O design retrô moderno reflete perfeitamente a proposta da Triumph Street Twin: resgatar a essência das bicilíndricas inglesas das décadas de 1950 e 60, mas com o desempenho e a segurança de uma moto atual. Sua silhueta clássica – com farol, tanque arredondado e banco reto – contrasta com um inédito motor arrefecido a líquido, freios ABS e controle de tração de série.
O novo modelo de entrada da família Bonneville da Triumph chega agora em abril às lojas da marca com preço sugerido de R$ 36.500 para disputar mercado com a Ducati Scrambler Icon (R$ 38.900) e a Harley-Davidson Iron 883 (R$ 42.900) – todas bicilíndricas de entrada que combinam estilo retrô com a possibilidade de serem facilmente customizáveis.
A mistura entre o clássico e o moderno pode ser notada à primeira vista. Rodas em liga-leve, lanterna em LED, dupla ponteira de escapamento em aço escovado e o painel formado por um único mostrador redondo com uma pequena tela digital acrescentam um ar contemporâneo à nova Street Twin, que é essencialmente uma naked das antigas. Em alguns detalhes, como a cobertura de aço que “esconde” os bicos injetores e as braçadeiras nas saídas das curvas de escapamento, a Triumph até tenta “esconder” a modernidade do modelo. Também chama a atenção o esmerado acabamento da Street Twin.
Essa viagem de ida-e-volta no tempo fica ainda mais evidente quando se monta na Street Twin. A posição de pilotagem ereta, típica das nakeds, lembra a das antigas Honda CB, mas com as pedaleiras levemente recuadas. O botão único de partida e corta-corrente desperta o novo motor de dois cilindros, SOHC e 900 cm³ com arrefecimento líquido. O ronco compassado lembra um trem antigo, mas o ronco grave da dupla saída de escape instiga a acelerar.
O preciso acelerador eletrônico (ride-by-wire) fornece respostas instantâneas ao primeiro giro. Destacando, dessa forma, sua principal qualidade: o bom torque disponível desde os mais baixos giros. São 8,16 kgf.m de torque máximo já a 3.250 rpm – para se ter uma ideia a antiga Bonneville T 100 oferecia 6,9 kgf.m mas apenas a 5.800 giros.
Em conjunto com um câmbio de cinco marchas com engates precisos, o motor proporciona boas e emocionantes acelerações de um semáforo a outro, além de permitir rodar com marchas elevadas e giros baixos. Economizando a bota no pedal de câmbio e também combustível: fizemos uma média de 24,5 km/litro na cidade e na estrada.
Embora seja maior (900 cc contra os antigos 865 cc) e mais moderno, o novo motor tem menos potência: oferece 55 cv a 5.900 rpm contra os 68 cv a 7.500 rpm da antiga Bonneville. A redução de 13 cavalos é considerável, mas não impede que a velocidade máxima atinja os 170 km/h apenas com o piloto. Para não dizerem que desprezei a potência, somente quando estava com garupa em uma longa subida senti falta dos cavalinhos extras e o bicilíndrico precisou se esforçar para manter a velocidade de 120 km/h.
A posição de pilotagem e a geometria da nova Street Twin confirmam sua vocação urbana. O guidão largo e o reduzido ângulo de cáster proporcionam rapidez nas mudanças de direção e agilidade para “costurar” o trânsito. A redução de peso – dos antigos 214 kg (a seco) da antiga T 100 caiu para 198 kg – também é bem vinda para rodar no dia-a-dia.
Entretanto, o banco fino sacrifica um pouco o conforto na estrada em detrimento do estilo: apesar de ser macio é fino. Após 150 km é preciso fazer uma parada para esticar as pernas.
Mas até lá já foi possível se divertir bastante. O chassi do tipo berço de aço tubular combina estabilidade e agilidade na medida. As novas suspensões com garfo telescópico de 41 mm na dianteira têm acerto mais firme e os amortecedores traseiros oferecem ajuste na pré-carga da mola. Em geral, o conjunto transmite confiança para contornar curvas como uma naked, mas sem exagerar.
Os discos com pinças flutuantes Nissin contam com o auxílio do ABS para frear a Street Twin com eficácia. A segurança também é garantida por um controle de tração que evita derrapagens em superfícies lisas. Como seu objetivo não é o desempenho, mas sim evitar acidentes, o sistema é um pouco intrusivo em acelerações mais bruscas e não permite empinar. Funciona bem dentro de sua proposta e ainda pode ser desligado.
Companheira com estilo
A nova Street Twin não é uma das mais rápidas motocicletas Triumph, mas não deixa de ser uma das melhores da marca. Uma naked versátil e divertida que traz muito estilo e bom nível de acabamento às simples e eficazes bicilíndricas inglesas.
Mais leve e com torque de sobra para o uso urbano, essa nova Bonneville de entrada é uma boa companheira para o dia-a-dia ou para um passeio no fim-de-semana. Uma boa pedida se você procura uma companheira com o estilo das clássicas e a confiabilidade das motos contemporâneas.
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