ser o único veículo comercial da Ford no país depois que a marca parou de produzir caminhões, com o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), em 2019. O serviço terá assistência 24 horas em um canal exclusivo no Serviço de Atendimento ao Cliente.

De acordo com a Ford, a meta é fazer o veículo ficar o menor tempo parado na oficina, de modo que a produtividade do cliente tenha o menor impacto possível. Para isso, a empresa criou uma rede com cinco centros de distribuição de peças que atenderá todo o território nacional com mais de 170 mil componentes. Além disso, a rede de concessionárias foi equipada com ferramental específico para a manutenção do utilitário.

A Ford também oferecerá, em parceria com empresas credenciadas, serviços de adaptação e conversão da Transit de acordo com as necessidades dos clientes.

Modificações ao gosto do cliente

Por enquanto, a Transit é oferecida apenas nas cores branco e prata. A van conta com um ano de garantia ou 100 mil quilômetros rodados (o que ocorrer primeiro).

Na oferta de chegada, a Ford oferece revisões a preços fixos – cujos preços podem ser embutidos no financiamento - e um programa chamado Mod Center, que é um centro de modificação e preparação autorizado pela empresa para preparar a Transit para se tornar uma ambulância, veículo escolar ou um tipo de food truck. Cada uma das 110 concessionárias Ford no Brasil terá o seu esquema de vendas dos serviços direcionados à van.