Polo GTS: um carro feito para os fãs... dos GTS

O Volkswagen Polo GTS é um carro que parece feito sob medida para os fãs dos hatches compactos mais apimentados. Tem um belo visual esportivo, com direito a rodas de 18 polegadas, e o motor mais potente do segmento, no Brasil - são 150 cv.

E eu não posso me esquecer também do acerto impecável de direção e suspensão para agradar a quem gosta de dirigir. Seria esse Polo GTS a máquina perfeita entre os hatches compactos?

Nas próximas linhas, você vai perceber que nem tudo são flores nessa relação com o compacto esportivo. A não ser que você seja um fã muito radical dos GTS, certamente vai pesar os prós e contras antes de optar (ou não) pelo Polo esportivo.

O Volkswagen Polo GTS

O mais belo dos Polo

Costumo chamar as versões mais simples do Polo de tela em branco. É que são carros bons de guiar, mas que têm visual extremamente comportado. Como se estivessem esperando sair da concessionária para o dono personalizá-lo ao seu gosto. Não é o caso do GTS.

A dianteira é mais agressiva que no restante da linha, com o para-choque que segue o padrão do Polo GTI europeu e a grade frontal iluminada e ladeada pelos (excelentes) faróis IQ.Light, com tecnologia LED Matrix, - entre os compactos brasileiros, só o Polo GTS tem esses faróis.

Completam o pacote externo as rodas de 18 polegadas com acabamento diamantado, aerofólio e um para-choque traseiro com difusor exclusivo e um escape com saída dupla. Enfim, um carro que chama a atenção e deixa bem claro que é feito para quem gosta de acelerar.

Segue o jogo...

Essa pegada esportiva do Polo GTS continua na cabine, com os belos bancos esportivos com forração em couro e tecido, e costuras em vermelho. Aliás, o rubro está também no volante, no console central e no painel, que tem um acabamento imitando couro, embora sem ser macio ao toque.

De resto, o Polo tem no interior materiais bem semelhantes aos vistos no restante da linha. Os plásticos rígidos dominam e a pouca variação de texturas não faz jus ao capricho da Volkswagen com o visual externo. Por outro lado, a montagem das peças é muito precisa.

O painel de instrumentos digital é configurável e tem tela de 10,25 polegadas. Já a multimídia é a VW Play, com tela de 10,1 polegadas, que tem um layout bem limpo, é fácil de usar e concentra os comandos para várias funcionalidades do carro. Aliás, esse é um ponto que me incomoda no Polo: a ausência de botões físicos para vários recursos do carro.

Quer alterar o modo de condução? Só na multimídia. O mesmo vale para funções como desativar o sistema start-stop ou abrir a tampa do porta-malas. Até há uma área reservada ao lado da alavanca de câmbio para esses e outros comandos. Mas a Volkswagen optou por cobri-la com os chamados botões cegos.

Falando em espaço interno, o Polo GTS não surpreende e nem decepciona. Quatro adultos com cerca de 1,70 m viajam com conforto e mesmo com o assento infantil na traseira ainda é possível usar o banco dianteiro do passageiro. Já o porta-malas tem razoáveis 300 litros de capacidade.

Lista de equipamentos

O Polo GTS soma pontos positivos em itens de conforto. De série, sai de fábrica com ar-condicionado automático digital e com saídas para o banco traseiro, painel digital, carregador de celular por indução, multimídia VW Play, retrovisor interno eletrocrômico, bancos com revestimento parcial em couro, chave presencial, sensor de chuva e  os já citados faróis LED Matrix com acendimento automático.

Por outro lado, o pacote tecnológico fica devendo: tem seletor de modos de condução com quatro opções de ajuste (Eco, Normal, Sport e Individual), mas o controlador de velocidade é do tipo convencional e o assistente de manutenção em faixa não está disponível nem como opcional.

Outra ausência marcante são os airbags de cortina, já que o modelo tem apenas as bolsas laterais além dos obrigatórios frontais. Vale destacar que as bolsas infláveis de cortina e o controle de velocidade estão disponíveis no Virtus Exclusive, sedã que custa quase o mesmo que o Polo GTS.

Mecânica

O Polo GTS tem motor 1.4 turbo flex com 150 cv de potência e 25,5 kgf.m de torque entre 1.500 e 4.000 rpm. Com câmbio automático de seis marchas e tração dianteira, acelera de zero a 100 km/h em 8,3 segundos e atinge a velocidade máxima de 206 km/h.

Essa versão do Polo é a única com freios a disco nas quatro rodas, sendo ventilados de 276 mm na dianteira e sólidos de 230 mm na traseira. De série, tem o sistema BSW, que funciona reduzindo a película de água nos discos dianteiros em dias de chuva.

Pimenta a gosto

Como eu disse mais acima, o Polo já é um carro bacana de guiar mesmo na versão basicona Track, com o motor 1.0 MPI. Mas a Volkswagen deu um passo além nesse Polo GTS, que ficou ainda mais afiado.

O Polo contorna curvas em alta velocidade com muita tranquilidade. A suspensão está mais firme, mas não chega a afetar o conforto, enquanto a direção fica bem mais pesada no modo de condução Sport, que é o mais extremo do modelo.

Diria mais: o modo de condução Sport deveria ser o único disponível para o GTS. É nele que esse Polo esportivo se diferencia do restante dos hatches do mercado. Quando selecionado, o câmbio entra no modo esportivo e atrasa as trocas de marchas, tornando as reações mais ásperas.

Por outro lado, o motor (que tem potência e torque de sobra) trabalha sempre cheio e responde rápido ao comando no acelerador. E sem esquecer do sistema de emulação de som, que quando ativado faz soar na cabine um ronco grave parecido com o dos antigos Gol GTS. Nada muito realista. Mas é algo que torna a experiência mais divertida.

Já nos modos Eco e Normal, o Polo GTS se torna um carro bem menos brilhante que no modo Sport. Porém, mesmo com a direção mais leve, o hatch ainda contorna curvas com competência e freia bem.

Mas o câmbio automático de seis marchas pesa negativamente nessa experiência, pois nos acertos mais mansos reage com lentidão ao comando no acelerador e por vezes faz trocas de marcha sem sentido, não permitindo extrair o melhor rendimento do ótimo motor 1.4 turbo.

Conclusão

O Polo GTS é um carro muito divertido de guiar. Principalmente se você esquecer os outros modos de condução e sempre selecionar o Sport. Foi o que eu fiz nos dias em que fiquei com o hatch esportivo. Por outro lado, um ponto que pesa contra o modelo é o preço: R$ 151.490.

Justo se levarmos em consideração a cavalaria extra e a proposta esportiva. Mas a ausência de auxílios tecnológicos de condução e a - menos perdoável - falta dos airbags de cortina (oferecido em boa parte dos concorrentes mesmo em versões básicas) torna esse valor mais difícil de aceitar.

Em resumo: um carro que vai encantar, de verdade, apenas quem já está encantado por ele. Na linha Volkswagen, uma opção mais interessante é o Virtus Exclusive, que é pouca coisa mais caro (R$ 152.490), mas tem o mesmo conjunto mecânico do GTS e um pacote de equipamentos mais completo.

Já entre os hatches, eu consideraria o Peugeot 208 Turbo. Um carro com motor de 130 cv, mas que também é ótimo de guiar, mais completo e tem boas marcas de desempenho (zero a 100 km/h em 9 segundos e velocidade máxima de 206 km/h). E cobra bem menos pela diversão: R$ 116.490 na versão topo de linha Griffe.

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