Ford vira marca premium e cresce 32% nas vendas

Marca já colhe frutos da mudança de posicionamento, que inclui o fechamento de fábricas e fim de modelos "populares"

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Rodrigo Ferreira
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Pouco mais de dois anos e meio depois de ter anunciado o fechamento de suas fábricas no Brasil, a Ford celebra um crescimento nas vendas acima dos 30%, em 2023. Além disso, a montadora americana vem de uma sequência de contas no azul impulsionada principalmente por sua linha de comerciais leves e picapes. A cara deste novo momento da marca é o presidente da companhia para a América do Sul, Daniel Justo, no cargo há dois anos.

O executivo foi eleito recentemente pela Forbes como um dos cinco CEOs (Chief Executive Officer) mais bem avaliados do Brasil. Com 44 anos de idade e há mais de 25

anos dedicados à marca do oval azul, onde começou como trainee, Justo não faz questão de ostentar a pompa que é comum ao seu cargo. Prefere uma linguagem coloquial, sem rodeios, e usa calça jeans e camiseta.

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2021 Mustang Mach E Gt 01
Já confirmado para chegara o Brasil, o Mustang Mach E é uma versão elétrica do conhecido "muscle car"
Crédito: Divulgação
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Uma das iniciativas sob sua liderança, e que exemplifica bem o seu estilo, foi cortar os privilégios de viagens de avião na classe executiva para funcionários em voos longos, inclusive para a diretoria e, ele próprio.

“Não fazia sentido a Ford fazer uma das maiores mudanças da sua história (que gerou inclusive o fechamento de fábricas no Brasil) para se tornar mais rentável e termos

gastos elevadíssimos com viagens. A burocracia para um funcionário ir do Brasil para a nossa sede nos Estados Unidos era altistíssima, precisava passar por comitês e defesas, por causa do valor elevado. Agora, com a mudança, qualquer funcionário pode aprovar a sua ida, e isso gerou muito mais troca de conhecimento e agilidade”, contou Justo em conversa a alguns jornalistas convidados pela marca para a cobertura do Salão de Detroit, na semana retrasada.

Antes de ser presidente da Ford, Justo atuava como chefe de finanças (CFO) para a América do Sul. O background do executivo fica evidente na precificação agressiva dos novos modelos da marca. A exemplo da nova geração da picape Ranger (versão Limited por R$ 339.990), que mesmo com geração nova, maior potência entre as rivais e equipamentos inéditos para a categoria, foi posicionada abaixo da líder do segmento, a Toyota Hilux (GR-Sport, que custa R$ 372.890).

Ford Ranger Raptor F2
A vitaminada versão Raptor da picape Ford Ranger chegará ao Brasil no início de 2024
Crédito: Divulgação
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“Eu sou bem criterioso com relação a preço de produtos, não podemos errar. Dedico um bom tempo meu e do time a este tema. Criamos até uma espécie de war room (sala de guerra) para debatermos e chegar até a definição dos valores que serão cobrados” explica Justo.

Produtos globais da Ford com rapidez para o nosso mercado

Outra característica da nova fase da Ford no país é trazer produtos globais rapidamente para o nosso mercado. A marca prometeu 10 lançamentos para este ano

e durante a visita a Detroit com jornalistas, Justo anunciou a chegada da Ranger Raptor ao Brasil, versão mais potente e off-road da picape, no início de 2024, além do

lançamento, já no próximo mês, em outubro, do Mustang Mach-E, um crossover 100% elétrico.

Este ano, além da nova geração da sua picape média, a empresa já apresentou a segunda geração do SUV Territory, a versão híbrida da Maverick, a sua líder nos EUA, a

F-150, além de variações do seu veículo comercial, a Transit.

“Você olha o portfólio da Ford hoje, depois desses nove lançamentos que já anunciamos, e provavelmente poucas empresas fizeram uma transformação de portfólio em termos de adicionar mais tecnologia e melhores produtos num prazo tão pequeno. Em pouco menos de dois anos, fizemos uma quantidade grande de lançamentos, melhoramos a nossa oferta de tecnologia e focamos muito em ter certeza de que temos toda a infraestrutura para suportar os clientes”, detalhou Justo.

Marca ficou mais premium

Com isso, se consolida um interessante reposicionamento da Ford que poucas pessoas comentam. Deixou de ser uma marca de veículos populares para atuar num

segmento premium, com ticket médio de preço muito superior ao que tinha tradicionalmente. E isso explica parte da rentabilidade positiva que a marca experimenta desde o ano passado.

“Essa é a visão. É atrair um cliente que entende toda a tecnologia, toda a capacidade que temos colocado nesses produtos e ver que isso se encaixa com o seu estilo de vida. Você pega um Bronco Sport, que é um carro que entrega 250 cv, toda uma tecnologia off-road, vários modos de direção, é um carro único no segmento, não tem nada ali parecido nessa faixa de preço. Hoje em dia, SUVs pequenos e médios você tem quinze, vinte competidores na mesma faixa de preço. Isso faz você até se confundir. Qual o diferencial de cada um? Eu te entrego uma Maverick, um Bronco Sport, uma F-150, a nova Ranger, o Mustang, em que está muito claro, em cada um dos produtos no portfólio, o papel que ele desempenha e o que ele oferece de exclusivo para o consumidor. É isso que buscamos”, explica Justo.

A Ford atacou no segmento de picapes grandes com a F-150 Platinum, que custa quase R$ 480 mil
Crédito: Divulgação
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Há espaço para mais crescimento

Mesmo depois de comemorar o crescimento de 32% nas vendas, entre janeiro e agosto deste ano - vale lembrar que isso aconteceu em um cenário de mercado estável -, Justo acredita que a marca ainda tem espaço para avançar mais.

“Nestes números (de vendas) nós ainda não tivemos o impacto da chegada das versões XL e XLS da nova Ranger, e da nova Transit Chassis, que acabamos de lançar. Então, sim, estamos olhando um potencial grande de crescimento para o fechamento desse ano”, espera o jovem presidente da Ford.

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