Honda Civic Type R e Toyota GR Corolla trouxeram mais do que esportividade e diversão para o asfalto brasileiro - que, convenhamos, andava mais sem graça que bolacha (biscoito, para alguns) de água e sal murcha. Estes dois modelos extremamente cultuados deram aos viciados em carros a esperança de que modelos de alta performance de outras marcas possam ser oferecidos por aqui da mesma maneira. Ou seja, em pequenos lotes e com preços que refletem muita exclusividade.
Por isso, separamos quatro modelos que poderiam muito bem vir para o Brasil e esquentar essa briga que, hoje, se restringe apenas aos “hypados” Type R e GR Corolla. Veja bem, não estamos reclamando: queremos muito mais! Afinal, quem não chora, não mama...
Sim, o Mégane RS esteve muito perto de ser vendido no Brasil. Em 2013, a Renault trouxe duas unidades – uma com câmbio manual e outra com caixa automática – para fazer alguns estudos com a clara intenção de fazer algo que hoje, exatamente dez anos depois, Honda e Toyota estão fazendo com Type R e GR Corolla, respectivamente.
A realidade é que a unidade manual ficou por aqui e, segundo informações extraoficiais, ainda permanece entre nós sob a tutela da marca francesa, que preferiu desenvolver um Sandero RS – divertidíssimo também, não podemos negar –, mas que não tinha o refinamento do Mégane RS.
Infelizmente o Mégane RS está em seus últimos dias de vida. No início do ano, a fabricante francesa apresentou em Tóquio, no Japão, a série Ultime, que marca exatamente a despedida do esportivo, que terá apenas 1.976 unidades produzidas – o número "quebrado" alude ao ano de criação da Renault Sport, responsável pelo desenvolvimento do “petit monstre”.
Além de toda uma atmosfera realmente focada da esportividade, representada inclusive pelos lindos bancos Recaro, o Mégane RS Ultime é equipado com um motor 1.8 turbo de quatro cilindros e injeção direta de combustível (a gasolina, apenas), que desenvolve 300 cv de potência e 42,8 kgf.m de torque. Em alguns mercados, ele é oferecido com transmissão manual de seis marchas, mas em outros – como na Europa –, o câmbio é automatizado com dupla embreagem e seis velocidades. Segundo a Renault, o zero a 100 km/h acontece em apenas 5,7 segundos.
Ainda com relação ao conjunto mecânico refinado, o hatch tem freios Brembo com pinças vermelhas, diferencial mecânico da Torsen e rodas traseiras também esterçantes. As quatro rodas, aliás, têm aros de 19 polegadas e calçam pneus especiais Bridgestone Potenza semi-slick. Esteticamente, destaque para os para-lamas alargados.
Ah! E só a título de curiosidade, lá na França o Renault Mégane RS Ultime custa 53.450 euros (aproximadamente R$ 290 mil, em conversão direta).
Agora que a Ford fechou suas fábricas no Brasil e vive no mercado brasileiro de veículos importados, principalmente de picapes, é verdade (Maverick, Nova Ranger e F-150 não nos deixam mentir), bem que a marca norte-americana poderia surpreender a todos e anunciar um lote exclusivíssimo de Focus ST.
Dizer que algo vai fazer sucesso no Brasil pode ser um grande tiro no pé, já que as regras do jogo mudam da noite para o dia, em um estalar de dedos. Mas o Focus sempre deixou uma excelente imagem junto à maioria dos brasileiros, e sempre teve a fama de ser um carro muito agradável ao volante – sendo, em alguns períodos da sua trajetória no Brasil, concorrente direto do Volkswagen Golf.
O ST é comercializado na Europa com preço inicial de 36.950 libras (cerca de R$ 235 mil), e tem motor 2.3 turbo (Ecoboost) de quatro cilindros a gasolina, que entrega 280 cv de potência máxima e torque de 42,8 kgf.m - mesma força do Mégane RS Ultime. O “little rocket” é oferecido com transmissão manual de seis marchas ou automática de sete velocidades. E, segundo a Ford, a aceleração de zero a 100 km/é feita em 5,7 segundos.
Além de ser equipado com modos de condução que mexem na configuração do carro, e recurso eletrônico de largada Launch Control, o Focus ST pode ser incrementado com um pacote ST Track, que agrega, por exemplo, freios Brembo com pinças vermelhas, suspensão coilover KW com molas Ford Performance Blue, pneus Pirelli P-Zero Corsa, rodas de liga leve de 19 polegadas e spoiler traseiro na cor preta.
E, assim como o Type R é vendido no Brasil em um chamativo Racing Blue Pearl, o Focus ST poderia chegar no seu característico Mean Green (unidade das fotos).
O Hyundai i30 é outro modelo que poderia muito bem ter sucesso no Brasil trazendo sua configuração mais “absurda”, preparada pela Divisão N. Isso pelo simples motivo de, no passado recente, o modelo (juntamente com o Tucson) ter sido o responsável por botar a marca de origem sul-coreana em um outro patamar de vendas no Brasil.
Quem teve um i30, especialmente o da primeira geração vendida por aqui, tem boas lembranças de um carro muito prazeroso de dirigir.
Exatamente por esse sucesso, o i30 N sempre é um carro comentado para desfilar oficialmente no mercado nacional. Seria, aliás, uma excelente maneira de enterrar definitivamente a história do Veloster, um carro que chegou a ser alvo de bullying por entregar um visual bem esportivo, mas com um comportamento extremamente normal.
O i30 N é equipado com motor 2.0 turbo de quatro cilindros a gasolina. Em sua versão “normal” – se é que um "N" de corpo, alma e coração pode ser chamado de “normal” –, este propulsor desenvolve 250 cv de potência e 35,9 mkg.f de torque, sempre com câmbio manual de seis velocidades.
No entanto, a Hyundai preparou uma configuração ainda mais insana, com 280 cv de potência e 39,9 kgf.m de torque. Com estes números, além da transmissão manual, o i30 N tem a opção de uma caixa automatizada de dupla embreagem e oito marchas. E é exatamente com essa caixa automatizada que o "capetinha" chega ao 100 km/h partindo do zero em 5,9 segundos. A velocidade máxima é de excelentes 250 km/h (limitada eletronicamente).
E, a título de curiosidade, o i30 N custa 35.110 libras (aproximadamente R$ 220 mil).
Fechamos essa lista, que mais poderia ser uma cartinha para o Papai Noel, com aquele que talvez seja o mais desejado deste quarteto. Sim, estamos falando do Volkswagen Golf R, a versão mais insana do hatch que deixou uma legião de órfãos desde que a configuração GTI – talvez a mais icônica para nós, brasileiros – deixou de ser comercializada, há alguns anos.
Atualmente o Golf R é oferecido em duas configurações: R e R Performance. Como o nosso desejo é ter o que de mais interessante esses hot hatches têm a oferecer, vamos falar apenas da Performance, que parte de 57.985 euros (cerca de R$ 315 mil).
Essa configuração é equipada com motor 2.0 turbo de quatro cilindros e injeção direta de combustível (gasolina, somente), que entrega 333 cv de potência máxima com um torque de 42,8 kgf.m. A transmissão é sempre automatizada DSG de sete marchas.
E, por conta de ter tração integral (4Motion), a aceleração de zero a 100 km/h acontece em 4,6 segundos. A velocidade máxima é limitada a 270 km/h.