Vídeo: Ford Ranger 2017

Confira avaliação da versão Limited 3.2 Turbodiesel de 200 cv


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‘SUVetizaram’ – a palavra é essa mesmo: ‘SUVetizaram’ – as picapes médias. Há alguns anos, a função destas grandalhonas era basicamente entregar capacidade de trabalho. A melhor era aquela que tinha caçamba com maior volume e ‘saúde’ de sobra para transportar toneladas e toneladas de qualquer coisa. Agora, muito maiores, os parâmetros são completamente outros. Primordial mesmo é a lista de equipamentos de conforto/tecnologia, assim como os utilitários esportivos – também conhecidos como SUVs. A Ford entendeu muito bem este movimento, e trouxe para o Brasil uma Ranger 2017 focada em entregar, antes de qualquer outra coisa, uma experiência abordo refinada. Beirando o luxo...

Por mais de 400 quilômetros no comando da versão topo de linha Limited (R$ 179.900), a Ranger impressionou pela quantidade de ‘mimos’ que antes encontrávamos em veículos de passeio e que têm como único objetivo o bem-estar da família. Detalho mais à frente, mas estou falando de direção com assistência elétrica, ar-condicionado de duas zonas, controle de cruzeiro adaptativo, sete airbags, bancos revestidos em couro, central de entretenimento. De picape mesmo apenas o motor 3.2 Turbodiesel, a elevada capacidade off-road com tração 4x4 (reduzida + bloqueio do diferencial traseiro) e, claro, a caçamba. Só!

Rodei principalmente por rodovias do interior de São Paulo, onde o asfalto era mais liso que o piso laminado da minha sala. O comportamento foi exemplar. Acoplado a uma transmissão automática de seis velocidades, o propulsor de cinco cilindros funcionava em ritmo de férias. A 120 km/h, o conta-giros descansava pouco acima dos 2.000 giros. Com isso, bastava pisar mais fundo no ‘da direita’, que a caixa fazia rapidamente o ‘kick down’ (reduzia uma marcha), transferindo torque para as rodas traseiras, e a Ford ganhava velocidade com facilidade. Voluntariedade, definitivamente, não falta a ela, que é produzida em Pacheco, na Argentina.

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Aliás, importante destacar que apesar de mudanças pontuais, como novos bicos injetores, turbocompressor, sistema de recirculação de gases e mapeamento eletrônico, os números de performance são os mesmos do anterior: 200 cv de potência a 3.000 rpm e torque de 47,9 kgf.m entre 1.750 e 2.500 rotações. Com estas evoluções do motor – mais câmbio com novo conversor de torque e pneus de baixa resistência a rolagem -, a Ford informa que a ‘Raça Forte’ 2017 está até 15% mais econômica e 16% menos poluente, em relação à anterior.

Por ser diesel, o barulho acabava naturalmente invadindo a cabine mais que um bloco a bicombustível. Nada, porém, que atrapalhasse a conversa com os passageiros do banco traseiro ou me obrigasse a aumentar o volume do Chitãozinho & Xororó pesado que tocava na rádio local. As vibrações existem, mas estão bem menores que na anterior graças à adoção de novos coxins.

Mesmo com caçamba vazia, a traseira não dançava em curvas mais acentuadas, mostrando muito equilíbrio. Apesar de comportada, a Ranger tem controles de tração e estabilidade de série – fundamentais (praticamente anjos da guarda) para motoristas que gostam de carcar o acelerador no assoalho no meio da curva com a tração 4x2 selecionada. A escolha do modo de condução é feita por um seletor ao lado da alavanca do câmbio. Para ir de 4x2 para 4x4 a picape pode estar rodando a até 100 km/h. Já para selecionar reduzida, é preciso estar completamente parado e com o câmbio na posição ‘N’ (Neutro). Lembrando que para situações mais extremas existe a possibilidade de bloquear o diferencial traseiro.

Nas trilhas mais apertadas, ou quando arrisquei desbravar novos caminhos, a configuração 4x4 deu conta tranquilo do recado.

Do verbo ‘SUVetizar’

O interior segue os padrões de um SUV. Os bancos, por exemplo, são revestidos em couro e têm ajustes elétricos para o assento do motorista. A coluna de direção, no entanto, só tem regulagem de altura (fica devendo de profundidade). Naturalmente a posição ao volante é elevada – apenas os mais altos, com mais de 1,90 metro de altura, poderão sofrer um pouco com a sensação de a direção estar no ‘colo’.

Apesar de o ar-condicionado ser de duas zonas (poderia ter uma saída de ar para a galera que viaja atrás), o que mais gostei entre os novos itens de conforto foi a direção elétrica. Incrível como a adoção de tal sistema domesticou o ‘mamute’, dando a ele características de um carro, especialmente no trânsito urbano. Fazer uma baliza ou estacionar em uma vaga de shopping ficou mais prático e menos cansativo. É preciso mencionar também que os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, e a câmera de ré auxiliam muito nas manobras.

O nível de segurança também me agradou. Além dos controles de estabilidade e tração, a ranger tem tecnologias de ajuda em partida em rampa e em descida, freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem). São sete airbags, incluindo de joelhos para o condutor. No entanto, outros dois equipamentos me saltaram aos olhos: o tal Adaptative Cruise Control (ACC) e o alerta de mudança de faixa.

O primeiro é encontrado em sedãs médios e grandes. A partir de comandos posicionados do lado esquerdo no volante, é possível determinar a velocidade que a picape deve trafegar e a distância que deve manter do veículo à frente. O segundo alerta, por meio de uma vibração no volante, que o carro está mudando de faixa de maneira involuntária. Caso o motorista não atue e corrija a rota, o próprio sistema o fará. Pensando que o perfil do comprador da Ranger é o cara que roda longas distâncias por rodovias, tornam a viagem mais tranquila e segura.

 

Conclusão

A Ford Ranger 2017 Limited é uma aquisição compreensível para o empresário do agronegócio que precisa rodar diariamente longas distâncias, rotineiramente por vias com pavimento de baixa qualidade, e (óbvio) tenha ‘cacife’ para desembolsar R$ 179.900. É uma picape que passou por forte processo de ‘SUVenização’, apesar de ainda ter boa capacidade de carga: caçamba tem 1.180 litros e o conjunto pode transportar até 1.009 kg. No entanto, pode perder muito espaço no mercado caso a Everest, a versão utilitário esportivo da Ranger, realmente desembarque por aqui.

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