Era o mesmo dia do lançamento da nova geração do HB20 e por algum motivo achava que a JAC tentaria de algum jeito atrair atenções para sua notícia, com o objetivo de roubar a audiência certa do carro da Hyundai, simplesmente o segundo modelo mais vendido do país.
Mas como? Pensei em preços bem abaixo dos que foram anuncidos, ainda que subsidiados para atrair compradores. Por exemplo: você não clicaria em uma notícia com o título "Novo carro elétrico mais barato do Brasil custa R$ 60 mil"?
Nem que fossem 10 unidades, em uma ação promocional... Que o iEV 20 custasse R$ 60 mil e o iEV 40, o T40 elétrico, saísse por menos de R$ 100 mil: ainda que não fossem valores finais, certamente seria uma ação impactante - a ponto de incomodar até mesmo a notícia sobre a estreia do novo Hyundai HB20.
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A realidade é outra. Ainda não há carros elétricos à venda no Brasil por menos de R$ 100 mil e R$ 119.990 é um valor bem salgado para um carro do tamanho do iEV 20. Bem ou mal, no entanto, agora a JAC pode dizer que é dona do título de "carro elétrico mais barato do país". Ele já está à venda oficialmente, mas começa a ser entregue aos compradores somente em janeiro de 2020.O iEV 20 tem uma lista bacaninha de equipamentos: bancos em couro sintético; ar-condicionado com função automática; câmera-de-ré; central multimídia com conexão para CarPlay e AndroidAuto (bem fácil de operar); faróis em LED com DRL e regulagem de altura; faróis e lanternas de neblina e direção elétrica, além do câmbio automático e dos obrigatórios freios ABS e airbag duplo.
Há um único ponto que merece destaque: mesmo custando R$ 120 mil, não há controle de tração ou estabilidade, nem como opcional (ele só aparece nos maiores iEV 40 e iEV 60).
Visualmente, ele é um J2 com suspensões um pouco mais elevadas, mas vale destacar que a versão brasileira não terá o estepe pendurado no porta-malas como os carros de nosso teste. A JAC fará questão de chamá-lo de SUV, mas fique atento, pois ele está longe de ser um utilitário.
O motor é uma pena: são só 68 cavalos e 21,9 kgf.m comandados por uma bateria de 41 Kwh. Apesar do torque ser instantâneo, há um delay entre a resposta do carro e o exato momento do comando de seu pé no acelerador. Esses números são refletidos no desempenho: 0 a 100 km/h em 16 segundos e velocidade máxima de 112 km/h. Mas há um lado bom: a autonomia máxima (no modo Low, o mais sustentável) consegue encostar nos 400 quilômetros. Quem comanda é um câmbio CVT.
Na prática, a direção é bem leve e bastante anestesiada. E em frenagens mais fortes (na prática, foram só duas), deu para perceber grande tendência do compacto em substerçar. A suspensão é firme, mas as batidas são extremamente secas e até assustam.
Por dentro, acabamento é bem feito, embora haja excesso de plástico em alguns pontos do painel, e há espaço suficiente para dois adultos. São 3,77 m de comprimento (um Fiat Mobi tem 3,57 m e um Volkswagen up! tem 3,68 m, por efeito de comparação), 2,39 m de distância entre os eixos, 1,68 m de largura e 1,57 m de altura. Há bom espaço para quem vai na frente, mas é apertado para os dois de trás, principalmente se forem adultos. Lado bom: é molezinha na hora de estacionar.
Em resumo, se você quiser levar para casa o carro elétrico mais barato do Brasil, terá de investir cerca de R$ 120 mil e ficará limitado a rodar em centros urbanos - afinal, a autonomia é grande, mas rodar a 110 km/h na estrada, quase na velocidade limite do subcompacto, pode ser até perigoso. Pelo menos o recarregamento pode ser feito em tomada 220V (a recarga completa leva quase oito horas).
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