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JAC iEV 20 é um J2 que cobra caro para ser "limpo"

Andamos com a versão eletrificada do subcompacto, que assumiu o posto de carro elétrico mais barato do Brasil

por André Deliberato

Quando cheguei ao evento de lançamento da linha de carros elétricos da JAC Motors do Brasil, no começo da semana passada, achei que Sergio Habib - presidente do Grupo SHC, representante e importador oficial da marca chinesa no Brasil - guardava alguma surpresa.
Era o mesmo dia do lançamento da nova geração do HB20 e por algum motivo achava que a JAC tentaria de algum jeito atrair atenções para sua notícia, com o objetivo de roubar a audiência certa do carro da Hyundai, simplesmente o segundo modelo mais vendido do país.
Mas como? Pensei em preços bem abaixo dos que foram anuncidos, ainda que subsidiados para atrair compradores. Por exemplo: você não clicaria em uma notícia com o título "Novo carro elétrico mais barato do Brasil custa R$ 60 mil"?
Nem que fossem 10 unidades, em uma ação promocional... Que o iEV 20 custasse R$ 60 mil e o iEV 40, o T40 elétrico, saísse por menos de R$ 100 mil: ainda que não fossem valores finais, certamente seria uma ação impactante - a ponto de incomodar até mesmo a notícia sobre a estreia do novo Hyundai HB20.

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Mas não rolou

A realidade é outra. Ainda não há carros elétricos à venda no Brasil por menos de R$ 100 mil e R$ 119.990 é um valor bem salgado para um carro do tamanho do iEV 20. Bem ou mal, no entanto, agora a JAC pode dizer que é dona do título de "carro elétrico mais barato do país". Ele já está à venda oficialmente, mas começa a ser entregue aos compradores somente em janeiro de 2020.
O iEV 20 tem uma lista bacaninha de equipamentos: bancos em couro sintético; ar-condicionado com função automática; câmera-de-ré; central multimídia com conexão para CarPlay e AndroidAuto (bem fácil de operar); faróis em LED com DRL e regulagem de altura; faróis e lanternas de neblina e direção elétrica, além do câmbio automático e dos obrigatórios freios ABS e airbag duplo.
Há um único ponto que merece destaque: mesmo custando R$ 120 mil, não há controle de tração ou estabilidade, nem como opcional (ele só aparece nos maiores iEV 40 e iEV 60).

Visualmente, ele é um J2 com suspensões um pouco mais elevadas, mas vale destacar que a versão brasileira não terá o estepe pendurado no porta-malas como os carros de nosso teste. A JAC fará questão de chamá-lo de SUV, mas fique atento, pois ele está longe de ser um utilitário.
O motor é uma pena: são só 68 cavalos e 21,9 kgf.m comandados por uma bateria de 41 Kwh. Apesar do torque ser instantâneo, há um delay entre a resposta do carro e o exato momento do comando de seu pé no acelerador. Esses números são refletidos no desempenho: 0 a 100 km/h em 16 segundos e velocidade máxima de 112 km/h. Mas há um lado bom: a autonomia máxima (no modo Low, o mais sustentável) consegue encostar nos 400 quilômetros. Quem comanda é um câmbio CVT.
Na prática, a direção é bem leve e bastante anestesiada. E em frenagens mais fortes (na prática, foram só duas), deu para perceber grande tendência do compacto em substerçar. A suspensão é firme, mas as batidas são extremamente secas e até assustam.

Por dentro, acabamento é bem feito, embora haja excesso de plástico em alguns pontos do painel, e há espaço suficiente para dois adultos. São 3,77 m de comprimento (um Fiat Mobi tem 3,57 m e um Volkswagen up! tem 3,68 m, por efeito de comparação), 2,39 m de distância entre os eixos, 1,68 m de largura e 1,57 m de altura. Há bom espaço para quem vai na frente, mas é apertado para os dois de trás, principalmente se forem adultos. Lado bom: é molezinha na hora de estacionar.
Em resumo, se você quiser levar para casa o carro elétrico mais barato do Brasil, terá de investir cerca de R$ 120 mil e ficará limitado a rodar em centros urbanos - afinal, a autonomia é grande, mas rodar a 110 km/h na estrada, quase na velocidade limite do subcompacto, pode ser até perigoso. Pelo menos o recarregamento pode ser feito em tomada 220V (a recarga completa leva quase oito horas).

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