Ford Focus Hatch 1.6 manual poderia ser mais

Bem recheado, modelo custa R$ 75.900, mas fica devendo em emoção ao volante


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A expectativa, definitivamente, é a mãe da decepção. Admirado – e em estágio inicial de dependência – com o divertidíssimo Suzuki Swift Sport e sua combinação mecânica básica, mas surpreendentemente refinada, criei inconscientemente expetativas de que o novo Ford Focus Hatch 1.6 manual poderia ser mais um hatch especialista em conquistar pelo volante. É, as coisas nem sempre são como imaginamos...

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Quando encontrei o Ford no estacionamento da WebMotors – versão SE Plus (R$ 75.900) – ‘vestindo’ branco Ártico e ‘calçando’ rodas de liga leve exclusivas de 17 polegadas com ‘solado emborrachado’ 215/50R17, abri um sorriso de canto de boca (não nego). O Focus é um carro bonito. Tem o dom de sugerir esportividade sem abrir mão de uma certa elegância. E antes que me perguntem, prefiro, em termos de design, ele a qualquer outro hatch médio vendido no Brasil, inclusive Volkswagen Golf e Hyundai i30.

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A sedução do Focus continua por dentro. Além de bem encaixadas, as peças utilizam materiais de qualidade, especialmente as dos painéis frontal e das portas. O couro que reveste os bancos – de série – está também nas portas e no apoio de braço do console central. Os detalhes em piano black e cinza são pontuais e não agridem o olhar. E não há aquele exagero de cromados como em alguns modelos de marcas francesas.

A ideia de, de repente, entrar em um New Fiestão, não acontece. Há personalidade, sem, no entanto, que você deixe de se sentir dentro de um Ford. O trabalho foi bem feito.

NO ASFALTO

Fato: o vício por dirigir acaba reduzindo a paciência em admirar. Logo a sola do pé direito começa a coçar e as mãos se esfregam umas nas outras ansiosas para sair pelas ruas. Com ajustes de altura e profundidade da coluna de direção, e bancos com abas laterais do encosto na medida para acomodar o corpo, ‘vestir’ o Ford é uma missão que leva apenas segundos. A empunhadura do volante multifuncional é boa, assim como a posição da manopla do câmbio. A ergonomia merece elogios.

O motor Sigma 1.6 16V bicombustivel sempre teve boa fama, especialmente entre os clientes do New Fiesta. Mas para o Focus...

Com etanol são bons 135 cv de potência a 6.500 rpm. Nada, (absolutamente) nada mal. Tem muito motor com maior capacidade cúbica que não chega sequer aos 120 cv – não é, Chevrolet Cobalt? O problema, porém, está no torque de 16,7 kgf.m a elevados 5.250 giros. Em baixas e médias rotações, as acelerações e principalmente retomadas do Focus deixam muito a desejar. Não rara foram as vezes em que tive que reduzir uma marcha para renovar o fôlego – comportamento de carro 1.4. Irritante.

Esperava algo um pouco mais intenso...

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A culpa, porém, não está unicamente no propulsor. Parte está no fato de o Focus ser um carro maior que o New Fiesta, com cerca de 1.300 quilos. Também não dá para livrar a cara do escalonamento das marchas. E apenas aproveitando que estamos falando da transmissão de cinco velocidades, ponto positivo para os engates curtos, precisos e silenciosos. É um dos câmbios que mais se assemelham à caixa dos modelos da Volkswagen (referência).

A suspensão também merece elogios – independente McPherson na dianteira e independente Multilink, na traseira. Firme e confortável. Nas curvas a inclinação da carroceria é mínima, assim como nas frenagens – disco nas quatro rodas com sistema ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem).  Se tivesse um ‘coração’ um pouco mais valente...

IDEAL

Ser hatch é, de certa maneira, abrir mão do espaço interno. Com 4,36 de comprimento, o Ford me decepcionou um pouco, mesmo tendo 2,64 metros de distância entre os eixos. Os ocupantes da frente vão bem (obrigado), mas os de trás sofrem um pouco. Colocar uma cadeirinha para criança no banco traseiro obriga o passageiro dianteiro colocar o banco um pouco mais para a frente. O porta-malas não é gigante, com 316 litros – se o objetivo for mais espaço no bagageiro, vai de Focus Fastback, que tem um pouco a mais: 421 litros.

Um ponto que deve ser ressaltado é a boa lista de equipamentos de série do Focus. É um modelo que oferece controles de estabilidade e tração, airbags frontais e laterais, Isofix, sensor de estacionamento traseiro, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), auxílio de partida em rampa, ar-condicionado de duas zonas, controlador e limitador de velocidade, radio CD player com MP3 e conexão USB, interface Bluetooth, entre outros mimos que não encontramos em veículos do segmento ou mesmo superiores.

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CONCLUSÃO

O Ford Focus hatch seduz o olhar. É bonito e, apesar de ter o preço elevado, tem um nível interessante de equipamentos de série. O problema é que a combinação motor 1.6 16V + câmbio manual não entrega um prazer ao volante. É relativamente insosso. Talvez seja o caso de a marca pensar em uma opção intermediária equipada com motor 2.0 e transmissão manual – atualmente, as versões com motor de 2 litros têm somente câmbio automatizado de dupla embreagem. E é possível encaixar esta opção intermediária, já que a diferença da opção SE Plus 1.6 manual para a SE Plus 2.0 automatizada é um buracão de R$ 12.600. Quem sabe...

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