Falei por aqui no ano passado sobre os carros alados, lembra? Mas hoje decidi que poderíamos entrar em outro aspecto: afinal, por que Daytona e Superbird sumiram - das ruas e de encontros de carros clássicos? Entre nós, se foram criadas mais de 500 unidades do Dodge e quase 2000 do Plymouth, seria possível ver alguns ainda rodando por aí, não é mesmo? E por que isso não acontece?
"Muscle Culture" é a coluna de André Deliberato (@andredeliberato no Twitter e no Instagram) no WM1, portal de notícias da Webmotors, que traz curiosidades, notícias e informações sobre uma das mais tradicionais filosofias de carros norte-americanas, lá dos anos 1960 e 1970, mundialmente conhecida e representada pelos belíssimos... muscle cars.

Como já dissemos aqui na coluna, a dupla bombou em 1970, no ano do tricampeonato mundial de futebol da Seleção Brasileira. Ganhou a maioria das provas da Nascar daquela temporada e provou que a aerodinâmica poderia ser mais importante que a simples entrega de força e potência do motor, e deixou a Ford (a principal rival nas competições da época) para trás.
Mas, em 1971, as regras mudaram e barraram os carros alados. Não posso dizer isso, mas eles meio que foram boicotados, porque era fato que poderiam ganhar de novo. E disso também já sabíamos. Mas e depois, o que fizeram com quase 2.500 (500 do Daytona e pouco mais de 1900 do Superbird) unidades dos muscle cars produzidos para o público?
É triste, mas muitos foram desmontados para fornecerem peças a outros - prática que já vimos ser feita aqui no Brasil mesmo por fabricantes em fase inicial, após sua chegada ao mercado. Os outros foram vendidos. Alguns foram desmontados para voltarem a ser Charger e Road Runner convencionais... E outras dúzias ainda foram vendidas a "preço de banana" - cerca de US$ 4 mil naquela época.
Como bem apontou meu parceiro Rodrigo Mora, da coluna Mora nos Clássicos, um trecho retirado do livro "Dodge Daytona and Plymouth Superbird: Design, Development, Production and Competition" ajuda a revelar o destino da maioria desses carros. "Ninguém reconheceu seu valor na época. Demorou a perceberem que o preço dos carros alados dispararia". Ou seja, viraram lata-velha.
É mais ou menos como já dissemos por aqui: o valor de um carro clássico não depende somente de seu estado de conservação, mas também de sua raridade como produto e principalmente de sua história. Dito isso, quando aparecem Daytonas e Firebirds "inteiros", o preço que o dono coloca se tiver interesse na venda é inestimável, dependendo do carro. Por isso que "não existem" mais.
Como dito e sabido por Mora, ainda pode haver dezenas de Daytonas e Firebird nos Estados Unidos, mas só conhecemos até hoje dois Plymouth que vivem no Brasil: um participa de eventos de carros clássicos - como o tradicional encontro de Águas de Lindóia - e outro está em fase de restauração. Quando você pagaria por um desses?