Avaliação: Volvo C30 2.0 tem fôlego para bater os alemães

- Lançado em 2005, o iPod Shuffle somava o visual diferenciado com uma característica diferente: ele toca as músicas em ordem aleatória, misturando diferentes estilos e ritmos automaticamente. No ano seguinte, chegava às lojas o Volvo C30, modelo multinacional que usava sua mistura como maior argumento de vendas para o público jovem.

Cinco anos depois, o iPod Shuffle já tem sua quarta geração confirmada pela Apple, enquanto o C30 passou por sua primeira reestilização, cujas vendas no Brasil começaram em abril deste ano. Mas o que raios um tocador de música tem a ver com um carro de R$ 85 mil?

Multinacional
Bem, ambos apostam na receita de misturar tudo para angariar o gosto do público jovem. No caso do C30, o mix é de vários países: a plataforma é da americana Ford, mas foi desenvolvida na Alemanha. Apesar de a fabricante ser sueca, o carro é produzido na Bélgica e nesse ano a Volvo foi comprada pela chinesa Geely. E o primeiro C30 foi desenhado pelo inglês Steve Mattin, ex-chefe de design da marca.

Olhando o carro, a miscelânea continua. A nova dianteira remete ao utilitário XC60, enquanto a traseira, com a tampa de porta-malas incorporada ao vidro, foi inspirada no Volvo 480. A cabine é similar a do sedã S40, enquanto toda a mecânica é a mesma do Ford Focus.

Misturas feitas por jovens principalmente as culinárias não dão certo. Mas como uma boa vitamina, o C30 teve todos os seus ingredientes cuidadosamente mensurados, mirando no gosto – e no bolso – do consumidor.

Peso-leve
Com foco no “primeiro consumidor da Volvo”, nas palavras da própria, o C30 dispensa comodidades de um carro familiar para agradar a um jovem solteiro ou a um casal. Daí a opção pelos quatro lugares, duas portas e porta-malas com parcos 251 litros. Porém, ao contrário de muito hatch médio por aí, dois adultos viajam confortavelmente no banco traseiro, graças ao assento mais baixo do que o comum no mercado. E a eliminação do quinto passageiro assegura que ninguém passará aperto. A grande porta é pesada, mas isso é mais um motivo para você abri-la para a sua namorada.

Sim, porque provavelmente será o namorado ou marido que irá dirigir o C30. A posição de dirigir é mais esportiva, com banco mais baixo e volante quase vertical. A embreagem, como no Focus, é de acionamento duro, assim como os engates do câmbio manual de cinco marchas. A alavanca também tem curso e tamanho menor do que o de outros hatches médios. As características acentuam o lado esportivo do hatch, mas não devem agradar à maioria das mulheres.

Porém, para a proposta do C30, isso está longe de ser um defeito. Por ser mais leve 1.327 kg, contra 1.347 kg do Focus, o C30 é ainda mais divertido de se dirigir na cidade. Os 145 cv do motor 2,0 litros e o torque de 18,9 kgfm garantem rápidas saídas em semáforos, enquanto a direção firme e a ótima suspensão independente nas quatro rodas transformam acessos de pontes em divertidos hairpins. O consumo urbano medido pelo WebMotors foi de moderados 8,9 km/l.

Mas não espere um desempenho estonteante do hatch multinacional. A aceleração de 0 a 100 km/h em 9,4 s e a velocidade máxima de 210 km/h são suficientes para um motorista comum. Os mais apressados mas menos afortunados devem optar pelo C30 automatizado, equipado com uma caixa de seis marchas e dupla embreagem, com preço partindo de R$ 91.390. E para os que acham que desempenho não tem preço, o C30 T5 de 230 cv é oferecido por R$ 111.390.

Contra os alemães
Por dentro o C30 S 2010, unidade avaliada pelo WebMotors, justifica o preço de tabela elevado, de R$ 86.990. O painel é emborrachado e os plásticos são de textura e aparência agradável. O inusitado console central “flutuante” da Volvo esconde um porta-trecos atrás, enquanto os comandos do rádio e do ar-condicionado digital são simples e intuitivos.

No volante há controles para o sistema de som e para o controlador de velocidade. Contudo, a Volvo alerta que na versão 2011, já à venda, o piloto automático deixa de ser oferecido na versão de entrada, assim como a opção para desligar o air-bag do passageiro, descanso de braço traseiro, vidros elétricos com um toque e bússola interna. A nova versão, que tem preço tabelado em R$ 85.390, é equipada com rodas de liga-leve de 17 polegadas contra as de 16 polegadas da versão 2010 avaliada e rádio com Bluetooth, item também ausente na unidade testada.

A versão mais barata do C30 que era vendida no início do ano, por R$ 79.990, deixou de ser oferecida pela marca. Porém, mesmo sendo mais caro, o modelo 2011 ainda se posiciona bem abaixo dos rivais Audi A3, BMW 118i e Mercedes-Benz CLC. Com uma proposta diferente, o C30 tem acabamento e dinâmica equivalente ou até superior, se comparado ao CLC ao de seus rivais. Mas se a mistura deu certo no caso do iPod, no C30 ela ainda não superou a tradição alemã. Até o dia de publicação desta matéria, a líder BMW 118i havia vendido 1.191 unidades, contra 287 do C30.

Volvo C30 2.0 S 2010

Motor	Quatro cilindros em linha, dianteiro, transversal, 16 válvulas, 1.999 cm³
Potência	145 cv gasolina a 6.000 rpm
Torque	185 Nm / 18,9 kgfm gasolina a 4.500 rpm
Câmbio	Manual, com cinco marchas
Tração	Dianteira
Direção	Por pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
Rodas	Dianteiras e traseiras em aro 16” de liga-leve
Pneus	Dianteiros e traseiros 205/55 R16
Comprimento	4,27 m
Altura	1,45 m
Largura	1,78 m
Entre-eixos	2,64 m
Porta-malas	251 l
Peso em ordem de marcha	1.327 kg
Tanque	55 l
Suspensão	Dianteira independente, tipo McPherson; traseira independente, tipo multibraço
Freios	Disco ventilado na dianteira e disco sólido na traseira
Preço	R$ 86.990

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